MAÇONARIA- A ESSÊNCIA DA UNIÃO FRATERNAL
“Oh! quão bom e quão suave, é viverem os irmãos em união. É como um azeite precioso derramado sobre a barba, a barba de Aarão, que desce sobre a orla do seu vestido.” Salmo 132
É tão bom que os irmãos estejam unidos.
Isso é como orvalho do Monte Hermon,
Que desce sobre a negra barba de Aarão
E molha a orla dos seus santos vestidos.
Assim é que a fraternidade é consagrada,
Na paz que nasce da maravilhosa união,
Na alegria duma egrégora compartilhada,
Onde a verdadeira argamassa é o coração.
Dessa forma consolidamos a fraternidade.
E a sociedade vai conservando seu valor,
Na igualdade que é o alicerce da liberdade.
Pois a moeda da nossa pátria é a verdade,
O indissolúvel laço que nos une é o amor,
O amor que nasce da verdadeira amizade.
A união fraternal
Por que será que os maçons escolheram o salmo 133 (ou 132 na versão católica) para abrir a Loja Simbólica dos Aprendizes? Será somente por que ele consagra a união fraternal, que a maçonaria prega como essência da sua prática e virtude fundamental do seu catecismo, ou haveria outros ensinamentos iniciáticos por trás desse curioso simbolismo?
Nós acreditamos que sim. A abertura das seções da Loja de Aprendizes com esse belo poema salmódico visa, em primeiro plano, consagrar o princípio da união entre os espíritos congregados em Loja. Essa união proporciona a formação da necessária “egrégora” que capta a energia do grupo ali reunido e a dirige para a obtenção do resultado desejado.
O Salmo 133 (ou 132) pode ser entendido como sendo um mantra que elicia energias poderosas. Ele se fundamenta no poder dos pelos do corpo como elemento captador e irradiador de energia. Por isso o “o óleo precioso (óleo ritual) é derramado no alto da cabeça e escorre pela barba, molhando toda a orla das vestes sacerdotais.” Dessa forma, na figura do sacerdote, todo o grupo que ele representa é ungido.
Esse salmo se fundamenta num simbolismo arcano de profunda significação nas doutrinas esotéricas desenvolvidas pelos antigos povos. Haja vista que em todas as antigas civilizações, havia uma especial referência pelo cultivo de uma barba, pois ela era, na crença desses povos, o símbolo da majestade e do poder que a energia cósmica conferia ás pessoas significativas dessas antigas sociedades. Daí sempre encontrarmos entre os reis, sacerdotes e pessoas de poder, indivíduos com barbas cultivadas com tal arte, que só podemos pensar numa obrigação ritualística a justificar tais cuidados. Essa característica é notável principalmente entre os reis orientais( na Índia e Mesopotâmea principalmente), onde os reis e seus homens de poder, na política e na religião, ostentavam barbas fartas e bem cuidadas. Ela é notada também nos velhos patriarcas e juízes bíblicos, onde a barba e o cabelo eram símbolos de poder e majestade. O caso de Sansão e dos nazarenos (pessoas consagradas a Deus desde o nascimento) foi uma típica aplicação desse simbolismo.
Até os reis egípcios, cuja estrutura biológica e ambiente climático não lhe favorecia com uma fartura de pelos no corpo, sempre apareciam, nas solenidades públicas e nas celebrações ritualísticas, com uma barba falsa, na forma de um cavanhaque de madeira, que fazia parte da sua indumentária ritual.
A barba de Aarão
Para os israelitas esse simbolismo fazia parte da sua tradição. Nas crônicas bíblicas do Êxodo e do Deuteronômio, lemos que Moisés consagrou o Tabernáculo na forma como o Grande Arquiteto do Universo lhe havia ordenado, santificando depois a Aarão, espargindo sobre a sua cabeça o óleo precioso que escorreu para suas barbas e molhou as orlas do seu vestido. Assim, na sagração do Tabernáculo e na unção do seu Sumo Sacerdote, consumou-se a união que doravante deveria existir entre Jeová e seu povo, união essa que seria sacramentada toda vez que o povo eleito se reunisse em Assembléia. Era, pois a instituição da Loja que ali estava sendo feito, consubstanciada na Aliança que então se consumava entre os israelitas e seu Deus, aliança que, mais que política, religiosa e social, era fundamentalmente simbólica e iniciática.
