13/02/2018 - traços neossimbolistas e parnasianos em SOZINHO NO MUNDO - OBRA DE SEBASTIÃO BEMFICA MILAGRE. J B PEREIRA

Basta percorrer os sonetos milagreanos da obra SOZINHO NO MUNDO PARA PERCEBER de per si os traços neossimbolistas em DILÚVIO CELESTE E SONHADOR, das páginas 90 e 91.

Observações pertinentes para deduzir essa ensaio literário são:

- vocabulário específico do simbolismo brasileiro;

- insinuações de imagens;

-abordagens temáticas compatíveis com o simbolismo;

- uso formal do soneto como via clássica de transmissão da tradição simbolista.

- recursos linguísticos típicos de Cruz e Souza claridade, obscuridades, cadentes estrelas, pálidos, almas tortas, etc.

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sebastião bemfica milagre: um lírico da modernidade em ... - UFSJ

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22 de mai de 2009 - Palavras-chave: Sebastião Bemfica Milagre, Memória, Modernidade, Arquivos da memória coletiva ...... 23 Da leitura de Paulicéia desvairada e “Noturno”, Milagre compilou “Sozinho na multidão” de O. Viaduto das ...... “Revelação de Deus”, “Dilúvio Celeste”, “Contribuição” em sonetos de. Sozinho na ...

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REFERÊNCIA SEBASTIÃO BEMFICA MILAGRE: MEMÓRIA COLETIVA EM DIVINÓPOLIS PÁGI NA AN O

Sozinho na multidão (1979), Divinópolis. Esse livro datilografado é oferecido à segunda esposa, Maria do Carmo Mendes, Cacau e tem poemas de 1940 e 1970. 1-117 1940 - 1979

