CELEBRANDO A ESTUPIDEZ HUMANA.
Para homenagear os grandes heróis da humanidade e celebrar a estupidez humana, evocarei inicialmente a figura mitológica de prometeu e iluminarei um pouco as trevas da nossa alma pós-moderna, que desencaminhada por inúmeros "ismos" avança a passos largos num processo infame de cyborgização e entropia.
Era uma vez um herói que roubou o fogo sagrado da carruagem de Febo - um símbolo de sabedoria e ciência, e ao entregá-lo à humanidade, se tornou a epítome da rebelião e da insatisfação humana, pois se revoltou com a tirania dos deuses, ao vê-los nos abandonar na ignorância dos mistérios da terra e dos céus, e então, se propôs a ensinar-nos os segredos da inteligência e das artes, indispensáveis ao nosso progresso e subsistência.
"Os benefícios que fiz aos mortais atraíram-me este rigor. Apoderei-me do fogo, em sua fonte primitiva: ocultei-o num cabo de uma bengala, e ele tornou-se para o homem a fonte de todas as artes e um recurso fecundo." - Ésquilo - Prometheus Desmontes, circa de 463 a .C
Resumindo a estória: Zeus decidiu castigar Prometeu, ordenou a Hefesto que o acorrentasse no monte Cáucaso, por 30.000 anos, para que todos os dias um corvo viesse comer o seu fígado, que, impiedosamente, regenerava-se, num suplício constante, porém, Hércules o salvou. Cumprindo uma exigência dos deuses, ele o substitui pelo Centauro Quíron.
Eureka! Este é um bravo novo mundo, mas o presente de Prometeu continua muito perigoso, pois propõe que rejeitemos definitivamente o controle dos deuses sobre o nosso destino e o tomemos em nossas próprias mãos. Hoje, ainda é um grande desafio, pois, ter como medida e referência as nossas capacidades e limitações, e consegir ultrapassá-las, tão somente, para modelar, não só o mundo como a nós mesmos, tudo isso, com um novo fogo formado pelas nossas ciências e artes e não mais roubado dos Céus.
A páscoa cristã também simboliza um grande momento de iluminação da humanidade, talvez o mais importante . A palavra Páscoa, do hebreu “peschad”, significa “passagem”, ou ainda “transição”, usada para anunciar o fim do inverno e a chegada da primavera, a passagem de um tempo de trevas para outro de luzes e, principalmente, para celebrar a morte e a ressurreição de Jesus Cristo, o outro grande herói que entregou a sua própria vida para nos libertar do pecado.
A páscoa, portanto, é a data mais importante da religião cristã e nos convida, pois, para uma nova vida de valores morais e espirituais. Porém, a igreja desvirtuou esta mensagem, institucionalizou a fé e se colocou entre os homens e Deus, comprometendo ou comercializando a comunhão direta de cada um com Ele.
Desde então, já vivemos 2010 anos de rebeldias e desventuras, pois aos descaminhos das religiões somou-se o vôo cego da ciência, por conseguinte, apesar de toda a evolução e desenvolvimento do mundo moderno, nem sempre utilizamos as invenções da humanidade para o bem e nunca houve um cristão sequer que seguisse, fielmente, os passos de Jesus Cristo, para justificar e honrar o seu sacrifício na cruz. Portanto, Cristo continua simbolicamente crucificado no egoísmo de quem peca e junto com as invenções vieram armas, artificialidade e poluição . E o nosso castigo? Irreligiosidade, discórdias, misérias, capitalismo e catástrofes!