Há muita preocupação com o que entra pela boca: proteínas, vitaminas, calorias, quem é vegetariano, quem opta por carne...
Há, no entanto, pouca preocupação com o que sai da boca.
Palavras podem ser construtoras, podem ser transformadoras e geradoras de alicerces de vida, estruturas de pessoas e de personalidades estáveis.
Palavras, porém, também podem ser nefastas.
O verbo proferido na arrogância, na inveja, na maldade e investido de todo o fel devastador, pode ceifar futuros e criar monstros disformes no que poderia ter sido uma pessoa plena.
O verbo destruidor, é sem sombra de dúvidas, uma das armas mais letais da natureza humana. Travestido muitas vezes de "boa intenção" ou de "brincadeira" pode ser usado sem escrúpulos e imputavelmente por qualquer um, a qualquer tempo e em qualquer idade.
A palavra mal dita e maldita não tem volta. Uma vez proferida, atinge seu alvo e causa estragos para toda uma existência.
Aquele que faz da boca e das palavras uma espada de corte afiado e segue no mundo ceifando sonhos, planos, estima, valores e vidas, é antes de tudo um infeliz. Reza a regra, que o mais sábio deve ter compreensão e paciência e no ápice da evolução, perdoar criaturas tão frágeis, porém tão vis.
Fica, no entanto, o questionamento: até quando a compreensão e o perdão são de fato, recebidos como tais e a partir de quando passam a ser entendidos como incentivos tácitos para as agruras destes corvos verbais?
Na hipocrisia de quem bombardeia o vizinho, o próximo e o mundo, tenho que concordar: se preocupar com o que entra pela boca é infinitamente mais cômodo do que com o que sai dela. Fato!
Afinal, ser ignorante é "quase" ser feliz, mesmo que o exercício para o teatro da ignorância seja uma batalha de todos os dias.
Aos algozes do verbo destruidor reza também a regra da reação: que a colheita seja farta e valha a praga. Duvido!
O verbo destruidor em qualquer instância, é mortal.