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Sozinho na multidão (1979), em tons moralizantes, evidencia a solidão e a melancolia do poeta, que coincidem com o mundo moderno. O poeta publica seus poemas dos anos 1940, consolidando sua posição conservadora em sonetos e poucos poemas de versos livres. A temática remete-nos à tradição clássica. No plano da poesia, se misturam os planos da memória reconstruída agora e o destino transcendentte que ousarmos desejar, sonhar, projetar no fim dos tempos, do nosso tempo presente. A esperança irrompe do olhar do poeta entre o viver e o fim, a morte desejada que chegará finalmente. OBRA DIVISÃO DA OBRA E TEMÁTICA PÁGINA Capa da obra Rosângela Alves Vieira Milagre 13 Sonetoepígrafe da obra: Esperança e fé, 1949. Essas virtudes teologais nos ajudam a suportar o peso da vida e do mundo. 1 Lista de obras e antologias Obras poéticas publicadas pelo autor e antologias 5 Nota explicativa do autor O autor diz serem as mais antigas poesias, antes extraviadas; não consumidas ao fogo. Cem exemplares publicados. 7 Oferta à Maria do Carmo Mendes Oferta à minha esposa Maria do Carmo Mendes Milagre 9 À memória de Ana Álvares da Silva e Antônio Silva Sobrinho Edições ADL – O poeta faz oportunamente um memento aos mortos e a memória dos que passam, em especial, os seus familiares. Aí, nas páginas da obra, o arquivo da memória se torna uma espécie de epifácio e jazigo da familia para a posteridade. 11 Outra epígrafe (bíblica) “No meio de vós está quem vós não conheceis.” (João 1, 26) 13 Advertência O soneto adverte do “grito universal” dos dementes que se tornará terríveis gargalhadas e ironia. 15 O mistério da dor Indaga-se sobre o homem no mundo. (soneto) 17 Tese e antítese Dois sonetos antitéticos: aproximar-se de Deus no bem; negá-lo no mal. 19 Transcendent alismo Depois da tribulação, a ressurreição (soneto). 23 Desesperanç a O homem tudo perde quando deixa de amar e ter fé. 25 Agonia de artista Dedicado a Francisco Gontijo de Azevedo. A arte tem em seu nascedouro a ambiguidade da morte e da vida, do corpo e da alma. (soneto) 27 42 Dualismo A hipocrisia aumenta a dor dos que lutam pela justiça. (soneto) 29 A estátua Poema de versos irrregulares, com poucas rimas. A estátua é a metáfora do homem sem coração, o artista o arquiteta estranhamente. 31 Cego A pior cegueira é a ingratidão e a indiferença. (soneto) 33 Soneto Ao Dr. Simão Salomé de Oliveira (falecido em 2009). O poeta contempla o mal e a condição mortal do homem para afirmar sua última rendição e a superação de tudo além. 35 Inscrição A Otaviano Caldas (soneto). O poeta contempla o nada do poeta da serra, ignorado, triste menestrel que suplica uma prece. 37 In extremis Soneto de março de 1942. O poeta é como a sombra sem rastro, intérprete da dor. 39 Soneto Em 30-5-1942, o poeta a partir de sua experiência de escrivão de polícia civil, consta duas condições do homem: o pobre infeliz que não teve um gesto de amor nesta vida e sucumbiu a um punhal; outro que teve um cruz menos pesada e uma vida tranquila. 41 Naufrágio do poeta Soneto ao jornalista, advogado e político poeta Ataliba Lago, de Além Paraíba, em 1942. Diante das injustiças, o poeta é um náufrado, vive suas crises, arrastado pela dinâmica da vida de asceta como “alma de palhaço e um coração de ferro” diante do cinismo. 43 Soneto Soneto a José Pereira. O poeta ainda insiste na marginalização do homem que busca seguir o bem; a imcompreensão é exilá-lo como um Prometeu... 47 Vocação O soneto mostra a fuga ante a adversidade como rotina e sina, contraposta ao desejo do prazer que arrasta o coração ao mundo inteiro... 49 Ofertório Soneto a Virgem das Dores. O poeta, em tons neobarrocos e neossimbolistas recorre a metáforas extremas do céu e da carne abjeta para oferecer-se com seus ‘crimes pela carne e estuosas paixões nesse degredo estulto, em sua condição maldita de ser homem”, a pura mae dos aflitos. 53 Centelha da Alma A alguém, qual “farol de espírito perfeito e sonho da alma’, que o poeta ama, o mesmo oferece seus versos como “pétalas perfumadas e pombas multicolores.” 55 O domador das ondas A Frei Metelo Greeve, elogiado como “reflexo de Deus”, o poeta metaforiza a boa alma como um “navio audaz” em alto mar, em “luta fragorosa e altiva não vacila mesmo diante da morte”. 57 Epitáfio de Sebastião Bemfica Milagre Em verso rimados em quartetos e dísticos, o poeta Milagre vislumbra o fim da mocidade e sonhos na sepultura; ou reconhece os atos de bondade que vão para além da túmulo. 59 O artista O soneto evidencia que o artista vive a contradição: é a “dor de todas criaturas e chora como a alma de todo mundo”. 61 Deserto Na solidão e no fim dos sonhos do poeta, sente-se “eterno peregrino” (metáfora de Santo Agostinho) e vive, pois, “a mágoa de ser homem’ e deseja “a dor de ser 63 43 divino”. Nihil Spiritualis À maneira de Augusto dos Anjos, o sonetista nos surpreende com meditação transcendental a partir das coisas mortas: o “nada, da vastidão do incognoscível; deseja, abaixo do “sólio constelado, à sombra do fanal voluto das moneras, ouvir a suave melodia ferida nos confins invioláveis da altura, ter o corpo incinerado’... 