Apreciem mais um trecho de A Passagem dos Cometas, pág. 157.
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POETA - (...) Imagina você que certa vez ouvi um sujeito metido a machão dizendo que poesia é coisa de "maricas". Quê atrevimento!
EDITOR - Para estes reacionários, privados de sentimento artístico, a poesia poderia ser escrita em rolo de papel higiênico.
POETA - Não faria diferença para eles, pouco afeitos às artes. Fico pasmo com tamanha ignorância. Temos que admitir, entretanto, que alguém muito conhecido ousou dizer que a poesia não serve para nada. Esse alguém é nada mais, nada menos, que o nosso luculento poeta Manoel de Barros.
EDITOR - Vindo dele, tudo é válido!
POETA - Mas completou: “Só serve para dar néctar.” Concordemos com ele, meu caro. Poesia serve mesmo é para nos deleitar. Mas atrás desta oferta de néctar, capaz de nos inebriar, é bem verdade que o poeta sempre nos dá algo mais; o pólen, o perfume (das flores) e o mel (cuja matéria prima é o próprio néctar). Néctar, a bebida dos deuses! Parafraseando: esses deuses chamados poetas. Oh meu caro! A poesia é feroz! É vida ferida, é flor vertendo néctar, para delírio dos beija-flores! É encanto e magia! A poesia é tudo! Sublime! Etérea! Celestial! Felizes os que a amam, conhecem a sua essência e buscam a sua beleza.
EDITOR - Só mesmo alguém com alma de poeta como você definiria tão bem a poesia.