Para ver se são, fui à Esperança
No sábado, dia 8 de Março, fui, pela segunda vez em catorze anos, ao coro-baixo do Mosteiro da Esperança. Fui pedir respostas aos 12 painéis de António de Oliveira Bernardes. Fui à procura de elos entre aqueles 12 painéis e os 50 e poucos fragmentos que recolhi no Mosteiro de Jesus. Perguntava-me se dessa comparação se poderia retirar algo válido acerca do número dos painéis, das molduras, da altura e comprimento das fiadas dos painéis, do número e dos temas tratados nos painéis? Vamos ver.
Vendo e revendo azulejos do período da primeira fase dos historiados, na ilha, nas ilhas, na Madeira e em Portugal Continental, vi que, de uma maneira geral, as histórias dos painéis historiados deste período, ocupam o espaço dos painéis de duas formas: ou ocupam vários espaços do espaço de um único grande painel de moldura única em que as histórias dentro do grande painel se separam por acidentes naturais (caso dos painéis atribuídos a Manuel dos Santos da igreja franciscana de Ponta Delgada de Nossa Senhora da Conceição, hoje paroquial de S. José. Ciclo de vida de São Francisco) ou distribuem-se por pequenos painéis no interior de molduras individuais (caso dos assinados por António de Oliveira Bernardes, no Mosteiro da Esperança, também em Ponta Delgada. Ciclo de vida de Jesus e Maria).
Casos de um único grande painel, observam-se, com maior frequência, em superfícies parietais mais altas: caso das capelas-mor e dos corpos das igrejas; casos de múltiplos pequenos painéis, observam-se, com maior frequência, em superfícies mais baixas: caso dos coros, alto e baixo. Existem, porém, excepções para os dois casos.
Outro pormenor a reter: a sequência narrativa das histórias e a escolha dos temas das histórias do ciclo Mariano e Jesuíno tratados nos painéis deste período (casos da Conceição e da Esperança), parecem seguir um padrão temático e narrativo comum. Terá o Mosteiro de Jesus seguido o mesmo padrão Mariano e Jesuíno? Vamos tentar ver isso no Perfil 21 B?
Mário Moura
19 Março de 2014