65 Deserção para o mundo da arte Soneto a Gentil Ursino Vale, de Resende Costa, MG, primeiro presidente da ADL, cronista, contista, sonetista, advogado em Divinópolis. O poeta proclama ‘a estranha paz do poeta” que encantou-se com a morte, viagem aos álamos celestiais qual “torre alvissareira, de amor perfeiro, contra o mundo terrivel e infernal carnificina” que ficou para trás. 67 Dor suprema Soneto de 7-2-942 é a meditação filosófica e metafísica, com elementos simbolistas cronológicos e cromáticos de quem passa pela vida a sofrer a “dor do pensamento’, sabendo-se mortal, vivendo como imortal em um “mundo de risos e sonho de tormento”. 69 Pátria santa Em maio de 1941, o poeta canta “a suavidade das noites formosas de Maria...”, teme contudo avizinhar-se a “Mágoa – irmã gêmea da Tristeza, capaz de “turvar a melodia em lira sacrossanta”. 71 Sombra O tema da mitologia e o lago Letes é a cena das almas espectrais em noites de lua em névoa e pranto sufocante, querem se lembrar de onde e para onde vão quando o mundo repousa de cansaço de seu dia... 73 Heroísmo O soneta atreve a dizer do heroísmo do poeta rejeitado e marginalizado que de viva voz e força grita um protesto ao mundo de venturas e prazeres, sem invejar as adversidades. Para ele, tudo é ilusão! 75 O homem do mal O soneto descreve o desejo de mudança no que pratica a injustiça, pode ser tarde demais... 77 Fantasma O soneto proclama que o diferente na prática do bem se torna um estranho no ninho, visto como “o mais absurdo e tenebroso duende”. 79 Viático Soneto a Edson Pinto Coelho. Diante da provação e na queda, Cristo vem em socorro do coração em anelos de fé. 81 Soneto Diante da fragilidade da justiça humana, o poeta desencantado com o ‘Saara de Abrolhos’, busca o degredo, ao ver a “ambição sem fundo’... 83 Revelaçao de Deus Soneto a J. Batista de Oliveira. A contradição impera do poder, enquanto cabe aos subjulgados a coragem da resistência ao mal e a consciência do bem... 85 Estrelas Soneto a Carlos Alvivo, o Patativa do Centro-oeste mineiro, falecido em 2008. O poeta destaca o brilho dos que incomodam por fazer o bem diante do mundo mesquinho. 87 Dilúvio celeste O soneto exulta uma evasão de almas na terra, dentre eles algumas magoadas pela exílio divino. 89 Sonhador O soneto, simbolicamente, coloca o poeta como uma “lúcida alma” diante da tristeza e obscuridade do “mundo-arena”. 91 44 Paraíso perdido O soneto lamenta o fim do que era agraciado pela sorte, quis consorte indigna e “a presa da carne humana.” Ascenção Soneto a José Coutinho. Parece que o poeta como homem desafia seus limites para uma realização cada vez maior. Há de escolher ser grande como o sol, como homem, contudo está ainda sujeito a falhar, a errar... Talvez é a transcendentalização do homem a superar-se na morte e vencer o mal. 95 Eterização Dois sonetos tem um tom simbolista de tristeza de ser divino mergulhado na mortalidade e ter sonhado com o celestial quinhão dos anjos e da mãe santa, sabendo-se filho da altura e preso nesse nível asltral. 99 Os vendilhões do templo Versos irregulares com rima bem fluida, que adverte a alma, em corpo-templo, a expulsar as tentações e corruções da mente humana, com a oração, coragem, serenidade e o sumo Bem. 101 A ida de Alfa Soneto em que contempla a estrela de sua vida inteira, talvez um amor, uma mulher, feita em anjo em langor, ascendeu entre lira e astros como em “sonho límpido”. 103 Contribuição Poema de versos irregulares e com rimas lamenta que há gente pelo mundo não ativa em paz e capaz de realizar um diferencial: corrigir o próximo em erro, trabalhar pela justiça, mover-lhe não apenas o defeito da vaidade, mas ajudar alguém em verdade. 105 Alma virgem Soneto espiritual de 2-1943 reconhece as boas almas que não se contaminaram com o mal, foram “orquidéa branca em círculo triunfante, flor num claro alado para os braços do mármor(e) do infinito”. 107 Capitulação Poema irregular e rimado, é um dos mais lindos, inclusive publicado em Caça-Palavras de Antonio Lopes, do grupo Barkaça. O poema começa com um dístico e seguidos de duas estrofes de oito versos cada uma, que, numa visão de vida e de morte, o poeta vê toda sorte do mundo: “o tumulto profundo e o vagido infernal, onde os homens estão a matar e a morrer...” 109 Hino à Mentira Soneto, com diálogos com Shakespeare, Dante e Nietzsche que se prolonga em vários tercetos em 3 páginas. Trata-se da prosopopéia, em elaboração simbolista e metafísica, em que a centralidade da Mentira – “flor venenosa”- evidencia uma ironia do poeta como a “macabra noite de incerteza ou negra verdade da trágica existência”, ilude o homem que vê o inferno – “máscara da virtude” - como se fosse o simulacro do bem e do belo. “Na mentira, não existo, sou apenas mentira!” 111-117