Na mística de Israel o barbudo Aarão, o levita, era o protótipo do sacerdote ideal no qual se consumava esse simbolismo. Além de ser o primogênito da família de Anrin, o levita, ele tinha a figura exata do patriarca no qual o Deus de Abraão depositaria a liderança espiritual do seu povo. Isso porque, na tradição daquele povo, o seu Sumo Sacerdote era o elemento unificador entre as realidades do céu e da terra e representava o próprio canal por onde a energia de Deus era canalizada para a terra e distribuída ao povo. Por isso, somente ao Sumo Sacerdote era permitido entrar no espaço reservado ao Santo dos Santos, ou seja, o altar onde a própria energia do Criador estava concentrada, dentro da Arca da Aliança. É nesse sentido que muitos escritores de orientação esotérica dizem que a Arca da Aliança se assemelhava a uma pilha atômica, que conteria uma energia semelhante ao chamado Bósson de Higgs, ou “partícula de Deus”, que segundo os cientistas seria a primeira e fundamental manifestação energética da energia criadora que deu origem ao universo[1]
Todas essas informações justificam o fato de Deus, ao invés de consagrar o próprio Moisés como Sumo Sacerdote, ter preferido investir a Aarão nesse cargo, conservando para Moisés a liderança jurídica e política.
Interpretação cabalística
A Barba de Aarão é um simbolismo muito importante na tradição iniciática do povo de Israel. Esse simbolismo é demonstrado de forma muito significativa nos ensinamentos da Cabala. De acordo com essa tradição, tanto o universo, que representa o corpo do Demiurgo, o seu Arquiteto Construtor, ou seja o Macrocosmo, quanto o corpo humano, que representa o microcosmo, (o homem) são uma projeção física e psicológica das manifestações do seu Criador. Nesse sentido, cada parte do universo, cada dimensão, cada fluxo energético, cada lei natural, enfim, tudo que nele existe como realidade fenomênica é uma manifestação da energia criadora que se espalha pelo vazio cósmico na forma de uma árvore. Essa árvore, chamada Árvore da Vida, ou Árvore Sefirótica, é um desenho do próprio universo, que na sua conformação estrutural é semelhante ao organismo humano com todas suas funções.
Dessa forma, cada membro, cada órgão, cada osso, cada pelo existente no corpo humano cumpre uma importante função na Árvore da Vida do homem, da mesma forma que cada elemento químico também cumpre função fundamental na composição do universo físico.
Na visão cabalista a barba é vista como sendo o influxo que nasce na primeira Séfora e percorre toda a Árvore da Vida unificando a totalidade das realidades existentes no universo. Assim, essa palavra, em hebraico, (Hachad) significa unidade, e por aplicação da técnica da gematria, o seu correspondente numérico é igual a 13. A=1, CH=8, d=4. Esses valores, segundo o Sepher A Zhoar, correspondem às partes da barba do Macroprosopo, o Andrógino Superior ou Vasto Semblante, como a Cabala chama essa representação simbólica da primeira manifestação de Deus no mundo das realidades manifestas. Essa manifestação, por reflexo, gera o Microprosopo, que é a representação do Andrógino Inferior, cuja proporção numérica e geométrica (o homem vitruviano) deu origem ao modelo do homem da terra. Essa visão cabalística do processo energético que está na origem do universo material e do mundo das coisas vivas, também é aproveitada nas teses dos antroposofistas e nas doutrinas teosóficas defendidas por Helena P Blavatsky e seus discípulos.[2]
Assim, o Salmo 132, ou 133, na verdade, é um simbolismo que está centrado em um segredo arcano de extraordinário significado. A Maçonaria, ao adotá-lo na abertura de suas Lojas não está apenas contemplando a idéia da Fraternidade pura e simples, mas realizando o objetivo cósmico de integração total de todas as suas emanações. Trata-se, na verdade, de um mantra poderoso, uma âncora fundamental para o eliciamento da energia cósmica necessária para a formação da egrégora maçônica, como já foi dito.
Assim, terminamos este estudo com a transcrição desse Salmo, desejando a todos os Irmãos a alegria da concórdia fraterna e a unificação total de toda a sua energia, concentrando-a em virtuosa sinergia, própria para a realização de todos os seus desejos, lembrando que quando os propósitos são bons o universo sempre conspira em nosso favor.
“Oh! Quão bom e quão suave, é viverem os irmãos em união! É como um azeite precioso derramado sobre a cabeça, que desce sobre a barba, a barba de Aarão, e sobre a orla dos seus vestidos. É como o orvalho do Hermon, que desce sobre o Monte Sião. Porque o Senhor derrama ali a sua benção, a vida para sempre.”
“Oh! quão bom e quão suave, é viverem os irmãos em união. É como um azeite precioso derramado sobre a barba, a barba de Aarão, que desce sobre a orla do seu vestido.” Salmo 132
É tão bom que os irmãos estejam unidos.
