O relógio
Meu relógio interno havia parado!
Os ponteiros não estavam mais
a girar em torno do seu próprio eixo.
Antes eu controlava o tempo,
mas agora era o tempo
que ditava as regras.
Envelheci em uma semana
O equivalente ao dobro da idade
Que tenho hoje.
E tudo isso por causa da falta do meu bem querer
que sempre inseria o óleo da paixão
nas engrenagens desse relógio
que muitos conhecem por coração!
Quando pensava que seria
Aniquilado pelas forças malignas
Desse tempo voraz,
Eis que surge aquela Mão linda
E delicada a pousar novamente
O óleo rejuvenescedor
nas engrenagens do velho relógio
Que de tão gastas pela oxidação
Já estavam sucumbindo à ferrugem
Da falta de amor.
E como num passe de mágica
Voltou-se a escutar o tic-tac
Dos ponteiros em sincronia
E o que parecia velho
Voltou a ter a aparecia
De Coisa nova
E o tempo tão malicioso e vil
Não mais era o dono da razão
Pois agora tudo estava no seu
Devido lugar.