LIVRE-ARBÍTRIO ATÉ QUE EXISTE.
SÓ NÃO EXISTE LIVRE-ARBÍTRIO LIVRE
 
É sempre e em toda parte/tempo assim: quando Você parte para agir, alguém outro ou algo vai ter de abrir espaço-tempo para essa ação. E essa abertura já é em si uma ação côncava, a ação de permitir.
Toda ação precisa de um movimento no espaço-tempo, e se esse movimento não for feito para lhe dar passagem, poderá haver desvio, refração, big bang ou retroação. A ação será frustrada, abortada.
O próprio pensamento, que é uma energia fluídica ou semimaterial móvel ou mobilizável, às vezes na velocidade da luz, às vezes na velocidade de uma tartaruga, já é uma ação. Um pensamento pode curar ou pode matar uma pessoa, seja esta a própria pensante, seja esta a “pensada”.
 
A ação-objeto do pensamento, como toda e qualquer ação, só existe na quarta dimensão, que é a dimensão do tempo enquanto percorrido por um objeto no espaço.
 
Toda ação intentada pelo livre-arbítrio do acionante só é efetivada, consumada ou perfeita se encontrar uma membrana de espaço-tempo que lhe dê condição de agir. Alguém ou algo tem que permitir, consciente ou inconscientemente, mas principalmente no âmbito vibratorial, valendo destacar, inclusive, que todos nós somos muito maiores e mais largos do que aparentamos visualmente. [O que normalmente mostra os limites da nossa materialidade corporal é a câmera Kirlian, que consegue fotografar nossa aura ou duplo etérico.] Sem contar o campo mental, que se projeta em forma de pensamento, e sem contar as próprias formas-pensamentos projetadas por nós, temos camadas aurais e vibracionais em derredor de nós, que podem funcionar como muralhas de proteção ou como pontes de acesso com a placa “seja bem-vindo”.
A ação de deixar agir no campo vibratorial também implica uma terceira ação de permitir a ação de permitir.
Nós temos o nosso livre-arbítrio. Deus, que é o observador soberano de todas as ações e reações do Universo, também tem o dEle, inclusive com poderes de agir para fazer agir ou de fazer não agir, seja da parte do acionante que quer agir, seja da parte do acionado que tende a permitir ser agido.
 
Em resumo, no que se refere a ações, toda concavização de um lado gera ao mesmo tempo uma convexização do outro, o que quer dizer uma invasão deslocadora no espaço-tempo de outrem. Essa dupla movimentação acional gera ações ativas-passivas e ações passivas-ativas em cadeia infinita, que, se se estenderem numa cadeia de ações côncavo-convexas, podem convexizar o eixo do planeta. Já que duas ações não podem ocupar o mesmo espaço-tempo (pelo menos dentro da lógica física que conhecemos), todo o Universo acaba se alterando quando Você engendra qualquer ação. Daí ter-se dito que “o simples bater das asas de uma borboleta pode causar um tufão do outro lado do mundo.” [Efeito Borboleta, uma das bases da Teoria do Caos.]
 
Por isso, qualquer ação já praticada e efetivamente perpetrada teve que ser permitida pelo acionado ou por um lado acima da membrana côncavo-convexa. Essa permissão originou-se agora ou antes, ou de uma força superior ao agente ou superior ao que deixou agir.
Em princípio, é impossível uma membrana de espaço-tempo se movimentar de um lado sem se movimentar do outro. É um princípio da teoria M (ou Teoria da Membrana) de cada um de nós, seres-mundos, no jogo relacional com a teoria M de outros indivíduos da nossa dimensão espacial e de outras dimensões. [A teoria M unifica as cinco diferentes teorias das Supercordas. Segundo ela, matéria e campos de energia são formados por membranas, que fluem através de onze dimensões classificáveis por níveis de vibrações das membranas. Há três dimensões espaciais, uma dimensão temporal e sete “dimensões recurvadas” (os sete céus da antiga pregação católica e ainda hoje dos muçulmanos) com outras propriedades, como massa e carga elétrica.]
Qualquer ação que atinge alguém ou algo tem de ser autorizada pelo Engenheiro de Tráfego Supremo do Universo, para manter o equilíbrio geral de tudo que existe e evitar o caos generalizado.
Logo, pela lógica reinante até então, não existe livre-arbítrio livre. Nosso livre-alvedrio, pelo menos no que se refere às ações relacionais, tem apenas, hipoteticamente, cinquenta por cento de força. O que existe é apenas meio livre-arbítrio. A outra metade depende de alguém ou algo para abrir a cancela.
[O aprofundamento da análise da dicotomia LIVRE-ARBÍTRIO x DETERMINAÇÃO DO UNIVERSO não tem fim. Milhares de sábios, teólogos, teósofos, filósofos e pensadores de todos os tempos e lugares já se debruçaram e ainda hão de se debruçar nos próximos mil ou mais anos sobre a questão, a menos que descobertas da Física Quântica em futuro mais recente consigam oferecer respostas inquestionáveis. Possivelmente, esse avanço dar-se-á já no período DT (Depois da Transição).]
A lei do livre-arbítrio, no fundo no fundo, é, em verdade, uma lei de aplicação exclusiva do Legislador Supremo. Nós, seres humanos, temos uma ilusão de poder usar o livre-arbítrio ao nosso alvedrio, mas estamos sendo observados e fiscalizados a cada ação, seja ativa ou passiva, pelo big-father cósmico, que intervém a qualquer momento e em qualquer lugar, para impedir a realização de nossas ações, reações ou até não ações. É como se Deus, na parte introdutória dessa lei universal, tivesse feito a seguinte redação em linguagem humana:
 
