mais um dia?
A alma grita sem palavras, chora sem lágrimas, morre sem sintomas.
A dor marca o fim da extensão excruciante? Ou a extensão excruciante marca o fim doloroso?
Assinalo no rosto os limites desumanos da angústia. Vivo sobrepujando a contestação da alma que nada quer mais. O coração clama por socorro, não aguenta mais bater oco. Nada pulsa, senão a circulação das lamúrias e queixas que habitualmente visitavam, hoje, inquilinas.
E aquele futuro de bom agouro, auspicioso e promissor, hoje caminha infundindo medo e covardia. Os olhos apagados de pânico, os pulmões emboscando mais um dia, suspirando pelo fim dele, nos dedos as batidas do coração de trás para frente, no olfato cortante a busca pelo acaso, no paladar o palato azedo da experiência.
É obrigação da alma sobreviver? Preceito divino? Formalidade minha? Somos coagidos a ver a própria deterioração mediante aflições dia a dia. A vida é luta até a morte. É batalha constante. Os mais fortes e merecedores, ali fazem história, os abatidos são suplantados pelas mais diversas formas de cessação definitiva, definhamento.
Não rogo por um CONTO DE FADAS, não preciso de tanto. Queria apenas um sofrimento mais apaziguado, que fosse mais adornado em flores.