ensaio sobre a madrugada
Um gesto. Vários. Um toque. Vários. Uma palavra. Várias. Várias. Várias. Assim foi a madrugada. Repleta de gestos, de toques, de palavras. Todos alheios. Alheios a ele. Alheios à situação em si. Engraçado como as pessoas são. Ele, ali, tinha percebido que as pessoas são modeláveis. Sim. Modeláveis, maleáveis, volúveis. Adequam-se à situação. Seja por educação, seja para se incluírem, seja para serem aceitas. Todos somos maleáveis. Porém, além da maleabilidade, ele notou indiferença. Indiferença dói. E doeu. Quando vira aqueles gestos, aqueles toques, aqueles dizeres, percebeu que as pessoas não se importam. É óbvio que as pessoas não devem se importar. Mas ali ele achava que seria diferente. Contou quantas vezes ele mesmo tinha se importado, tinha evitado, tinha escondido. Tudo com o intuito de proteger, de guardar. Pode ter sido ilusão, pode ter sido impressão, mas seus olhos enxergaram o descaso. Doeu. Incomodou. Magoou. Ele me disse que agora quer distância. Quer colocar as coisas no lugar. Quer se tratar. Quer melhorar. Quer voltar a ser o que era. O quanto levar para um novo romance encontrar, será pra ele realmente merecer. Por ora, ele só quer o simples. Sossego.