COMUNIDADE SISTÊMICA
A comunidade sente e vive cada ato da peça cotidiana, da cena real da história que não é melodrama. E cada ato, cada cena é vivência, movimento e sentimento que recria o grande espetáculo da vida.
Sabores e dissabores, saberes e descobertas vão descortinando análises do viver que não é só festa. O espetáculo da vida comporta muitas emoções, alegres e tristes, dramáticas e vibrantes, trágicas e cômicas.
Dificuldades rimam com realidade. Superação rima com motivação. Cada situação propõe desafio. E cada desafio mobiliza a comunidade.
Cada ato, cada cena da vida em comunidade sugere uma pesquisa-ação, que parte da experiência concreta, de ser parte e tomar parte, posto que sem a participação subtrai-se da pesquisa a ação, que vira um mero instrumental, que muito pouco indica e não serve para ajudar nem construir uma avaliação crítica processual.
Sem plano de ação, sem projeto político-pedagógico perde-se o norte de uma comunidade. Sem a problematização a história vira fatalidade.
Faz de conta que a reflexão é profunda, que o conhecimento abunda sobre a comunidade! Sem o conhecimento, o registro não descreve – e muito cedo prescreve – a real identidade. O fato vira boato e o boato divide. Os sujeitos se colidem na selva da confusão. Perde-se o rumo e o aprumo do prumo da construção.
Consenso que mobiliza, olhares que potencializam diálogos, saberes que se completam pela amplitude que reconhece a incompletude de um só olhar... Ah, não há dissenso quando a gente entende que sempre se tem muito a aprender, escutar e dialogar!
Comunidade é comunhão, sentido coletivo, força viva e dinâmica que a todos energiza. Comunidade é valor que do humano se extrai e extrapola os limites econômicos e sociais, a conjuntura e as agruras do cotidiano global que sufoca a paz do ambiente local. Comunidade é universo local. É um mundo de valores, códigos e sinais. Potência do imaginário por uma cultura de paz. Comunidade é vida - corpo e alma pujante. É sentimento marcante que constrói o novo mundo de ser sentido a sentir. De ser sujeito e ser devir para não ser sujeitado, nem tão pouco aprisionado nas grades do “eu” limitado.
Comunidade é escambo de vida e comunhão. E comunhão não é miragem, não é milagre, não é magia. É missão de todo dia com a partilha dos saberes, dos valores e dos viveres.
Em toda ação há que haver dialogismo, para tornar potente o ser cooperativo, solidário e problematizador, para tornar mais que possível a emergente força do coletivo e humano amor...para suplantar o trágico-humano desamor.
Com razão e sentimento a comunidade se apropria do momento e o transporta para a posteridade. Comunidade é o ato-limite do efetivo afeto de ser pra ser em comunhão.
A comunidade é sistêmica. A história só existe no tempo e o tempo só se transforma em história se houver sistematização.