“O livre-arbítrio de uma pessoa humana ou espiritual termina, por iniciativa da própria pessoa ou por MINHA iniciativa, no ponto onde ameace o poder arbitral que EU tenho sobre o próprio agente da intenção da ação e sobre o livre-arbítrio da pessoa humana ou espiritual sobre a qual o agente intenciona ou intencionava agir”.
 
Deus é suprainteligente e suprassoberano. Ele marca presença em todos os pontos do Universo, embora não se confunda com nenhum desses pontos. Ele se manifesta através deles, para criar, destruir ou alterar sempre, e, ainda que obliquamente, convergindo para a evolução de todas as Suas criaturas na Sua direção.
 
Quando alguém se suicida ou faz alguém outro morrer, em verdade, faz isso pela parte da consciência humana, ainda que maculada por influências externas conducentes a esse objetivo. Só não pode atribuir à parte da consciência divina, que jaz dentro dele mesmo, qualquer influência hipnótica nesse sentido. É claro que o Fluido Universal, que é Deus ramificado para todos os lados e perpassando todos os pontos, poderia impedir esse crime, previsto não só no Direito Penal humano, mas também no Cosmo-Direito. Mas, por que às vezes Ele não o impede, segundo a visão de alguns, injustamente? Justamente, para permitir a evolução das suas criaturas pelas tentativas de erro e acerto. Para tanto, Ele aciona duas de suas outras leis universais, a saber: a de ação e reação e a de causa e efeito. A grande incidência dessas leis é uma necessidade para a Terra, ainda caracterizada como planeta de provas e de expiações na gradação evolutiva dos mundos, o que levou Jesus a dizer que é necessário que venha o escândalo (ou o mal ou a pedra de tropeço, a depender da tradução bíblica).
A morte provocada contra outrem ou contra si mesmo é apenas um golpe de misericórdia em cima de uma sequência de ações-decisões negativas já tendentes a esse fim agressivo e abrupto. É um acerto de contas que já vinha ocultamente se articulando entre agente direto e vítima ou entre agente indireto e autovítima, sem que tenha havido o perdão para o agressor, o perdão do agressor, o autoperdão ou a superação da dívida por quaisquer outras ações anulatórias no decorrer do caminho-tempo. É uma espécie de “trabalho encomendado” pelo passado recente, remoto ou pré-encarnacional, de modo que o agressor atual está vingando uma vítima anterior dessa atual vítima, tudo sem a mínima consciência de nenhuma das três partes e mesmo que a execução da vingança se perpetre através da chamada “bala perdida”.
 
A maldição não cai sobre quem não merece” (Provérbios, 26:2, primeira parte).
Até os cabelos de sua cabeça estão todos contados(Mateus, 10:30).
“Mas o fim de tudo aproxima-se; sede vigilantes em orações, antes de tudo tendo intenso amor uns pelos outros, porque o amor cobre uma multidão de pecados” (Pedro I, 4:7-8).
 
