Intelecto humano
Duas áreas existem que me fascinam, a ciência e a matemática. A ciência é para mim a segunda mais brilhante construção do intelecto humano. A ciência é por si só bela e magistral. Magistral não pelo que cria, pois a ciência nada cria, a ciência nada constrói além do próprio conhecimento daquilo que já existe. A ciência, não obstante a imagem equivocada de muitos, daqueles que ignoram o que é fazer ciência, não cria absolutamente nada de novo, ela é uma ação metodológica que trabalha no campo da descoberta. A ciência busca, aprende, modela, descobre, desvenda e encontra, ela está sempre aderente a realidade do que já esta por aqui, a ciência constrói conhecimentos, ela busca verdades, ela busca não somente a superficialidade dos fenômenos, mais busca a realidade por detrás dos fenômenos, ela busca desvendar e esclarecer os mecanismos envolvidos que dão sustentação real ao que já é, ela se compromete com modelar o todo, busca representar mais que os fatos em si, busca identificar e confirmar as engrenagens aparentemente escondidas no subsolo dos fenômenos. Eu pessoalmente amo demais a ciência, simplesmente porque amo o conhecimento e a verdade, no geral prefiro uma verdade dolorosa a uma mentira feliz, com a verdade e o conhecimento saio sempre mais forte e mais preparado para o aqui e o agora. Infelizmente muitos ignoram o que é realmente fazer ciência, a verdadeira ciência e a confundem com pseudociência ou mera estatística, misticismo ou com desejo de provar o que de antemão creio e que gostaria de que verdade fosse. Um cientista não é um inventor, não que não possa ser criativo o suficiente para além de buscar ciência também poder criar algo, mas enquanto cientista ele faz ciência, busca verdades e constrói conhecimentos, e enquanto inventor ele faz tecnologia, ele constrói algo de material ou de social.
Falei daquilo que entendo como segunda força do intelecto humano, assim, para desespero dos físicos, biólogos, neurocientistas, astrônomos e em geral de todos os cientistas, sou obrigado a assumir que entendo como a maior e mais brilhante investida do intelecto humano a matemática, a matemática pura. A matemática é neutra por definição. Diferente de muitos, entendo claramente a matemática como algo de brilhante e não científico. Como disse anteriormente a ciência nada inventa ou cria, já a matemática nada descobre, por mais que uma ilusão idealista me induza a perceber que a matemática, frente ao seu brilhantismo, já exista algures, e os matemáticos a descubram, ela nasce de mito trabalho, estudo, doação, transpiração e alguma intuição. Para mim, a matemática é mais brilhante do que a ciência em si pois sendo neutra, pois é ferramental precípuo da ciência, sendo que uma mesma peça matemática pode ser aplicada a várias disciplinas científicas. A mesma, a exata mesma álgebra linear, a mesma solução diferencial pode ser aplicada a biologia, a física, a mecânica, a sociologia e a economia entre inúmeras outras. A matemática é um ato de criação intelectual. Não cabe perguntar a um matemático se aquela peça matemática, aquele elemento matemático seja verdadeiro, a matemática não busca a verdade, busca por formalismo uma abstração que se aplica a muitos ramos. A um matemático cabe a pergunta se aquela peça matemática é sim correta, se apoia na solução de outras áreas matemáticas. A matemática não busca o real, ele se torna ferramenta do real quando aderente a eventos reais. É a aplicação da matemática a modelos reais que incorpora carne real a abstração crua da matemática. Por isto a matemática não é ciência, mas para mim está assim mesmo acima da própria ciência. Respeito os cientistas, mas praticamente me curvo e venero os bons e verdadeiros matemáticos.
Cabe apenas ressaltar que acima do intelecto humano ainda persiste a nossa humanidade, ou o pouco que resta de nossa diferencial humano, e assim ainda entendo o amor como o constructo mais importante, e no meus caso em especial entendo serem os meus filhos a razão maior para minha atual existência, mesmo que passageira.