crônica do dia escuro
Crônica do dia escuro
Não há sol, olho pela fresta da janela e nada vejo, ainda está escuro, me viro de lado para mais dez minutos de sono, o relógio reticente continua seu grito insuportável, tateando no escuro tento localizá-lo e pôr fim à aquele tormento, longe escuto um galo anunciando em seus domínios que é chegada a hora de todos despertarem, levanto...
Olho no espelho, minhas rugas parecem mais fundas e meus poucos cabelos agora estão mais brancos, cremes, sabonetes espoliantes, tintura no cabelo, creme dental clareador, nada mais adianta, o protetor solar talvez tivesse ajudado, mas nunca usei, lembro do Pedro Bial me dizendo pra usá-lo, mas enfim aqui estou diante do meu eu, sigo o roteiro e uso tudo isso, talvez ainda haja tempo...
Depois do banho uso meu perfume favorito, me arrumo de acordo com o trabalho, me sinto melhor agora, olho meu roteiro de visitas de hoje e traço algumas estratégias de vendas, tenho que comprar produtos pro lava rápido, anoto tudo em minha agenda, está tudo organizado, vou pegar meu filho e deixá-lo na escola, preciso acompanhar mais de perto seu desempenho escolar...
Uma última olhada no espelho, meu coração ainda dói, olho na janela o sol está nascendo e o dia claro se anuncia, será um dia quente de inverno...
Aqui dentro o sol ainda ira brilhar.