Polêmico!
Por: Egídio Garcia Coelho
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Polêmico!
Das tantas falhas que já cometi na atual existência, tenho consciência de que algumas ainda terei que prestar contas e mesmo sabendo que tudo acontece a seu tempo e com um propósito, me envergonho ao recordar certas atitudes.
Tendo eu uma boa performance para falar em público, foram muitas às vezes que me expressei dizendo categoricamente acreditar ou não em alguma coisa.
Porém, na medida que o tempo foi passando e o universo me proporcionando novas oportunidades de conhecimento, passei a perceber que muitas das minhas verdades caíram por terra e com isso sei que nunca mais poderei corrigir algumas afirmações que fiz.
Como praticante da minha religião, enfrentei sérias dificuldades para romper as barreiras dogmáticas e filosóficas que me foram impostas sistematicamente pela tendenciosa doutrina que sofreu também influência da ambição de um imperador (Constantino) que determinou por decreto a alteração de ensinamentos primitivos e autênticos que vinham sendo preservados por comunidades cristãs perseguidas até o início do século IV no ano 313.
Como se não bastasse, em apenas dois séculos depois, mais precisamente no ano 553, ou seja, em meados do século VI, outro imperador (Justiniano) resolve impôr num concílio o fim a reencarnação como se tivesse o poder divino de interferir na roda do samsara (777 existências) para evitar que a família imperial viesse a prestar contas das suas extravagâncias em existências futuras. Surge dentro da nova igreja com pouco mais de duzentos anos que havia sido originada das comunidades cristãs primitivas, já alterada por imposições políticas, uma nova doutrina que se arrasta até hoje trazendo polêmicas e causando sequelas psicológicas a tantas pessoas no mundo inteiro.
Envergonho-me pelas tantas vezes que atrás de um microfone critiquei com veemência aos que discordavam da minha doutrina.
Hoje sei o quanto é fácil manipular a massa humana e me sinto triste pela falsa liberdade que pensamos ter.
É dolorido saber que sempre que batemos no peito defendendo acreditar ou não em alguma coisa, estamos na verdade respondendo aos condicionamentos que nos foram impostos gradativamente por lideranças políticas, religiosas ou heranças culturais equivocadas.
Precisamos parar de nos deixar escravizar por crenças, buscando na história antiga, nos primórdios, algum esclarecimento para tantas perguntas sem respostas e que nos fazem engolir como mistérios divinos.
Devemos nos habituar diariamente a reservar um tempo específico para a meditação, onde podemos buscar dentro de nós mesmos os esclarecimentos que podem vir a derrubar tantos dogmas que congelam nossa maneira de pensar, limitando-nos numa jornada tão curta.
Muitas são as pessoas que se sentem possessas diante de textos como este e defendem seus pontos de vista baseados em informações alheias que sofreram alterações ao longo da história por lideranças ignorantes ou mal intencionadas. Poderiam estas pessoas, antes de ficarem na velha argumentação de que não existem provas evidentes que possam contraria-las, iniciar uma jornada de exercícios capaz de leva-las ao silêncio interior, onde tudo se revela poupando-as de cedo ou tarde, terem que passar por desilusões constrangedoras. Se a verdade habita dentro de cada um, não se faz necessário defender verdades dos outros. E muito menos ter que provar nada a ninguém.
Cada um a seu tempo e segundo seu mérito, pela disciplina nas suas práticas, vai alcançando entendimento e compreensão capaz de permitir a conquista de mais um degrau no seu desenvolvimento espiritual que está bem longe do seu desenvolvimento intelectual.
Um analfabeto, por ter menos necessidade de fazer questionamentos, pode se desenvolver espiritualmente com mais rapidez. Quanto maior for o desenvolvimento intelectual, mais difícil será se permitir à entrega necessária aos exercícios que levam o ser humano ao encontro com sua divindade.
São muitos os fanáticos que se deixam enganar por fantasias mentais criadas por dogmas plantados sistematicamente por instituições religiosas. Por isso, se faz necessário um treinamento persistente e livre de tendências religiosas, principalmente das mais recentes sem raízes filosóficas profundas.
As religiões têm um papel importante na sociedade, religando o ser humano ao divino. Muitos são aqueles que graças a uma religião se reencontraram e hoje são respeitados na sociedade. Só que a doutrina ou o fanatismo pode levar também a uma estagnação do desenvolvimento espiritual, onde o AMOR é ignorado em defesa da sua instituição e/ou crença.
Eu continuo frequentando minha igreja católica, só que não mais me submeto ao que percebo na doutrina, me trazer limitação. Lá dentro permaneço calado e sofro quando minha inspiração me faz ter que escrever algo que acaba por contrariar o que um dia foi meu alicerce. Aprendi dentro dela com devoção e oração, o que hoje me faz discordar da sua doutrina na íntegra. Porém, conhecendo a fragilidade humana, compreendo a necessidade da manutenção da doutrina que sofre pequenas alterações de forma gradativa pelo bem da massa que não suportaria uma radical mudança. Foram erros antigos que só com muito tempo virão a ser corrigidos.
A cada dia que passa venho observando o crescimento de instituições religiosas que surgem, graças a inquietude do ser humano que tenta preencher o vazio causado por falta de respostas, sempre que se aprofunda um pouco nas questões relacionadas a sua origem e/ou existência.
