OS ANOS CINQUENTA

O DITADOR DEMOCRATA
Os anos cinqüenta foi uma das décadas mais turbulentas da História do Brasil. O país tinha alcançado a redemocratização em 1946, mas em 1950 elegeria novamente Getúlio Vargas para a Presidência da República, graças principalmente à sua aliança com Adhemar de Barros, que uniu em torno dele todas as forças trabalhistas do país.
Getúlio agora mudara sua política. De ditador para democrata, tornou-se um presidente populista, criando uma extensa legislação social e trabalhista que ainda hoje continua sendo mantida. A campanha “O petróleo é nosso”, ganhava destaque na mídia e na preocupação do país; Nas Lojas maçônicas o debate em torno das idéias nacionalistas também se dava. Muitos Irmãos posicionam-se a favor da nacionalização da exploração do petróleo, dando coro a principalmente á voz do grande Irmão Monteiro Lobato, principal arauto dessa idéia.
O nacionalismo tomava conta das ruas e as empresas estrangeiras começavam a encontrar dificuldades para se instalar ou operar no país “Brasil, paraíso da exploração das multinacionais” era um discurso ouvido nas ruas e em todos os palanques. Nas Lojas maçônicas não era diferente. Éramos um país recentemente saído de uma guerra, onde alguns milhares de brasileiros, muitos mogianos, inclusive, haviam dado suas vidas em prol da democracia e da liberdade.  

O maçom Samuel Wainer

Os primeiros anos da década de cinqüenta não foram de maneira nenhuma tranqüilos. A par da intensa campanha nacionalista que varria o pais, era a organização das classes trabalhadoras, que o próprio Getúlio patrocinara, que causava os maiores rebuliços no campo da política. Em fins de 1953, a famosa marcha da “Panela Vazia”, mobilizaria mais de 500.000 pessoas em todo o território nacional, principalmente mulheres, as quais saíram às ruas batendo panelas, protestando contra a inflação galopante e a falta de gêneros alimentícios.
Greves pipocavam por todo o país. O medo de que uma nova ditadura estivesse sendo tramada no Catete logo ganhou as ruas e incendiou os quartéis. Disso se aproveitaram políticos como o maçom Jânio Quadros, por exemplo, que iniciaria uma meteórica carreira, a qual culminaria com sua eleição a presidente em 1960 e sua renúncia logo depois. 
Em 1953 Getúlio nomeou João Goulart Ministro do Trabalho, com a missão de estancar a crise que grassava junto à classe trabalhadora. As medidas tomadas por Goulart acirraram os ânimos do patronato brasileiro, que se mobilizou contra o governo, atraindo o grosso de uma nova classe militar que estava começando a ocupar os principais postos de comando. O temor de um novo golpe varguista, desta vez impondo ao país uma república sindicalista, tomava conta da nação. O jornalista (maçom) Samuel Wainer fundava o Jornal Última Hora, único órgão da mídia que ficou com Vargas até o fim.
Carlos Lacerda torna-se o arauto da oposição; o atentado sofrido por ele na Rua dos Toneleiros, no Rio de Janeiro, em 5 de agosto de 1954, que matou o major Florentino Vaz sepultou de vez o governo Vargas, pois descobriu-se logo que havia sido coordenado pelo próprio chefe de segurança de Getúlio.
Dias de muita tensão passou o país até o suicídio de Vargas, em 24 de agosto daquele ano. Prós e contras Getúlio se digladiavam em toda parte. Nas Lojas maçônicas discursos a favor de um lado e outro.
Após a morte de Getúlio assume a presidência o seu vice João Café Filho, que alguns autores alegam ter sido maçom, embora isso até hoje não tenha sido objeto de prova. Malgrado toda a ebulição política que se seguiu à morte de Getúlio, Café Filho conseguiu conduzir o país até a próxima eleição, em que foi eleito o então governador mineiro Juscelino Kubtschek.
 
