E Deus criou as drogas

Admitindo que haja um ser responsável pela ordem do Universo e que tudo o que foi criado por ele tenha um propósito bem definido, cabe perguntar: por que existem as drogas?

Não me refiro simplesmente às que são feitas artificialmente, em laboratório, como resultado de interação química (embora elas também devessem ser previstas por um ser onisciente), mas também às drogas naturais, às drogas que provocam efeitos alucinógenos de forma natural, como o ópio ou a maconha.

Por que Deus teria criado plantas que causam alucinações? Ou este seria um efeito inesperado, não previsto pelo próprio Deus, uma espécie de “bug” na programação? A coisa se torna ainda mais complicada quando falamos na DMT, que embora seja encontrada também na natureza, é sintetizada pelo próprio organismo humano.

Ou seja, esse corpo que é templo do Espírito Santo foi criado com uma droga interna, de efeitos mais espetaculares do que a mais poderosa das drogas artificiais. Essa droga provoca estados de percepção incomuns, e já se sabe que sua produção pelo organismo é aumentada significativamente nos momentos anteriores à morte de uma pessoa.

Isso nos leva a pensar que, se existe uma continuação da vida após a morte, de certo terá a DMT um papel importante a desempenhar, de modo que esses estados alterados de consciência seriam responsáveis pela passagem a uma outra realidade ou dimensão.

Se assim for, as outras drogas, embora não cheguem tão longe, dariam uma pequena mostra do que nos aguarda e comprovariam a existência de “mundos alternativos”, paralelos a esse em que vivemos.

Caso nossa origem seja um desses mundos, que, se quisermos, podemos até chamar de céu, isso explicaria a nossa tendência de buscarmos aquilo que nos provoca sensações e percepções diferentes do usual – seria nada mais que saudade de casa.

A igreja, naturalmente, está longe de considerar a metafísica que possa existir por trás das drogas. Limita-se a combater seus efeitos, que são realmente muito nocivos – mas não explica por que Deus as criou.

Frederico Milkau
Enviado por Frederico Milkau em 28/12/2017
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