Allan Kardec, deu um grande passo para desmascarar as falsas doutrinas que persistem em querer ignorar a reencarnação. Porém, a exemplo do que aconteceu com Sócrates, Platão e Aristóteles, que foram desenvolvendo e complementando a filosofia ocidental que tanto nos ajuda, deve ter faltado uma continuidade na doutrina espírita ou um melhor entendimento da revelação inspirada por Kardec.
Por ser mal compreendido, muitas são as facções da ciência espírita que se formam sem um embasamento de profundidade espiritual, levando um grande número de pessoas a um pseudodesenvolvimento espiritual sem a necessária administração dos egos (os sete pecados capitais) permitindo que se pense, poder através do intelecto alcançar a iluminação.
É errado pensar que na reencarnação passamos por um ir e vir numa continuidade evolutiva e individual por 777 vezes, já que a cada existência, estaremos a serviço da Mônada que anima a nossa alma e a Ela devemos lealdade. Nossa experiência no acumulo das tendências negativas e positivas durante esta existência, irá determinar nosso potencial para a próxima, no entanto, sempre estaremos cumprindo resgates cármicos determinados pela Mônada (espírito) que avaliando nossa potencialidade, estabelece a missão futura. Importante saber que uma Mônada (Espírito) pode animar simultaneamente de 7 (sete) a 49 (quarenta e nove) almas e por isso, nem sempre os resgates cármicos a que somos submetidos, foram originados por nossas atitudes em existências anteriores. Me coloco a disposição para mais esclarecimentos sobre o tema aqui abordado!
Conhecemos muitas pessoas que nunca experimentaram a quietude da mente e vivem proferindo palestras, fantasiando degraus de evolução utópicos, causando frustrações aos adeptos mais dedicados.
Nosso corpo é um veículo e Templo Sagrado, exclusivo para que nossa alma, animada pelo espírito (Mônada) possa se locomover no mundo físico da terceira dimensão. Portanto, está errado que se deixe invadir, invocando almas que pensam ser, espíritos desencarnados. Mais errado ainda, está a alma desencarnada que faz uso do corpo de alguém (incorpora) para se manifestar. Quando o faz para trazer bons ensinamentos, pode ser a alma de um equivocado sincero que permanece apegado ao mundo físico, deixando de seguir seu destino em outros planos, além de ignorar que está cometendo um ato que contraria as leis divinas. Existem fenômenos como "Chico Xavier" em missão específica, quase sempre, mal compreendida que se pensa poder desenvolver, mas a densidade de um médium despreparado, fatalmente o leva a ter acesso somente às almas que navegam pelo mais baixo (denso) astral!
Quando desencarnamos ainda com vaidade em evidência, corremos o risco de ficar voltando para sentir o prestígio que durante a existência no corpo físico não obtivemos. E na ilusão, passamos a transmitir aqueles bonitos ensinamentos que antes não eram considerados, partindo da nossa manifestação na existência física. E assim, alimentaremos nossos entes/egos famintos, carregados de tendências negativas que seguem agindo pela vida eterna até que se dissipem para possibilitar a almejada iluminação que um dia chegará por mérito.
Quem está lendo até aqui, já pode se considerar um privilegiado. Não por estar eu convencido de que tenha ensinado alguma coisa, mas sim pela sua liberdade de poder partilhar de outros pontos de vista mesmo que divergentes, treinando assim sua mente para partir ou se manter numa incansável busca até que a quietude se instale no seu coração.
Saiba que de tudo na vida, o que vale mesmo é o resultado. E sempre que dentro de nós se manifesta uma revolta, é sinal de que algum ego foi ferido e estamos nos deixando influenciar na ilusão de que é um sentimento nosso. Como disse antes, refiro-me aos egos derivados dos sete pecados capitais (Vale ressaltar que Ego na linguagem iniciática é outra coisa!). Então, antes de acreditarmos em alguém ou em nós mesmos, precisamos avaliar os resultados das reações diante de qualquer contrariedade.
Onde existe AMOR, não existe competição. E sempre que nos sentimos com vontade ou no direito de defender um ponto de vista tendo que contrariar alguém, está caracterizada uma competição. Quem é, já é! E não precisa provar nada a ninguém. A necessidade de provar é uma forma de competir. E dentro da pedagogia que fomos submetidos, sendo praticamente impossível viver sem competir, temos que aprender e começar a mudar nossa forma de encarar a competição.
Precisamos aprender a ver no outro um referencial para que possamos despertar o que de melhor podemos fazer. Assim, sempre que estivermos diante de uma competição, estaremos na verdade com uma oportunidade para dar o melhor de nós e nunca visando unicamente à derrota do outro.
Sempre respeitaremos o outro, mesmo que o outro ainda não tenha alcançado tal entendimento. Quem vive na iluminação, ou seja, no AMOR, sempre que percebe falhas alheias, compreende e perdoa instantaneamente sem precisar fazer uso da razão.
Portanto, se você se julga um(a) iluminado(a), deve provavelmente, estar agora diante de uma grande provação. Se já me perdoou pelo atrevimento de escrever este texto, pode já estar no caminho da iluminação, do contrário, saiba que se os seus dogmas foram feridos e está p... da vida comigo, é um sinal de alerta, além de naturalmente, passar a me ver com outros olhos...
Fpolis, 15/09/2005
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