 
Não existe a chamada “bala perdida”. O que existe é uma pessoa que se posicionou diante de uma bala-míssil teleguiada que lhe fora atirada há muito na conexão espaço-tempo, talvez há mais de mil anos, na Conchinchina (ainda que em forma de flecha), não tendo havido, até o último instante do alvejamento, ações suficientes da vítima (com o escudo de iniciativas reparadoras), do vingador (com a compreensão, com o perdão ou com o arrependimento eficaz) ou de terceiros (através do contramíssil da prece), para desviar ou anular seu trajeto. – Jorge, vendedor de livros e de vestimentas de artes marciais, em comentário com um amigo revoltado, após lerem uma notícia de jornal, durante a travessia na balsa sobre o Rio São Francisco, nas proximidades da cidade de Ibotirama (velho oeste da Bahia), em dezembro de 1978.
 
Quando não é mais do “interesse” do destino de um homem-alvo de seu próprio passado alvejador que certa ação homicida e vingativa já pré-marcada lhe alveje, ocorre alguma ação impeditiva “natural”, “coincidental” ou alguma premoção (em teologia, ação divina que tem influência sobre a vontade dos homens (Dic. Houaiss)), para que a eventual tentativa de consumação da ação vingativa de longo curso não acerte na mosca, podendo talvez, no máximo, acertar numa das pernas do alvo. Mas isso depende principalmente do mérito afetivo ou contra-afetivo da antiga vítima marcada para morrer da mesma forma que matou, que, no curso da sua estrada evolucional acionou outros gestos e atitudes que salvaram vidas, de alguma forma. Coincide com sua opinião?
 
Sempre que a lei da justiça chega para um acerto de contas e pega o sujeito-objeto da sua ação reparadora em pleno exercício da caridade, ela volta. Volta, porque outra lei – a lei da misericórdia ou lei do amor divino intervém e diz: não é o momento. Volte depois. Ele está no cumprimento da lei do amor.
 
A forma vingativa de acerto é uma força muito grande, mas não é inevitável. Só quem tem força e poder absolutos é Deus, que pode mudar o curso da intenção dolosa ou autodolosa a qualquer momento, com o acionamento de terceiros (humanos, espirituais, naturais ou até acidentais).
Quando alguém, por exemplo, entra em depressões profundas e demoradas, associadas a ideias suicidogênicas, é de um terceiro tomar urgente providência em sentido contrário, porquanto a autovítima, neste caso, já entrou no que poderíamos chamar de corredor da morte prematura. Embora fora das estatísticas oficiais, a depressão mata muito mais do que o trânsito e do que as drogas. O autocondenado precisa voltar a sorrir para a vida, ou a vida precisa sorrir para ele o mais urgentemente possível, com injeções de amor em doses cavalares. É tiro e queda(ops!).
Resumo: Nada de ruim acontece e nada de bom deixa de acontecer por acaso. E, também, nada de ruim acontece, ou de bom deixa de acontecer como decorrência inexorável de uma imposição traçada num passado distante, porque o amor, que também é uma lei universal, feito no presente, cobre milhões de pecados passados, segundo o próprio Jesus.
 
Concluindo a viagem: A todo momento, é operada na vida de cada ser inteligente, agente e reagente uma grande ou uma pequena ação ou reação premeditada, ou não, por si, por outrem ou por Deus. E nunca se tem a mínima ideia da grande tessitura cósmica que liga essa ação específica e que é ligada por ela em derredor da vida passada, presente e futura do sujeito-objeto e objetivo da ação. Ela altera o curso do andar do ser, a fim de que ele aponte, de uma forma ou de outra, para o norte dos objetivos pretendidos pela Inteligência Suprema, sem determinismos absolutos, respeitando, quase sempre, as próprias escolhas pessoais. Digo “quase sempre”, porque há um único determinismo absoluto: o de que cada ser humano ou espiritual tem de andar, ainda que indo e vindo ou aos trancos e barrancos, na direção de Deus.

 
O LIVRE-ARBÍTRIO NAS RELAÇÕES: RELATIVO OU ABSOLUTO, A DEPENDER OU A COMBINAR
 
As ações externas, superiores ou até inferiores interferem no andar de cada indivíduo e de cada relação individual, alterando, por via de consequência, também o andar do outro com quem se relaciona interativamente em qualquer nível, considerada nossa inexorável condição de seres sociais, inter-relacionais e interinfluenciantes.
 
Apesar disso, muitas ações externas, superiores ou inferiores podem ser direcionadas mais para separar do que para unir seres, cuja relação não deva existir ou não deva existir mais, para não alterar indevidamente o curso evolucional próprio de cada um em particular.
 