Isso é como orvalho do Monte Hermon,
Que desce sobre a negra barba de Aarão
E molha a orla dos seus santos vestidos.
Assim é que a fraternidade é consagrada,
Na paz que nasce da maravilhosa união,
Na alegria duma egrégora compartilhada,
Onde a verdadeira argamassa é o coração.
Dessa forma consolidamos a fraternidade.
E a sociedade vai conservando seu valor,
Na igualdade que é o alicerce da liberdade.
Pois a moeda da nossa pátria é a verdade,
O indissolúvel laço que nos une é o amor,
O amor que nasce da verdadeira amizade.
A união fraternal
Por que será que os maçons escolheram o salmo 133 (ou 132 na versão católica) para abrir a Loja Simbólica dos Aprendizes? Será somente por que ele consagra a união fraternal, que a maçonaria prega como essência da sua prática e virtude fundamental do seu catecismo, ou haveria outros ensinamentos iniciáticos por trás desse curioso simbolismo?
Nós acreditamos que sim. A abertura das seções da Loja de Aprendizes com esse belo poema salmódico visa, em primeiro plano, consagrar o princípio da união entre os espíritos congregados em Loja. Essa união proporciona a formação da necessária “egrégora” que capta a energia do grupo ali reunido e a dirige para a obtenção do resultado desejado.
O Salmo 133 (ou 132) pode ser entendido como sendo um mantra que elicia energias poderosas. Ele se fundamenta no poder dos pelos do corpo como elemento captador e irradiador de energia. Por isso o “o óleo precioso (óleo ritual) é derramado no alto da cabeça e escorre pela barba, molhando toda a orla das vestes sacerdotais.” Dessa forma, na figura do sacerdote, todo o grupo que ele representa é ungido.
Esse salmo se fundamenta num simbolismo arcano de profunda significação nas doutrinas esotéricas desenvolvidas pelos antigos povos. Haja vista que em todas as antigas civilizações, havia uma especial referência pelo cultivo de uma barba, pois ela era, na crença desses povos, o símbolo da majestade e do poder que a energia cósmica conferia ás pessoas significativas dessas antigas sociedades. Daí sempre encontrarmos entre os reis, sacerdotes e pessoas de poder, indivíduos com barbas cultivadas com tal arte, que só podemos pensar numa obrigação ritualística a justificar tais cuidados. Essa característica é notável principalmente entre os reis orientais( na Índia e Mesopotâmea principalmente), onde os reis e seus homens de poder, na política e na religião, ostentavam barbas fartas e bem cuidadas. Ela é notada também nos velhos patriarcas e juízes bíblicos, onde a barba e o cabelo eram símbolos de poder e majestade. O caso de Sansão e dos nazarenos (pessoas consagradas a Deus desde o nascimento) foi uma típica aplicação desse simbolismo.
Até os reis egípcios, cuja estrutura biológica e ambiente climático não lhe favorecia com uma fartura de pelos no corpo, sempre apareciam, nas solenidades públicas e nas celebrações ritualísticas, com uma barba falsa, na forma de um cavanhaque de madeira, que fazia parte da sua indumentária ritual.
A barba de Aarão
Para os israelitas esse simbolismo fazia parte da sua tradição. Nas crônicas bíblicas do Êxodo e do Deuteronômio, lemos que Moisés consagrou o Tabernáculo na forma como o Grande Arquiteto do Universo lhe havia ordenado, santificando depois a Aarão, espargindo sobre a sua cabeça o óleo precioso que escorreu para suas barbas e molhou as orlas do seu vestido. Assim, na sagração do Tabernáculo e na unção do seu Sumo Sacerdote, consumou-se a união que doravante deveria existir entre Jeová e seu povo, união essa que seria sacramentada toda vez que o povo eleito se reunisse em Assembléia. Era, pois a instituição da Loja que ali estava sendo feito, consubstanciada na Aliança que então se consumava entre os israelitas e seu Deus, aliança que, mais que política, religiosa e social, era fundamentalmente simbólica e iniciática.
