Mundos em um mundo.
Sentado em um banco sombrio de um jardim,
Uma cigarra, solitária, cantava altameira,
Distante, entre as palhagens de uma linda palmeira,
Ao vento, ecoando a sua bela canção!;
No ritmo daquele cantar suave, insistente
Parecendo uma mensagem à um grande amor
Aquele sentimento de saudade, de dor,
Cantando com a alma e o coração.
Era um dia de primavera, em fresca aragem,
No jardim, as flores exalavam os seus perfumes,
Desde as mais silvestres, sem menor queixumes,
Empolgadas, brilhavam febris a natureza,
Envolvidas apenas no luxo de suas quimeras,
Indiferentes a qualquer outros sentimentos,
Sem pensarem que, o céu em seu firmamento,
Ilumina a todos com a sua beleza.
O cantar, é uma prece, um balsamo salutar,
Remédio para muitos males que aflige o coração!..
Feliz quem canta! por amor ou vocação!;
Eleva a alma ao amor fraternal;
O mundo é o nosso palco, nossa escola, nosso mestre;
Cada qual em seu espaço, e maneira de ser;
Quanto a relação e o modo de ver,
depende do espirito, da sua origem sideral.
Óh! Linda cigarra! continue sempre cantando!
O mundo é assim, esse teatro, esse asilo;
De emoções diferentes, no mesmo trilho;
Sem dúvidas, inconscientes de seus paradeiros;
Uns cantando, outros sonhando,longe de despertarem
nesse mar de fantasia, de falsa ilusão,
Onde o egoísmo, esse vorás vilão,
Destrói toda paz e o amor verdadeiro.