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(PEREIRA, 2011, p. 44)

NEOLOGISMOS MILAGREANOS

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“perene/indene, ser-se/ ter-se, minh’alma/calma, baloiçar/mar, impoluto/bruto, corruscante/ causticante, moneras/ esferas, encontrarás/paz, altruísmo/ paraxismo, iluminura/ alvura, protegê-las/estrelas, injusta/locusta, domem/homem, espanejar/luar, bemóis, rouxinóis, fugace/face” em Sozinho na multidão (1979, p. 35, 43,55, 57, 59, 63, 65, 67,79, 81, 93, 95,97, 99, 103)

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(PEREIRA, 2011, p. 105)

DIÁLOGOS INTERTEXTUAIS MILAGREANOS

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. Shakespeare e Nietsche: “Hino à mentira” (à contingência humana) em Sozinho na multidão (1979, p. 113, 115) 4. Dante Alighieri em poemas sobre purgatório e inferno em “Heroísmo”, “O homem do mal” em Sozinho na multidão (1979, p. 75); “O mundo em que vivemos” em O homem e a caixa preta (1982) 5. Edgar Allan Poe – “meu corvo-dia” (The Raven), “efígie de Lilia”, Soneto à moda do meu atual restaurante”, “Canto triacanto para a mansão dos mortos-vivos” em O mundo mundo-outro, v. 1, (1976, p. 46, 47, 51, 55); “Paraíso perdido” Poema a Virgem Maria em Sozinho na multidão (1979, p. 93) e “L”, “À Virgem Mãe” e “Consolação” em Mar, todas as águas te procuram (1962, p. 225, 232 e 234); “Lamento’ sobre a perda precoce da mulher amada (Annabel Lee e Lilia) em O Doador de sangue (1990, p. 121); “Retorno”, “Meu ciclo de barro”, Não sou” (neogoticismo e a cidade como loci horrendus) em O homem agioso (1990, p. 776, 77, 79-80)

Bíblia: gênero parábola: “História de minha mãe” como narrativa benjaminiana em verso; “Riqueza merecida”, Gomos da lua (1963, p. 64) ;Pai Nosso”,Jó no ‘Ato de aceitação” e “O arrependimento”; Jeremias em “Lamento”, “Inédito”; João 1, 26 em epigrafe, “Os vendilhões do templo” Sozinho na Multidão (1979, 13, 101); Mateus 19, 8 no Sidilirismo em O Doador de Sangue (1990, p. 13, 81, 97, 119, 121), “Meu Deus! por que me abandonaste?”, São Paulo Apóstolo em “Não o espinho na carne”, “O vencedor sem vitória’ (Meu Deus, transforme numa pedra qualquer perdida nos ermos” em Procissão da soledade (1990, p. 130, 131); Gênesis 1,26 em “Variações em torno de um tema bíblico” de 1980 em O homem agioso (1986, p. 82); “A vida e sobrevida” em O homem e a caixa preta (1982, p. 23); “Pacto” contra o mundo (i) mundo, “memento dos mortos e dos vivos, 107 geenas” em Lixo atômico (1987, p. 33, 37).

10. Religiosidade/ tradição: sonetos das estações em Via-Sacra (1961); “Agosto- 1960” “versos” a Frei Benvindo Destéfani, “versões” (Da Imitação de Cristo), “Caridade”, “Riqueza merecida”, “Testemunho”, “Mandamento”, “A verdadeira esmola” em Gomos da Lua (1963, p. 62, 84, ); “poema-pedida” (a Nª Srª da Guia), “Último etágio” em O mundo, mundo-outro, v. 1 (1976, p. 53, 59)“Inscrição, In extremis, Ofertório à virgem das Dores, Domador das Ondas, Nihil spiritualis, “Viático”, “Revelação de Deus”, “Dilúvio Celeste”, “Contribuição” em sonetos de Sozinho na multidão (1979, p. 37, 39, 53, 55, 57, 65, 81, 85, 89, 105); “Louvor a vós, ó Cristo”, “Meu sobrado”, “A noite da poesia” (a escada de Jacó, anjas, túnicas seráficas, céu, vates da cidade, santos), “A confiosa busca” em Procissão da soledade (1990, p. 47, 49, 55, 144); “holocusto/missa” em Lixo atômico (1987, p. 37); “é morrendo que se vive para a vida eterna/terna; quem morre já se pertence” em O homem agioso (1990, p. 78)