A posse de JK, garantida pelas Forças Armadas, acalmou um pouco os ânimos, embora o presidente tenha tido, nos primeiros tempos do seu mandato, que lidar com várias conspirações que tinham em vista apeá-lo do poder. Sua política desenvolvimentista e sua capacidade de composição, entretanto, acabaram por vencer os adversários e criar um clima de tranqüilidade e euforia que possibilitou um grande surto de desenvolvimento econômico no pais.
JK incrementou a industrialização do país, trazendo para cá a indústria automobilística. Multiplicaram-se as fábricas e principalmente o ramo metalúrgico obteve um considerável avanço. Uma classe média emergente, constituída principalmente entre os profissionais da indústria e do comércio começava a buscar espaço na política.
A atitude de JK, de transferir a capital do pais do Rio de Janeiro para o planalto central, gerou um novo pólo de desenvolvimento no país. Começava a marcha para o oeste, com a construção de Brasília. O Brasil deixava de ser um país de população predominantemente litorânea e começava efetivamente a ocupar os grandes espaços vazios do interior.
Brasilia foi um acontecimento decisivo para o desenvolvimento econômico, político e social do Brasil. Mas para fazer isso JK endividou de tal maneira o país, que iria inviabilizar os próximos governos, o de Jânio Quadros e João Goulart, preparando o caminho para a ditadura.  

Irmão Henrique Peres, prefeito municipal,

MOGI NOS ANOS CINQÜENTA
 
São Paulo, em meados dos anos cinqüenta crescia em todas as direções. Os trens de subúrbio, agora eletrificados, conectavam as populações dos bairros mais distantes com o centro da capital, fazendo com que a cada dia, novos bairros “dormitórios” fossem sendo construídos ao longo dos trilhos das estradas de ferro Central do Brasil. Essa ferrovia, servindo as populações da Zona Leste, fez nascer os bairros de Itaquera, Guianazes, Arthur Alvim, Vila Matilde e outros. Esticou o núcleo urbano para leste, até chegar à Mogi das Cruzes, última estação do trem de subúrbio. Em razão disso, cresceu vertiginosamente a população do município, fazendo de Mogi o mais populoso da região.
São Paulo era a cidade que mais crescia no mundo, apregoavam, com orgulho, os paulistanos. 21.000 fábricas empregam, em 1953, mais de quinhentos mil operários, fazendo da capital paulista o maior centro industrial da América Latina. Em 1954, ela ultrapassa, em população o Rio de Janeiro e se torna a cidade mais populosa do país. Ela tem, na ocasião do seu quarto centenário, 2.700.000 habitantes.
Começa também a mudar de cara. Bairros tipicamente italianos, como Brás e Mooca se tornam verdadeiras “cidades nordestinas”.        
     Segundo censo realizado em 1950, o município de Mogi das Cruzes tinha, na época 62.220 habitantes. Com esse numero de moradores, passou a ser o município mais populoso da região norte do estado de São Paulo, ultrapassando Taubaté, que até então detinha essa láurea. Ganha importância como cidade progressista e fala-se, pela primeira vez, na construção de um aeroporto no município. O local escolhido é o distrito de Jundiapéba, nos chamados campos de Santo Ângelo, próximo ao hospital dos hansenianos, hoje Hospital Dr. Arnaldo Pezzuti Cavalcanti. Na sede do município residiam 31.782 pessoas. O restante habitava na zona rural, que contabilizava 8506 propriedades agrícolas, sendo já nessa época considerado como o maior centro produtor de hortaliças do estado. Contribuiu para isso a vinda de muitos japoneses, que se estabeleceram em chácaras nos arredores de Mogi das Cruzes e passaram a produzir hortaliças.

Franz Steiner

O prefeito de Mogi das Cruzes, no início dos anos cinqüenta, é o Dr. Epaminondas Freire. Carlos Alberto Lopes, Francisco Ferreira Lopes e Joaquim Pereira de Carvalho completam a lista de prefeitos que chefiaram o executivo mogiano nos cinco primeiros anos da década de cinqüenta. Em 1956 assume a prefeitura o maçom Henrique Peres. Em 1957 passou o cargo para Aldo Raso que ocupou a Prefeitura até o final de 1959, quando o transmitiu para o novo prefeito eleito o maçom Rodolfo Jungers.
 
