Ah, meus bordados...
Na infância adorava bola, pipa, construções etc. Gostava também de bonecas, mas elas andavam de caminhão, serviam de goleiras... De vez em quando alguém ... “como é que uma menininha tããããão linda brinca assim, suja os vestidos, blá blá...”
Com 17 anos e prestes a entrar para a faculdade, dançando uma lentinha com um rapaz p-e-r-f-e-i-t-o com quem tomava sorvetes e conversava a uma semana, tive que engolir algo como “como é que a gatinha pode gostar de eng. química e dançar tão gostosinho?”... assim, baixinho no ouvido e mãos nos pescoços, não deu pra digerir até hoje.
Neste domingo, cinco anos e meio de pleno século XXI, estava eu numa livraria folheando minhas eternas manias de Mossad, Conspirações, Michael Moore etc... e um homem conversando comigo, procurando as mesmas coisas... de repente muda a expressão, apimnenta o olhar, propõe cafezinho e lá vem: “não imaginava encontrar nesta secção uma mulher assim!”...
Será que no meu enterro alguém vai sugerir caixão com lacinhos cor-de-rosa??
(Verônica - 2005)