. Mitologia: “Eis aí a mulher” em O Doador de sangue (1990, p. 91) e o tema das ninfas e no romantismo como mulheres brancas como a sereia; o mito de Ícaro em “Ascensão” em Sozinho na multidão (1990, p. 95)

. Olavo Bilac em “Pátria Santa” (de 1941) em Sozinho na multidão (1979, p. 71); “Signo”, “Divinópolis” em Gomos da lua (1963, p. 63, 69)

. Parnasianismo e Simbolismo: “Sombras”, “Fantasmas”, “Soneto” (os olhos da alma), “Sonhador”, “A ida de Alfa”, “Alma virgem” em Sozinho na multidão (1979, p. 73, 79, 83, 91, 103, 107)

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(MILAGRE, 2011, p. 107)

NEOSSIMBOLISMO EM MILAGRE no soneto DILÚBIO CELESTE. P. 89. Sozinho no mundo. (acrescentei em 13/02/2018)

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Augusto dos Anjos: a melancolia e poemas da cripta e do cemitério em várias obras do poeta e em suas reflexões sobre a morte em vários poemas como: (...) ”Nihil spiritualis” “Dor suprema”, 108 “Capitulação” em Sozinho na multidão (1979, p. 65, 69, 109); “Lixo atômico” (1987, p. 38)

. Cecília Meireles: “Opaco” em Procissão da soledade (1990, p. 138); “Estrelas”, “Eterização” em Sozinho na multidão (1990, p. 87, 97); “o justo” (espelho) em Lixo atômico (1987, p. 26)

Poetas de Minas Gerais, frades franciscanos e escritores de Divinópolis: Carlos Altivo, Gentil U. Vale, Edith Silva, Aparecida Nogueira, Jadir Vilela de Souza, Ataliba Lago, Dom Belchior Joaquim Neto, Dr. Joaquim Coelho Filho (Dr. Quito), Lindolfo Fagundes, Celeste Brandão, Otaviano Caldas, José Maria Campos, Rui Mourão, Ester Lúcia Milagre em Via-Sacra (1961) e Mar, todas as águas te procuram (1962); Augusto de Lima Júnior, Braz Megale, João Vicente Filho, Clemente Medrado, Marcio Machado, Antônio Weber, Viváldi Moreira, João Dornas Filho, João Etienne Filho, Pe. Alfonso Raaes (Vaticano), Bento Ernesto Júnior (Itapecerica) em Gomos da Lua (1963); Lázaro Barreto, Regina Martins, Canavarro Gontijo, Fernando Teixeira em Gritos (1972); Dr. Simão Salómé de Oliveira, Francisco Gontijo de Azevedo, José Coutinho, Edson P. Coelho, Frei Metelo, Dr. Américo Cirilo, José Pereira em Sozinho na multidão (1979); Nilo Maciel, Frei Miguel, Frei Respécio, Frei Metelo Greeve, Dr. Luiz Mourão Ratton, Dr. Geraldo Guimarães, Jeanne Coelho, Eduardo Coelho, Anatônio Botelho, Antônio de Oliveira, Célio Paduani, José Lúcio Alves, Pe. R. Bechelaine, Paulo de Mello Freitas em A Igreja de João XXIII (1986); Heleno Azevedo, em Lixo atômico (1987); GTO, Bax, Adélia, Wellington de Oliveira, Pe. Evaristo, Dom José Belvino, Maria do Carmo Mendes, filhos e netos de Mialgre, Heleno de Azevedo, dieter Grabe, pais de Lilia, José Rodrigues Lopes (irmão Lopes d Irmandade João de Deus), Geraldo Moreira, Raul de Leoni, Mauro 110 Eustáquio Ferreira, Manuel Gonçalves, Augusto Fidelis, Geraldo de Oliveira Freitas (o Didi), José de Arimathéa Mourão em O Doador de Sangue (1990); Aparecío Fernandes em Quartetos de Sopro (1991); José Afrânio Moreira Duarte, Cacau, Pe. Evaristo, Mercemiro Silva em Lixo atômico (1987, p. 43), poemas do Movimento Literário Agora em O mundo, mundo-outro, v. 1, (1976); Prof. Adércio Simões Franco e seu Coral Excélsior em O mundo, mundo-outro, v. 2, (1976, p. 58); Domingos Diniz em O mundo e o terceiro mundo (1981) e em “Quiromancia” de O homem agioso (1986, p. 58)