A LOJA NOS ANOS CINQÜENTA

O Ir.’.  Gumercindo Coelho dirigiu a Loja nos três primeiros anos da década de cinqüenta. Depois voltaria a ser V.’. M.’. no biênio 1954/55. Os anais da ACIMC, mostram que esse Irmão também tinha uma expressiva atuação na diretoria daquela entidade, da mesma forma que atuaria também na Maçonaria, presidindo a Loja por muito tempo e em várias oportunidades. Com ele pontificam os irmãos Salim Bacach, Anésio Urbano e Amilcar de Melo, que aparecem como diretores da ACIMC nesse período.
Nos anos cinqüenta foram V.’. M.’.   da Loja União e Caridade IV os seguintes Irmãos: Gumercindo Coelho (50/51/52) José de Souza Boigi (52/53; 53/54); OsvaldoHerzer (55/56) Eolo Éboli (56/57; 57/58/); Ângelo Pereira Passos (58/59); Franz Steiner (59/60).
 
     O acontecimento mais marcante do primeiro qüinqüênio dos anos cinqüenta foi a construção do Templo da Loja no terreno da Rua Ipiranga. Em 1957 foi concluída a construção na Venerança do Irmão Eolo Eboli.
 
No biênio 58/59, a administração da Loja foi encabeçada pelo Venerável Angelo Pereira Passos, cuja diretoria era composta pelos irmãos Moacir Mello( 1º Vigilante); Arnaldo Heizer(2º Vigilante); Pedro Diamante(Orador); Gastão Salles (Secretário).
Em 28 de junho de 1958, O Venerável Ângelo Pereira Passos passa o Primeiro Malhete para o irmão Franz Steiner, cuja diretoria foi composta pelos seguintes irmãos: Euclides Bauer Barbosa(1º Vigilante); José de Souza Boigi (2º Vigilante); Frederico Benatti(Orador); Inocêncio de Carvalho (Secretário); Amilcar de Mello (Tesoureiro); Chanceler ( Ismael Alves dos Santos).
     Fazem ainda parte do quadro da Loja os irmãos Aniz Resek, José Colela, José Maria Santana, Marcos Schwartzman, Hélio Cardoso Chagas, Osmar Marinho Couto, Américo F. Miglioto, Mario Romero, Albano Rodrigues, Mario Cerqueira Junior, Osvaldo Herzer, Mauricio Kaufman, José Moluia, João da Silva Bastos, Aniz Tanis Resek, Sebastião Hardt, Adelino Ramos Santos; Nelson Moura, Sebastião Hardt, Antonio Gonçalves. Wladimir Flaquer, Joaquim de Almeida Monteiro, Osvaldo Guimarães, Bertoldo Lei, Lair Ary Marcatto, Manoel Simões Correia, José Maria Pereira, Nilson Moura Marins, Olympio Guilherme Filho, Giorgio Gurgetti, João Afondo Neto, João Crespo Ramirez, Roberto Elias Xidiech, Benedito Nery de Oliveira, José Mathias Franco, Hélio Chagas, Yolando Finch, Ponciano Alves Cardoso.
 A Loja recebe doação do terreno ao lado para a construção de uma escola primária.. [1]
 
  
 
 
 
 

Templo da Rua Ipiranga
 
 
 
 
 
 
 
 
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RESUMO DOS ANOS CINQUENTA- LIVRO CEM ANOS DE MAÇONARIA, A SER LANÇADO PELA LOJA MAÇÔNICA UNIÃO E CARIDADE IV-MOGI DAS CRUZES NO ANIVERSÁRIO DO SEU CENTENÁRIO. QUALQUER CRÍTICA OU INFORMAÇÃO SOBRE ESSE PERÍODO OU SOBRE AS PESSOAS ACIMA CITADAS PODERÁ SER POSTADA NESE SIE ou ENVIADA PARA O email jjnatal@gmailcom.  
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 


[1] Atas dos anos cinqüenta. Informações coletadas pelo Ir.’.
João Anatalino
Enviado por João Anatalino em 09/04/2012
Código do texto: T3601924
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