A matança de 6.600 vidas por minuto.
Uma nota na Veja publicada há algum tempo informou que a JBS abate 9,5 milhões de frangos por dia, o que dá um total de 6.600 por minuto.
Número estupendo.
Dá pra imaginar a estrutura, os equipamentos, a tecnologia e tudo o mais que se faz necessário para ceifar a vida destas aves que, de fato, só vêm ao mundo para saciar os estômagos de milhões de pessoas.
Esquece-se, suponho, que são vidas, que têm sentimentos, que sentem dor e que também teriam o "direito" de crescerem, envelhecerem e morrerem como nós.
Esquece-se, suponho, que lhes arrancam o direito de decidir qual caminho gostariam de percorrer durante suas vidas.
São meros objetos de consumo, a exemplo dos derivados de plástico, de petróleo, de alumínio e por aí vai.
Atender a demanda por alimentos da raça humana é uma hegemonia soberana, enterrou-se há muito tempo a culpa pela matança desenfreada de animais que são criaturas de Deus tanto quanto nós, alcunhados de humanos.
Não cabe aqui fazer apologia do vegetarianismo e nem, tampouco, peitar as regras que regem a sociedade de consumo atual.
Também não tenho a pretensão de colocar em cheque a forma como estes animais indefesos são abatidos, numa franca demonstração de descaso com relação à vida que irá transformar-se numa carne fria, inerte e anônima para meramente preencher as prateleiras dos frigoríficos.
O que assusta é o gigantismo da dimensão das 6.600 aves assassinadas por minuto.
A minha cabeça leiga, ingênua e um tanto revoltada não consegue enquadrar em qualquer recanto do meu imaginário o volume de penas, de cabeças, de peito, de coxas, de miúdos, enfim, o destino que se seguirá ao abate destas pequenas criaturas.
Criaturas com seus sonhos, encantos e beleza únicas, atributos que são amotinados nesta linha de produção incansável, na qual só vigora o lucro como remanescente daquilo que, certo dia, nos imantou com sopros divinos, para ocuparmos o nosso pedaço de chão neste planeta.
Que, a cada minuto, fica 6.600 vezes mais vazio, mais triste e mais lamentável.
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