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(MILAGRE, 2011, p. 110)

“Tendo começado a escrever poesia em 1940, fui editar o primeiro livro vinte anos depois. (...) Passei por todas as tendências literárias, mas nunca me apeguei a nenhuma. (...) Quero encerrar o ciclo das minhas edições nessa área. (...) Assim, dou por encerrada a minha contribuição à poesia divinopolitana. É um modesto legado, mas que foi feito com carinho.” (MILAGRE, 1987, p. 11)

Esses estão como slides dos poemas em Mundo, mundo-outro, no segundo volume (1976), depois alguns foram datilografados em Sozinho na multidão (1979) e outros, mais antigos, os mimeografados serviram para constituir Arquivos – poemas (1987). (PEREIRA, 2011, p. 104)

Sobre as feições da sociedade do espetáculo em Sozinho na multidão (1980),

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(PEREIRA, 2011, p. 39)

Em Almanaque (1985), Milagre aponta a escrita de si como o outro – alter ego – fala em si; ou implica a fala sobre o outro: “Muitas trovas e poesias referem-se a mim, outras, a acontecimentos. Foram resguardados nomes. (...) Desta forma, procurei manter a característica do poeta, que ora fala de si e por si, ora de outrem e por outrem.” (MILAGRE, 1985, p. 5) Com quem Milagre dialoga? Para responder a essa indagação, deparamo-nos com vários poemas, sonetos cujos destinatários são os amigos de Milagre: Ataliba Lago, homenageado com o soneto “Naufrágio de Poesia” (MILAGRE, 1979, p. 43); Gentil 52 Na estrofe 2, Sebastião Milagre escreve os motivos da viagem a Poços de caldas e o acesso à cultura: “Quando a gente está viajando,/ As coisas ficam mais belas,/ Mais cultura se alcançando/ E da alma abrindo às janelas.” (MILAGRE, 1986, p. 32). E, sensível às questões de ecologia, ele afirma na Trova 18: “Rio das Antas, é urgente, despoluir as suas águas...” (1986, p. 36). E observa o verde de Poços de Caldas, assim: “O verde desta cidade/ É um verde sem proporções/ Que às almas dá claridade/ E otimismo aos corações...” (IDEM, 1986, p. 40) 77 Ursino Vale em “Deserção para o Mundo da Arte”, soneto (MILAGRE, 1979, p. 67); o soneto “Estrelas” a Carlos Altivo (MILAGRE, 1979, p. 87); “Paraíso Perdido”. Eles são poemas retirados de Sozinho na multidão (MILAGRE, 1979, p. 93). Por que homenagear amigos com sonetos? Porque, naqueles anos, construir os sonetos e endereçá-los a amigos e a amadas como fato propício e enfático à geração inteira de poetas. Criara-se uma atmosfera cultural de valorização de lírica e círculos de academias de letras para evidenciar os saraus e os poetas eram conclamados à declamação de seus poemas e sonetos ou de outros. Estes participavam de concursos de sonetos entre as academias de letras em todo o país. Havia um status de valorização à poesia camoniana e parnaso-simbolista. Sabe-se que alguns dos modernistas chegaram a cultivar os sonetos como Guilherme de Almeida, Murilo Mendes. E é sabido da fase mística de Vinícius de Moraes, em que compila vários sonetos como o “Soneto da Fidelidade”, também tema da poética milagreana em Gritos (1972) e em outras obras depois. Sozinho na multidão (1979) é como uma parte anterior de Arquivos (Poesias) (1987), ambos com poemas desde os anos 1940. O soneto “O Domador de Ondas” é para Frei Metelo Greeve, antes de ir para São João del-Rei (MILAGRE, 1979, p. 57) e Milagre faz um soneto para o Dr. Simão Salomé de Oliveira em Sozinho na multidão (MILAGRE, 1979, p. 35). Corgozinho (2003) afirma Nas linhas da modernidade que: “O moderno como portador do novo ou contraposição ao antigo (...) demarca uma mudança de mentalidade, no modo de vida cotidiano, na economia e política. Os indivíduos buscam o entendimento de si e d o mundo na modernidade, sem tutelas externas” (CORGOZINHO, 2003, p. 278)