Muitos caminhos se cruzam por aparentes casualidades, mas às vezes são ocorrências muito bem pensadas e calculadas por inteligências imperceptíveis aos nossos sentidos. São as chamadas coincidências.
Os encontros, não encontros, reencontros e desencontros entre os seres são normalmente marcados ou desmarcados por forças inteligentes superiores. Muitas vezes, tais forças pedem ou até impelem, mas às vezes também impedem ou até repelem o que já sonha ou mesmo o que sonharia cada ser em si. Pelo menos no lugar, no momento, na condição e na duração que cada encontrante quer ou acha que precisa. Pesa muito a intensidade dos sonhos e desejos, dos sisos e defesas, das necessidades ou a inexistência disso tudo, seja da parte de um, da parte do outro ou, principalmente, da parte das forças de coalizão superiores. Somos deuses recriadores, alteradores e destruidores (até certa alçada de poder), mas também somos criaturas, recriaturas, construções, alterações e destruições das providências divino-universais até os limites da área esportiva de cada um. Jogamos, mas também somos jogados.
 
Costuma-se querer uma coisa, quando se sente a necessidade de outra, e costuma-se sentir a necessidade de uma coisa quando em verdade se quer outra. Esquece-se inclusive de que tudo está ligado a tudo e que, por isso, ninguém se liberta totalmente de nada. Tudo é uma questão de conhecer outros lados, de saber interpretar as aparentes necessidades ou desnecessidades, saber gullarmente “traduzir uma parte noutra parte”. [Verso do poema “Traduzir-se”, de Ferreira Gullar.]
 
{Nem sempre o caminho mais curto entre dois pontos é obrigatoriamente uma linha reta. Depende para que direção as forças opostas ou superiores estão pendendo, se para recolher a linha ou se para esticar a linha.– Antero, poeta e andarilho, enquanto parolava com um guarda-freios, às margens da estrada de ferro que liga as estações de Água Comprida (hoje Simões Filho) e Candeias, na Bahia, em meados de 1965.}
 
 
Existe a “lei da atração” linear (bissegmental convergente) ou triangular, que é a lei da atração cósmica. Nesta, a força superior une as duas inferiores, não exatamente até formar uma linha perpendicular perfeita confundindo os dois catetos, mas podendo chegar ao ponto de formar uma pirâmide estreitíssima!
Porém, existe também a lei da repulsão, igualmente linear (bissegmental divergente) ou também triangular, que é a lei da “repulsão cósmica” [Em Astronomia, repulsão é o efeito segundo o qual galáxias situadas a grandes distâncias se afastariam umas das outras (Dic. Aurélio).]. Nesta, a força superior pode separar as duas inferiores (as criaturas pólos), talvez não exatamente até formar dois segmentos de reta horizontais divergentes perfeitos (o que seria o desrelacionamento absoluto um do outro, até talvez do ponto de vista da memória consciente). Essa repulsão também faz parte da harmonização do Cosmo como um todo. Essa lei obedece a uma espécie de inteligência harmonizadora maior (que pode estar não exatamente na quinta, mas até na sexta dimensão ou em uma dimensão mais superior ainda, dentro do mesmo universo). Ou está sediada em universos diferentes do nosso? (Vixe!).
 
Claro que, quanto mais ampliamos nossos níveis conscienciais, vamos também nos unindo numa grande corrente vibratória iluminada. Chegaremos ao ponto de nos tornarmos mais interatraídos, mas não por interesses, necessidades, ideologias e paixões. A lenta e quase tectônica interatração vai, ou vem através dos estreitamentos afetivos e sintônicos patrocinados e estimulados pelo Cosmo. Aos poucos vamos fechando o ângulo do grande triângulo isóscele aproximativo e tendente a formar uma gigante linha perpendicular, pela qual começaremos a nos expandir efetivamente para o Alto.
 