Na mística de Israel o barbudo Aarão, o levita, era o protótipo do sacerdote ideal no qual se consumava esse simbolismo. Além de ser o primogênito da família de Anrin, o levita, ele tinha a figura exata do patriarca no qual o Deus de Abraão depositaria a liderança espiritual do seu povo. Isso porque, na tradição daquele povo, o seu Sumo Sacerdote era o elemento unificador entre as realidades do céu e da terra e representava o próprio canal por onde a energia de Deus era canalizada para a terra e distribuída ao povo. Por isso, somente ao Sumo Sacerdote era permitido entrar no espaço reservado ao Santo dos Santos, ou seja, o altar onde a própria energia do Criador estava concentrada, dentro da Arca da Aliança. É nesse sentido que muitos escritores de orientação esotérica dizem que a Arca da Aliança se assemelhava a uma pilha atômica, que conteria uma energia semelhante ao chamado Bósson de Higgs, ou “partícula de Deus”, que segundo os cientistas seria a primeira e fundamental manifestação energética da energia criadora que deu origem ao universo[1]
Todas essas informações justificam o fato de Deus, ao invés de consagrar o próprio Moisés como Sumo Sacerdote, ter preferido investir a Aarão nesse cargo, conservando para Moisés a liderança jurídica e política.
Interpretação cabalística
A Barba de Aarão é um simbolismo muito importante na tradição iniciática do povo de Israel. Esse simbolismo é demonstrado de forma muito significativa nos ensinamentos da Cabala. De acordo com essa tradição, tanto o universo, que representa o corpo do Demiurgo, o seu Arquiteto Construtor, ou seja o Macrocosmo, quanto o corpo humano, que representa o microcosmo, (o homem) são uma projeção física e psicológica das manifestações do seu Criador. Nesse sentido, cada parte do universo, cada dimensão, cada fluxo energético, cada lei natural, enfim, tudo que nele existe como realidade fenomênica é uma manifestação da energia criadora que se espalha pelo vazio cósmico na forma de uma árvore. Essa árvore, chamada Árvore da Vida, ou Árvore Sefirótica, é um desenho do próprio universo, que na sua conformação estrutural é semelhante ao organismo humano com todas suas funções.
Dessa forma, cada membro, cada órgão, cada osso, cada pelo existente no corpo humano cumpre uma importante função na Árvore da Vida do homem, da mesma forma que cada elemento químico também cumpre função fundamental na composição do universo físico.
Na visão cabalista a barba é vista como sendo o influxo que nasce na primeira Séfora e percorre toda a Árvore da Vida unificando a totalidade das realidades existentes no universo. Assim, essa palavra, em hebraico, (Hachad) significa unidade, e por aplicação da técnica da gematria, o seu correspondente numérico é igual a 13. A=1, CH=8, d=4. Esses valores, segundo o Sepher A Zhoar, correspondem às partes da barba do Macroprosopo, o Andrógino Superior ou Vasto Semblante, como a Cabala chama essa representação simbólica da primeira manifestação de Deus no mundo das realidades manifestas. Essa manifestação, por reflexo, gera o Microprosopo, que é a representação do Andrógino Inferior, cuja proporção numérica e geométrica (o homem vitruviano) deu origem ao modelo do homem da terra. Essa visão cabalística do processo energético que está na origem do universo material e do mundo das coisas vivas, também é aproveitada nas teses dos antroposofistas e nas doutrinas teosóficas defendidas por Helena P Blavatsky e seus discípulos.[2]
Assim, o Salmo 132, ou 133, na verdade, é um simbolismo que está centrado em um segredo arcano de extraordinário significado. A Maçonaria, ao adotá-lo na abertura de suas Lojas não está apenas contemplando a idéia da Fraternidade pura e simples, mas realizando o objetivo cósmico de integração total de todas as suas emanações. Trata-se, na verdade, de um mantra poderoso, uma âncora fundamental para o eliciamento da energia cósmica necessária para a formação da egrégora maçônica, como já foi dito.
Assim, terminamos este estudo com a transcrição desse Salmo, desejando a todos os Irmãos a alegria da concórdia fraterna e a unificação total de toda a sua energia, concentrando-a em virtuosa sinergia, própria para a realização de todos os seus desejos, lembrando que quando os propósitos são bons o universo sempre conspira em nosso favor.
“Oh! Quão bom e quão suave, é viverem os irmãos em união! É como um azeite precioso derramado sobre a cabeça, que desce sobre a barba, a barba de Aarão, e sobre a orla dos seus vestidos. É como o orvalho do Hermon, que desce sobre o Monte Sião. Porque o Senhor derrama ali a sua benção, a vida para sempre.”
[1] Cf. Pawels e Bergier- O Despertar dos Mágicos Ed. Bertrand Russem, 1986, e Daniken, Erich Von- Eram os Deuses Astronautas? Ed. Melhoramentos, 1968.
[2] Helena P. Blavatsky- Síntese da Doutrina Secreta- Ed. Pensamento, 1995. A Antroposofia, do grego "conhecimento do ser humano", é uma doutrina desenvolvida no início do século XX pelo austríaco Rudolf Steiner, que estuda o universo físico e vida que ele abriga a partir de uma perspectiva toda espiritual.