Domingos Diniz, natural de Pirapora, tornou-se amigo de Milagre nos anos 70 e afirmava, na carta de 09/03/2009, em Belo Horizonte: Milagre continua vivo em seus versos e em seus livros, na memória de quantos o leem. Ele brincava com as palavras. (...). Para construir a escultura de sua poesia, antes mergulhava nos encantos dos mistérios semânticos de cada palavra. (...). Era músico também. Tinha grande conhecimento de música erudita. Tocava violão muito bem. Gostava das modinhas, de um bom samba. Nos anos 70, não se falava de “som”. Era eletrola. Íamos com amigos ouvir música em profundo silêncio. A meia luz. Mergulhávamo-nos no profundo mundo da música. Como o da poesia, cheio de mistérios. Terminada a peça musical, cada um emitia comentários. No final, servia-se um cafezinho com biscoito. Agradabilíssima noite de música. (...) Quanto à noite da Poesia, não fui eu o criador. A ideia, me parece, estou certo, foi dele. Coube-me apenas executá-la como presidente da Fundação da Cultura (1988). Graças a Deus, a noite da Poesia está viva até hoje. (DINIZ, 2009, p. 2, meu grifo).

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(PEREIRA, 2011, p. 106)

O importante é Altivo tornar-se reconhecido como um nome que sirva de referência para os estudos de inúmeros escritores os quais ficaram à margem das legitimações. (MOREIRA, 2006, p. 129, meu grifo) Este reconhecimento está na carta de Domingos Diniz, de 09/03/2009, em que afirma: “Milagre continua vivo em seus versos e em seus livros, na memória de quantos o leem. (...) Era músico também. Tocava violão muito bem. (1988).” (DINIZ, 2009, p. 2) Só lendo a sua escritura, debruçando sobre suas crônicas, sentindo sua antologia, seguindo o orador e o lírico das noites de Divinópolis, o tradicional e homem introvertido das letras pode nos descortinar um mundo que suas retinas contemplaram e ficaram registradas na sua produção intelectual no centro-oeste de Minas Gerais. A atualização do poeta se deu entre alegrias, perdas e crises, muita leitura a configurarem o primor de sua produção vária. Entre silêncios, entre gritos, todo escritor quer ser lido e reconhecido por sua nação e seus leitores. Em Sebastião Bemfica Milagre, essa interpelação não é outra, a não ser ainda lido e reconhecido na memória de cujo lugar ainda é cativo. A universalidade é retórica, mas a produção do escritor é comprovadamente local, inexpugnavelmente regional.

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(PEREIRA, 2011, p 89)

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

OBRAS DE SEBASTIÃO MILAGRE

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MILAGRE, Sebastião Bemfica. Almanaque / O Lírico da noite. Divinópolis: Artes Gráf. Santo Antônio, 1985. 81 p.