Normalmente, só há uma união que o Universo costuma permitir, e até estimular, entre pessoas divergentes ou multivergentes, ainda que geograficamente à distância: é a união, ou pelo menos, a reunião para a operação, ou seja, para a ação de trabalho em favor de propósitos divinos, crísticos ou comunitários. O Universo impediu a sua relação ou autorizou a sua desrelação em um nível, mas agora a autoriza em outro nível, de acordo com os interesses evolucionais de ambos, ou mais de cada um em particular, ou mais ainda de terceiros direta ou indiretamente necessitados das ações convergentes de ambos, ainda que cada um com seu estilo, modo de ver e personalidade próprios.
Mesmo que a iniciativa do novo relacionamento crístico parta apenas de uma parte(ops!), já é um bom começo. Esta já pode e deve começar a emitir bons pensamentos na direção da “parte contrária”. Com o tempo, que pode levar um mês, um ano ou duas ou três encarnações, a “parte contrária” entenderá a mensagem energética superior e passará a ser parte favorável para a formação da nova parceria em favor dos trabalhos do Cristo na seara planetária. Muitas uniões afetivas, para serem refeitas, precisam de uma volta completa em derredor da galáxia, passando por desertos, montanhas, cavernas, centros de vulcão, umbrais, monastérios, prisões, estradas... São as travessias conscienciais para os burilamentos da personalidade, com trocas de outras experiências mil, longas caminhadas meditativas, idas e vindas tentando se encontrar. É a fermentação necessária do caráter para o advento dos arrependimentos, humilhações, perdão, desistências de vinganças ou vendetas, purgações, penitências, assaduras e passaduras. Neste ínterim, muitos outros níveis de relação podem ser testados com outros polos-mundos ou até entre os polos separados mesmo, às vezes sem se saber ou até com inversões ou mudanças de papéis, na travessia do grande círculo antieuclidiano. E assim prossegue, até o mesmo encontro afetivo novamente. Agora ele está reautorizado pelo livre-arbítrio divino, por estar no ponto de acontecimento. Agora já está provada, sedimentada e consolidada uma elevação vibratorial de ambos, principalmente da parte que deu causa direta à separação, e ainda que com níveis conscienciais diferentes entre si.
Se houver, contudo, desde o início da separação, um ajuste de conduta inter-relacional baseado no respeito, na compreensão e no trabalho focado no campo da caridade, da assistência social, da arte ou de qualquer trabalho conjunto, ainda que cada em seu caminho próprio, esse ponto de acontecimento pode se antecipar, surpreendentemente, para a mesma existência encarnacional ou até para o mesmo ano. O amor sublime, incondicional, desinteressado e sem esperar qualquer retribuição, é o maior queimador de etapas ao atingimento do vórtice de retas aparentemente paralelas.
 
Muitas obras (ou óperas, ou opus) são mais bem produzidas com a interação de notas harmônicas diametralmente divergentes, formando acordes divinais, do que entre notas perfeitas entre si. E a execução dessa nova música relacional, dentro ou fora da mesma oitava, transcende limites temporais e espaciais e agrada aos ouvidos de todos, mesmo que intermediada por uma linha telefônica, pelo vidro da recepção de um presídio ou até pelas páginas de um texto. Tudo é questão de mudança de perspectiva relacional visando a um propósito engrandecedor para a sociedade, ainda que esta seja apenas a família ou os eventuais dependentes resultantes da união anterior que fora desunida. O circuito de transferência neocortical de cada um entra em êxtase com esse tipo de compensação psicoafetiva baseada no amor crístico. A separação de casais com filhos não importa na separação dos filhos por quem vai sair de casa. É praticamente imperativa a mantença de uma relação presencial qualitativa, ainda que mínima, visando à saúde mental e emocional dos rebentos, a fim de que estes não fiquem psicologicamente rebentados.
Quando o livre-arbítrio entre duas ou mais criaturas é acionado nessa intenção, normalmente recebe o seguinte carimbão de autorização instantânea lá do andar de cima: “laissez-faire, laissez passer
[1] (ou “deixem fazer, deixem passar”) e “que seja eterno enquanto dure” esse novo nível relacional cooperante, porque é de interesse das Normas da Casa Universal.
Qualquer ação de livre-alvedrio intencionada para o ágape ou amor crístico, quer entre si, quer de si para os outros, pode-se dizer que é absoluto, porque não se trata mais de livre-arbítrio pessoal, mas, sim, de uma ação do próprio Deus por intermédio da pessoa-criatura acionante. Não há lógica em poder haver impedimento. De quem?


[1] Essa expressão é usada em História da Economia. Tem a ver com a liberdade econômica sem qualquer controle estatal. Era o mote do Liberalismo Clássico.
Josenilton kaj Madragoa
Enviado por Josenilton kaj Madragoa em 01/03/2011
Código do texto: T2823179
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