Não eram de ninguém
Quando crianças se gostaram.
Ainda jovens, se amaram.
Eram lindos, e se fizeram adultos,
Nos olhos o brilho era amor.
Um dia se permitiram, e sob mesmo céu
Juraram amor eterno.
Quando enfim as tempestades vieram, tornaram-se fortes.
De raízes profundas, e unidas sobre fortes vendavais,
Suportaram toda ruína.
Amadureceram, e como todos aqueles que trazem em si
experiências, foram sendo levados pelo tempo.
As cicatrizes deixaram marcas, e as experiências vida.
Dos dias vividos, não eram mais as dores do mundo.
Da vida, não mais surpresas e insatisfações.
Da rotina, não mais a autoafirmação.
Da idade, não mais as imperfeições, nem rugas e paciência.
Do amor não mais a cobrança, nem tanto obediência, juramento.
Da fidelidade, não mais escravidão, nem impotência.
Da razão ,liberdade, e cumplicidade.
Do amor, liberdade.
Do amor, vida, sinceridade.
Do amor, não á maldade.
Não viveria uma história, não fosse persistência.
Não encontrariam resultados se não houvesse a intenção de se permitirem.
Nas linhas da vida uma historia.
Em suas vidas um romance.
Não teriam se conhecido, se não houvessem se permitido.
Não se suportariam se não se permitissem.
E tinham plena consciência que viveram, apenas viveram.
Quando um dia a cobrança chegou trouxe o fim.
Quando, porém o ciúme, foi destruidor, destruiu,
Quando o abandono surgiu, as portas se abriram.
Quando a falta de perdão dominou, a verdade deixou de existir.
Quando o amor esfriou, o sangue se permitiu aquecer em outros braços.
Quando em fim descobriram que era altamente suficiente cada qual em seu universo,
Tiveram que se olhar e mais uma vez se permitir,cada qual em seu universo.
Mas o que aconteceu com todo aquele entusiasmo?
Onde estava todo aquele encanto?
Por onde foi parar todo aquele carinho?
E quem roubou o coração cheio de amor de quem?
Tudo isso porque um dia se permitiram.
E assim uma vida de amor teve início.
E assim uma vida de universos distantes se fez claro.
O calor dos braços e a chama dos amores, também vivenciaram novos
Contextos e universos.
Afinal eles estavam maduros.
Apenas sabiam que ninguém é de ninguém.
Quando um dia acordaram em suas camas separadas, e se deram conta
que decidiram que seria melhor.
Que o carrinho da feira era mais pesado quando levado a sós.
Que no carro a musica não mais fazia sentido ouvir.
Que reuniões de família não tinham mais aquele sabor especial.
Que os universos agora eram livres, sem parada obrigatória.
Os corpos se desejavam, as opiniões se confrontavam.
Os desabafos se contradiziam, assim como criticas.
Não eram mais, quem um dia permitiu, nem mais quem um dia os uniu.
Agora estavam lapidados, e o que restava era se auto- aprovar.
E quando isso aconteceu, uma guerra estava declarada.
Eles começaram uma nova batalha.
Eles se permitiram, guerrilheiros.
Eles travaram outro combate.
Eles não eram de ninguém.