O futuro não é mais como era antigamente.
Vou revelar-te o que é o medo num punhado de pó.
(Trecho de “Terra Desolada”, de T. S. Eliot.)
Memento homo quia és pulvis et in pulverem reverteris; lembra-te, Homem, que és pó e ao pó retornarás, esta máxima tem a ver com o futuro e o que todos esperam dele. Almejam que o amanhã traga novas chances, ou, pelo menos, a solução para todos os problemas, entretanto, se apenas houvesse amanhã, perder-se-ia de vista o que se tem para resolver hoje, como disse Horácio: Carpe diem quam minimum credula postero (Colha o dia, confia o mínimo no amanhã). Então, como viver?”De olho” na esperança do futuro, ou na responsabilidade do presente? Claro que não há uma resposta definitiva sobre esse assunto e esse texto nem pretende dar uma, mas apenas dissertar sobre esse tema.
Para falar de futuro, primeiramente deve-se definir o que é tempo. O tempo é o regulador da vida, é o período que vai de um acontecimento anterior a um acontecimento posterior, uma mudança contínua ou considerada como contínua, pela qual o presente se torna passado (SANTOS, MF dos. Filosofia e Cosmovisão, p. 66.). O futuro é o intervalo de tempo que se inicia após o presente e não tem um fim definido. Referente a algo que irá acontecer, tempo por ocorrer. Para alguns é uma realidade ontológica; é um espaço virgem por descobrir e compreender plenamente.
Não por acaso, a definição de futuro remete à de esperança que é a expectativa; crença emociona,l na possibilidade de resultados positivos relacionados com eventos no futuro; segundo a bíblia a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que se não vêem (Hebreus 11:1). Também não é por acaso que a fé e esperança estão sempre muito ligadas, pois no fundo, para haver esperança é preciso acreditar que algo vai acontecer e, nesse sentido, o futuro é a época mais favorável para que mudanças aconteçam na vida.
Entretanto, na realidade, o futuro sequer existe, o futuro é, por definição, consequência direta do que ocorre no presente, e este por sua vez é conseqüência direta do passado e assim por diante; foi esse tipo de silogismo que levou a muitos a viver “correndo atrás” do futuro se esquecendo do presente; a acumular o máximo de riqueza agora para “aproveitar depois”. Na pratica não é o que ocorre, a tendência é acumular ainda mais capital, e “no fim das contas” “vida noves fora: zero”.
Por isso, o melhor é aproveitar e viver de modo que no fim, nosso epitáfio não seja como o da música dos Titãs e, principalmente, sabendo que é preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã, porque na verdade não há, e que no fim, tudo é pó, tudo o que somos é só poeira ao vento.