Sobre a dor
Dor... ah a dor! Nada a se dizer daquilo que, de fato, nos mata, mas que quando não morremos, nos tornamos mais fortes. Era exatamente isso que você planejava para hoje? Sentir dor? Eu não, nem para ontem, muito menos para amanhã. Mas é fato. Todos sentem, todos clamam, todos reclamam e eu também. A dor não me foge, ela não sossega, não me deixa em paz. A angústia e a incerteza vão juntas. “Viver é sofrer”, já dizia o ditado. E não hesito em concordar: é verdade. Mas não é só isso, e todos sabem disso. Se não soubessem, não continuariam tentando. Levantando e sacudindo a poeira. Seríamos todos infelizes, suicidas.
Hoje, agora, não penso diferente; continuo achando a vida uma grande e interminável merda. Mas eu estou nela. Como se eu fosse uma vida em um jogo on line, mas sem continue. Sabe, eu reclamo demais das coisas à minha volta, reclamo mesmo. Muitos sabem disso, mas isso não é o mais importante. Para falar a verdade, nem eu sei o que é mais importante. Não acho que seja uma única coisa, eu penso numa lista infindável de coisas a se fazer que são importantes do que reclamar. Mas como?, o que?, onde?, não sou eu que vou responder. Até porque o que serve para mim não serviria para uma outra pessoa da mesma forma que me serviu.
É engraçado escrever sobre isso e tentar ser otimista. Realmente não estou me sentindo assim. E não vai adiantar também eu ficar reclamando. Isso eu estou cansado de saber. Tenho me controlado muito nas reclamações, embora vez em quando eu ainda deslize bastante. Não dá para evitar, sendo quem eu sou; uma alma bem no comecinho da minha evolução. E esse texto não é uma obra literária, não é um texto filosófico, não é nada. É apenas a minha vontade de expressar o que eu sinto. Escrevo como um ser que sente. Um ser que também passa por momentos de dor (são inúmeras vezes). Não é para sentir dó, não é para ficar triste por mim. Esse é o meu desabafo para mim mesmo. Se você está lendo, é porque eu não consigo escrever e esconder o que eu penso. Tenho a necessidade narcisista de ser lido. Desculpem, mas até escrever faz parte da dor.
Olha, eu recebo muitos conselhos e dou muitos também. Mas não dá para ninguém viver por mim e eu também não posso viver por ninguém. A vida, por pior que seja, é a nossa oportunidade de aprender algo. E a gente sempre aprende. De um jeito ou de outro. Uns demoram mais do que os outros. Uns se dedicam mais do que os outros. E a vida continua do mesmo jeito. Não dá para evitar. Eu tropeço muito, eu admito, mas eu tenho que tropeçar, é importante para mim. Sei que existem caminhos menos tortuosos, e eu tento encontrá-los, mas se estou nesse é por algum motivo. Muita gente sofre por não saber o que fazer quando se encontra perdida em dor e sofrimento. Muita gente acha que morrer é a única solução. Não vou mais criticar quem toma esse rumo, quem sou eu afinal, mas o meu caminho é diferente. Morrer para mim significa perder sem ter tentado ganhar antes do jogo terminar. Eu ao menos sei o que eu preciso fazer para tirar a dor de mim (e saber nesse caso não significa necessariamente fazer). Eu vejo tanta gente que sequer sabe o que fazer, pior; tem gente que nem sequer sabe que está sofrendo, mesmo sentindo todos os sintomas.
Uns dias para trás (ontem), eu disse que não ter sentimentos seria uma boa solução para dor. Mas não sentir, significa sequer ser alegre também (obrigado pela visão, Brenda). E eu não quero viver sem poder ser alegre de vez em quando. Vale o sacrifício? Eu acho que vale. Ao menos é o que eu venho fazendo desde o sempre.