MILAGRE, Sebastião Bemfica. Arquivos (poesias). Divinópolis: ADL, mimeografado. 1987. 32 p. MILAGRE, Sebastião Bemfica. Comunicado ao futuro. Mímeo inédito, 1989. 3 p. MILAGRE, Sebastião B. O Doador de sangue/Procissão da soledade. Gráfica Sidil, Divinópolis, 1990. 159 p. MILAGRE, Sebastião Bemfica e WEBER, Antônio. Gomos da Lua. Belo Horizonte: 127 Imprensa Oficial de Minas Gerais, 1963. 84 p. MILAGRE, Sebastião B. Gritos. Divinópolis: ADL (Academia Div. de Letras), 1972. MILAGRE, S. Bemfica. O Homem e a caixa preta. Divinópolis: ADL, 1982 58 p. MILAGRE, Sebastião Bemfica. A Igreja de João XXIII. Divinópolis: 1986. 49 p. MILAGRE, Sebastião B. Itinerário dos diferentes: o poema sanfonado. ADL: 1974. MILAGRE, Sebastião B. Lápis de cor. Divinópolis: Artes Gráficas Santo Antônio Ltda., 1986. 66 p. MILAGRE, Sebastião Bemfica. Lixo atômico. Divinópolis, Sidil, 1987.56 p. MILAGRE, Sebastião Bemfica (org.). Mar, todas as águas te procuram: contos, crônicas e poesias. Gráfica Brasil, 1962. 251 p. p. 223-236 MILAGRE, Sebastião B. O mundo, mundo-outro. Divinópolis: 1º vol. Gráfica Santo Antônio Ltda. 1976. 61 p. (Movimento Literário Agora e ADL). MILAGRE, Sebastião B. O mundo, mundo-outro. Divinópolis: 2º vol. Edições ADL. 1976. 61 p. (o retrato de casamento – Tião e Lilia, 1944). MILAGRE, Sebastião Bemfica. O mundo e o terceiro mundo. Divinópolis. Edições ADL, 1981. 33 p. MILAGRE, Sebastião B. O Nome dela é Perpétua. / Quartetos de sopro. Divinópolis: Artes Gráficas Santo Antônio. 1990, p. 32 p; 1991, p. 48 (páginas brancas) e p. 38 (páginas amarelas). MILAGRE, Sebastião Bemfica e WEBER, Antônio. Pão de sal (trovas). Divinópolis: Liv. Frei Orlando, 1966. 65 p. MILAGRE, Sebastião Bemfica. Pastilhas. Divinópolis: Fortil, 1967. p.107. MILAGRE, Sebastião Bemfica. Sozinho na multidão. Divinópolis: ADL. 1979. 117 p. MILAGRE, Sebastião Bemfica e WEBER, Antônio. Tome cuidado, menina (trovas). Divinópolis Livraria Frei Orlando, 1965. MILAGRE, S. Bemfica. 3 EM 1. Divinópolis: Gráfica Santo Antônio. 1985. 6 p. MILAGRE, Sebastião Bemfica. O Viaduto das Almas/O homem agioso. Gráfica Santo Antônio, 1986. 92 p. MILAGRE, Sebastião Bemfica. Via-Sacra. Belo Horizonte: Imprensa Oficial de Minas Gerais, 1960.

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PEREIRA, José João Bosco Pereira. Ao poeta Sebastião Bemfica. In: Jornal Agora, Editorial. Divinópolis: PEMAFA; 23. set. 2004, p. 02, 2004. PEREIRA, José João Bosco Pereira. Diálogo intertextual entre a pulsão lírica de Edgar Allan Poe e Sebastião Bemfica Milagre, orientação da Profª Drª Maria Ângela de Araújo Resende, e a participação no III Congresso de Letras, Artes e Cultura da UFSJ, Universidade Federal de São João Del-Rei, MG: Comunicação, em 23 a 27 de agosto de 2010. PEREIRA, José João Bosco Pereira. Divinópolis se fez poesia (trovas) Divinópolis: mímeo inédito, 2007. 150 p., p. 97 e 98. PEREIRA, José João Bosco Pereira. Modernidade na poética de Sebastião Bemfica Milagre: memória e identidade, orientação da Profª Drª Maria Ângela de Araújo Resende, e participação I Cielli Internacional e III Ciello Nacional na Universidade Estadual de Maringá, Paraná: Comunicação em 16 de junho de 2010. PEREIRA, José João Bosco Pereira. Momentos poéticos. Divinópolis: Editora Sefor, 2006. 63 p. PEREIRA, José João Bosco Pereira. Revisitando a poética de Sebastião Milagre! In.: SILVA, Mercemiro Oliveira (org.). Antologia ADL 2009. ADL, 2009, 94 – 96 p. 131 PEREIRA, José João Bosco Pereira. Sebastião Bemfica Milagre: o poeta divinopolitano à margem da produção literária do eixo Rio de Janeiro – São Paulo. Divinópolis, mímeo não publicado, 22/05/2009. 80 p. PEREIRA, José João Bosco Pereira. Vestígios da parábola nas Histórias de Mãe em Sebastião Bemfica Milagre (1963) e Moacyr Scliar (2006), orientação da Profª Drª Maria Ângela de Araújo Resende, comunicação: 09 de novembro de 2010, em Assis, UNESP, SP. www.assis.unesp.br/sel. In.: Cadernos de resumos e programação. X SEL: Seminário de Estudos literários “Cultura e representação”, 08 e 09 de Nov. de 2010, Programa de Pós-graduação em Letras – Unesp/ Assis/São Paulo. p. 23 e 77.

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Enviado por J B Pereira em 13/02/2018
Reeditado em 13/02/2018
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