Olhos nos olhos

Olhos nos olhos

Há sempre uma disputa sadia no corpo humano, entre os nossos órgãos e membros. Isso nos torna mais fortes.

Temos 02 mãos e certamente há uma competição entre si. Elas podem plantar, colher, escrever, determinar, gesticular, ofender, contar, indicar e até matar.

Temos 02 pernas e também há rivalidade entre elas, pois uma sempre quer estar à frente da outra. Essa rivalidade é o motor, que nos faz seguir em frente, ou para trás, literalmente.

Os dedos, são um caso à parte, pois compartilham de uma união democrática, descentralizada. Vivem juntos, quase sempre a maioria compartilha das mesmas ações e quando isso não acontece, parte deles se recolhem, ora por conveniência ora por conforto. Essa dinâmica vale para os dedos das mãos e também dos pés. No caso dos dedos inferiores (eles sempre ficam chateados com essa alcunha), a união deles me parece até mais forte. Creio, que pela claustrofobia... uma vez, que a liberdade que lhes é ofertada, é apenas um indulto. Em países frios, fica evidente que a liberdade é condicionada à estação do ano.

Os órgãos são uma riqueza de sensações...uns, mais ciumentos, alguns invejosos, gananciosos e outros até avarentos. Veja o coração, por exemplo. Ele acredita que pode determinar a quem podemos amar, ele quer ditar as emoções.... controla a saudade.... O que ele não sabe, é que ele guarda o conteúdo, mas quem processa as informações é o cérebro e esse é pragmático e muitas vezes não gosta e está em desacordo com os métodos aferidos. Causam , ambos, um furdunço danado envolvendo outros órgãos. Há relatos do intestino, que declara haver descontrole por conta das desavenças entre o coração e cérebro. Os pulmões, quase sem fôlego, atestam que o cérebro deveria ter cuidados especiais ao manter a imaginação ativa....

Mas hoje, minha sensibilidade recai sobre os olhos....essa dupla, que trabalha em harmonia. Seu principal concorrente, é a boca. Isso mesmo.

Os olhos são capazes de dizer, o que a boca não tem coragem de falar. A boca fala.... os olhos expõem. Os olhos são a vitrine do nosso coração e o luminoso do nosso cérebro.

De acordo com o escritor Oscar Wilde, quando relata:: - Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila. Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante. A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos. Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo.

Leonardo Boaventura
Enviado por Leonardo Boaventura em 22/12/2017
Reeditado em 23/12/2017
Código do texto: T6205591
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