A GRANDEZA DE BENTO XVI
Muita grandeza a desse Papa, Bento XVI!
Não se expôs aos olhos de seus seguidores como um ser humano abatido pelos anos, que só pode causar agonia, desespero e pena a seus fieis. Um pastor apto a conduzir suas ovelhas a bom termo, até que suas forças o permitam chegar bem e suas ovelhas recolhidas ao lugar seguro e, como sempre, de cabeça baixa.
Um ser humano fragilizado pela velhice, no fim de seus dias na terra, não deve, em sã consciência, impingir aos seus fieis esse momento único na vida em que precisamos estar a sós, Não é preciso mostrar aos seus súditos todas as mazelas embutidas na velhice. Precisamos de um líder forte, um pastor de almas a conduzir por inteiro o seu rebanho.
As mudanças no mundo precisam ser acompanhadas por um líder em plena força física e espiritual é o que a Igreja necessita neste momento de mudanças estruturais em todas as esferas do poder no mundo...
A Igreja está, no momento, passando por uma fase de necessárias avaliações do contexto de poder. Haja vista o crescimento da população muçulmana no mundo, acrescido de muita violência. A Igreja Católica está perdendo fieis e terá que rever seus dogmas. Terá que se posicionar perante os eventos que ora ocorrem e os que, com certeza, ocorrerão ainda em pouco tempo.
A Igreja não pode se ausentar diante das ocorrências de fundo religioso no mundo todo. A Igreja possui um poder incomensurável e necessita, no momento, usar esse poder para influenciar nas mudanças que se fazem necessárias nos poderes laicos e religiosos. Não se admite que a entidade de maior poder temporal e de recursos financeiros do mundo cristão fique à margem das revoluções que estão ocorrendo no mundo moderno. A Igreja não pode ficar à margem das reivindicações a novos conceitos. A Igreja tem que sair da Idade Média e adentrar o mundo moderno de João XXIII. Precisa dar continuidade aos avanços ocorridos no campo religioso, sair do casulo confortável dos dogmas confirmados de 1.700 anos atrás (Consílio de Niceia, 325). Avanços que já foram testados ao longo dos tempos e que de nada serviram para determinadas épocas e que no momento estão a carecer de reformas.
Espero que o novo Papa, o qual será escolhido em conclave de cardeais, todos eles com muita experiência e sabedoria, não seja tão jovem para que não tome decisões inadequadas e incoerentes com seu posto, e nem tão idoso para que as possa tomar com a devida sabedoria.
O momento está a pedir decisões rápidas e com o máximo de acerto. Não é o momento de por a culpa em Deus pelos desacertos - "Deus assim o quer" - e continuar na plataforma confortável do Vaticano, insuflando o ego da maioria participante de decisões. O mundo está a pedir maior participação do poder papal. O mundo não pode mais conviver com os ranços de um poder tão grande e tão egocêntrico. O mundo está a pedir participação de todos os poderes e de todos os Deuses. Se esse mundo em hoje vivemos desaparecer da face da terra, podem crer, tudo o que hoje e valorizado na ocasião não valerá o pó dos nossos sapatos e nem da “sandália do pescador”.
Está na hora da Igreja resgatar as dívidas do passado e sair de cima do muro, como fez em outras oportunidades, quando foi chamada a cooperar com seu poder, mas não o fez. Ficou assistindo encastelada a um povo ser dizimado por professar outra crença.
Tempos difíceis estes! Tempos de avaliação dos erros cometidos em passado recente.
Parabéns, Sua Santidade o Papa Bento XVI pelo altruísmo, desprendimento e dignidade... Aproveitou o seu tempo de papado para crescer como pessoa intelectual, mas não disse a que veio. Mas provou do doce veneno que é o poder. Mas, nada mudou em seu papado. Perdeu uma grande oportunidade. Agora, basta! Passe a outro o cetro de São Pedro!
É um sábio, esse Papa! Sábio e conservador! É difícil a um todo poderoso abrir mão do poder. Mesmo que esteja caindo aos pedaços, o poderoso vai até o fim. Castiga-se, mortifica-se, se escalpela, mas segue adiante. Haja vista a comoção causada pela morte do Papa Paulo VI, de triste fim, nos fiéis católicos do mundo todo. Mas ele foi enterrado com toda a pompa e circunstância! Foi um espetáculo cinematográfico. Nem Spilberg projetaria cenas como as vividas e assistidas por milhões de pessoas do mundo cristão.
Papa ou não Papa, a velhice é uma etapa da vida que não precisa de compaixão. Precisa, sim, de compreensão e cuidados! Não precisa causar pena, frisson, histeria e catarse coletivas. É uma pretensão querer causar sentimentos de endeusamento, possível beatificação, porque ficou velho e decrépito. Esta é uma realidade humana. Quem tiver sorte de chegar até lá, sinta-se compensado. Porque a vida é dura! A vida é assim: uma longa estrada entrecortada, aqui e ali, por pequenos desvios de felicidade. Uma vida toda de sofrimento por alguns segundos de felicidade! Essa é a vida dos simples mortais e dos nem tanto também.
A velhice é uma etapa da vida a ser mais valorizada. Mas, entenda, é uma etapa de fim de ilusões, fim de trabalho. Se você chegar aos 85 anos, ainda de bem com a vida, sinta-se um privilegiado. Ajude seus descendentes a tomar decisões acertadas. Use o tempo restante, se tiver condições físicas para tanto, para passar aos novos ocupantes de seu espaço na terra um punhado de seus conhecimentos e de sua vivência (se eles pedirem). Leve-os a dar continuidade e a trilhar caminhos já trilhados, para não desgastar suas almas, mas inovar seus conceitos, e abrir novos caminhos na estrada da cristandade.
Espero que Suas Eminências, os Cardeais, homens preparados intelectualmente, uns sábios, ouçam a voz do Espírito Santo, de verdade, sem demagogia, e elejam um entre eles que venha a trazer renovações no mundo católico. Espero, mas não acredito! O ser humano é vaidoso, e o poder corrompe-o!
Fé, Esperança e Caridade! Um dos tripés dogmáticos da Igreja. É só o que nos resta possuir.
Esturato/02/2013