Naufrago

Sinto- me naufrago dos meus próprios sentimentos. Como se a dor tivesse roubado todo o viço e alegria que um dia existiu em mim.

Sinto os músculos da face repuxarrm e ao olhar para o espelho;percebo uma nova ruga naquele lugar. Quando estou triste; sinto essa energia emanar pelo alto de minha cabeça e vejo que no lugar, surgem os cabelos brancos.

É como se a tristeza tivesse me tornado refém. Sou refém de mim mesma, dos meus medos, da minha insegurança, da minha incapacidade de ousar, da minha incompetência em me colocar em primeiro lugar. Neste vazio; sinto uma dor que dilacera e faz sangrar o coração.

Todos os dias pela manhã busco pensar no melhor; em como existem coisas tão belas na minha vida e neste momento me sinto culpada por estar tão triste. Por ver os meus olhos sem vida em direção ao nada. Como se existisse uma nuvem negra e densa pra onde eu olho.

E isso vai se infiltrando em tudo; na minha relação como mãe, na minha relação como esposa; na minha relação como amiga.

Me sinto cansada e meu interior grita por liberdade. Liberdade para viver um pouco mais de prazer no meu dia-a-dia.

Como fazer? Como ser feliz e aceitar o que a vida me dá? Quanto de resignação e resilência são necessários?

Pergunto a Deus todos os dias, como uma serva insolente, pra onde ele quer me levar.

Só não canso da vida; porque quem me ama não tem nada a ver com isso, não tenho direito de fazê-los sofrer.

Preciso ter calma comigo; aceitar meus limites e sei que já passei deles a muito tempo.

Como um alérgico; não afasto aquilo que me faz mal e assim; vivo em constante alergia. Caindo e me reerguendo, construindo e desconstruindo; num grande mar de oscilações emocionais, quanta energia desperdiçada.

Me pergunto será que a única forma de ser feliz é decepcionar os que amo?

Não tenho coragem de pagar esse preço, pois me sentiria culpada todos os dias.

Então; vivo entre dois mundos: a dor do desprazer diário, longe de quem eu sou e a dor do tentar; mas correr o risco de machucar as pessoas mais importantes da minha vida. Entre machucar alguém; decido por ferir a mim mesma.

Todos os dias, todas as manhãs, com a mais nobre esperança de que ainda assim; algum dia aprenderei a ser feliz, aprenderei a ver o meu mundo de uma outra forma. Aprendendo a ser feliz mesmo com grandes renúncias.

E você? Sabe as respostas? Porque hoje eu só tenho asperguntas.

Autora: Rachel Serrat