O HOMEM É RELIGIOSO? *

Sim, pois podemos notar várias manifestações desde os tempos pré-históricos, uma vez que vêem adquirindo e transmitindo os seus conhecimentos. Não apenas sua forma de pensar, agir, de sentir o mundo e a si mesmo, por meio de ritos sagrados. Podem-se notar esses atos nos desenhos nas rochas e cavernas, já nos põem em contato com seus rituais sagrados. Constata-se inclusive nos primeiros textos escritos os quais fazem relatos quanto a crenças, vivências religiosas e mitos de seus povos, buscando uma explicação de sua origem e existência.

Na buscar incessante para solucionar seus problemas existenciais e de sua origem, acabavam fazendo inúmeras indagações: de onde viemos? quem somos? como surgiu o mundo? de onde ele veio? realmente o que somos? por quê somos? por quê estamos aqui? para onde vamos? tem algo a partir do céu? Com tantas perguntas, o ser humano ficou tentando respondê-las e acabou criando mitos, deuses, estruturando assim as religiões. E o contato com as forças naturais, encontrara uma dualidade da existência, a transformação enquanto princípio, a síntese como criação e como etapa de entendimento, a experimentação enquanto forma e representação enquanto expressão.

Contudo, mesmo com os problemas da existência, tem os conhecimentos adquiridos com sua vivência, acumulados e aperfeiçoados durante milhares de anos. Para garantir a sobrevivência, nos organizamos em sociedade e os povos sempre organizaram os espaços de vivência mística dentro de suas comunidades, o que permitiu a eles vivenciarem socialmente o seu universo místico com o acontecimento necessário a sua sanidade. As próprias transformações da vida de cada indivíduo eram vidas das comunidades e das pessoas que incorporavam e integravam as dificuldades individuais minimizando sofrimentos e desequilíbrios.

No livro “O Sagrado e o Profano” da Editora Martins Fontes, o pensador Eliade Mircea descreve a definição do sagrado como: “é o oposto de profano”. Sendo duas modalidades de ser no mundo, assumida pelo homem ao longo de sua história, falando por um lado seu sentimento de grande espanto, quase de temor, mas pelo outro teria um profundo respeito, já o profano denota aquilo que esta em frente ou de fora do templo. Nesta interpretação o homem obteria o seu conhecimento do sagrado, porque este se manifesta como algo totalmente diferente do profano, não importando se o sagrado se manifesta em uma pedra, numa árvore, animal ou em Cristo. Alguém que adora um animal não esta prestando homenagem ao animal e sim venera o animal porque este é o “sagrado.”

Os homens, apesar de terem lidado melhor com as questões internas dos indivíduos nos estágios civilizatórios, sempre produziram suas insanidades, atrás de formas de buscar a cura, no trato com o sofrimento, encontraram os mesmos que se detinham em encontrar as respostas àquelas perguntas fundamentais, feitas por nossos antepassados, que para muitos as resposta obtidas até então não são suficientes.

Conseqüentemente, até nos dias de hoje fazemos ou praticamos certos ritos, pensando que eles irão sanar nossos problemas, caso não dêem resultados rápidos mudam-se sucessivamente de religiões, adaptando novas formas de cultuar os deuses e até adaptando-se a novos deuses. Caindo de vez enquanto na lábia de charlatões que se passam por gurus, pai de santos, curadores, milagreiros, dentre tantos outros, comercializando com a fragilidade e inocência dos homens.

Pobre dos homens, pois não sabem de tudo e vivem da esperança!

*Rogério da Silveira Corrêa

Membro da ACEIB – DF - Disponível em:

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