Outra coisa que me fez sentir dor, foi ter escolhido gostar de alguém e sofrer por isso. Sabe, mesmo depois de toda a dor, de toda incerteza, de toda insegurança e toda merda que a mente me faz pensar; eu posso até concluir que, de certa forma, eu sofro feliz. Muito feliz. Antes, eu sofria por não gostar de ninguém, por não ter sentimentos verdadeiros por alguém. Hoje, agora, mesmo não sabendo se tudo isso não passa de uma criação da minha mente (obrigado Ivana, pelo esclarecimento), mesmo assim, eu ainda prefiro sentir essa dor, do que a dor do vazio (que também é outra coisa pela qual todos nós passamos). “Amar é sofrer” ou “o amor é uma dor”; é, de fato. Dói amar e ser amado. Dói muito. Brigas, desentendimentos, ciúmes, desespero, ansiedade... mas vale? Para mim vale muito. Cada dorzinha de um amor é uma enorme fonte de compreensão. Se você quer fazer dessa dor a sua lápide, a escolha é sua. Eu prefiro transformar toda essa dor em aprendizado. Mesmo que eu enfie a cara no muro por diversas e incansáveis vezes, eu ainda prefiro aprender assim do que me entregar ao sofrimento única e exclusivamente. Aqui, agora, está doendo, mas está me fortalecendo. Me ensinando. Nada é para sempre, nem mesmo a dor...
Acho que o principal de tudo isso, de toda essa dor, é o fato de sermos todos capazes de senti-la ou não. Isso eu aprendi na prática. Eu sou tudo aquilo que eu quero sentir e ser. Os grandes mestres falam isso e, mesmo ainda sendo um idiota que sofre, tenho que concordar com eles. Todos eles. Ontem eu passei a madrugada explicando aquilo que eu “acho” que eu sei para um amigo (Bruno, esse é você), mas o que eu mais percebia enquanto tentava esclarecer a mente dele é que eu é quem estava sendo esclarecido. Não gostaria de continuar perdendo essa “sobriedade” de fatos acerca da vida. Entendo, porém, que minha compreensão da vida é um mísero pó vagando no universo. Mas eu pude perceber que não estou totalmente errado. Consegui enxergar que, por mais impossível que pareça, a dor pode ser vencida pela sua vontade. Fato inegável é a capacidade de conseguir ser alegre mesmo estando triste. Isso tudo acontece por um simples pensamento.
Não gostaria de ser condenado à fogueira por causa desse texto, mas sei que muita gente discorda de absolutamente tudo o que está escrito aqui. Mas como eu disse, esse texto é para mim mesmo. Para que eu possa relê-lo todas as vezes que eu me perder e, assim como você que duvida da sua própria vontade, para quando eu estiver perdido nas peças que a minha própria mente estiver pregando, para que eu possa me encontrar. Me achar no meio da tempestade de emoções e sentimentos que acontece, como festa, dentro da minha cabeça.
Como disse ontem, a mente é a que mais me fode, mas quando eu aprender a domá-la, vou poder cavalgar nela para lugares muito mais distantes. Não existem limites para o pensamento, ele pode salvá-lo de todas as crises, e é esse mesmo pensamento que pode também matá-lo. Você tem a força, basta saber usá-la a seu próprio favor ou contra você mesmo. E vou encerrando esse texto muito mais animado do que quando eu comecei, a uns trinta minutos atrás. E chegando até aqui, já posso entender um pouquinho mais do que eu posso fazer ou não só com o meu pensamento.
Minhas últimas palavras não serão as minhas, serão as palavras de um professor de um aluno que eu tive há muito tempo atrás, que dizia sempre para ele: “Somente os tolos aprendem com a dor”. Concordo! Eu só vou completar que, mesmo que eu seja um tolo, de um jeito ou de outro, eu também estou aprendendo. Eu sei que um dia eu vou conseguir pular toda a dor. Não duvido que seja possível. Bom, nesse dia, eu terei alcançado o que as pessoas chamam de sabedoria, mesmo sabendo que nada saberei...