Inverno na Orla
Úmida e gélida, sombria e ventosa noite de inverno.
O mar agitado que avança até o limite da orla, invade e quebra suas ondas próximo a avenida vazia que se desenha apenas pelos faróis de transeuntes, também solitários que trafegam sem destino.
Do lado de dentro do decadente restaurante, amantes, traidores, indecisos e solitários aguardam seus pedidos, preparados todos na hora, e que de certa forma, junto com os destilados, acabam sendo as únicas fontes de prazer de um momento tão nostálgico.
Conversas místicas e veladas compõe o ambiente. Reflexões sobre um possível fim, um choque cósmico, a extinção, uma restauração planetária se misturam com o discurso de um compromisso moral, ético, cético e por vezes fétido de atitudes, passado e futuro, causas e efeitos.
A ceia se encerra, o retorno se trilha. As lembranças no caminho de volta são como vozes gritantes em cada curva, casa, prédio, árvore e templo. O presente repete o passado que não passa e o futuro já nasce contaminado pelas marcas do que se foi.