Geração do Tempo
Pessoas, vozes, suspiros, olhares que passam
Num tempo que tem pressa de chegar em nenhum lugar
Com corações apertados, sedados de esconder as emoções
Numa solidão de multidão cercada de medo
Pessoas de vozes caladas
Suspiros e olhares covardes
É o tempo quem fala e vê
Vê passar impotente toda uma geração
Uma geração de meninos perdidos
Meninos que riem não sabem do que
Meninos que dançam não sabem porque
Num ritmo torto que lhes foi imposto
Meninos que não sabem cantar ou opinar
E o tempo só observa, que tudo passe ele espera
E que venham novos meninos
Que nasça essa coragem que carrega a liberdade
E que tragam um novo tempo, em que se possa ser quem se é
Que os olhares não sejam vazios, perdidos, carentes de esperança
Que os ouvidos estejam atentos, sedentos pelo que a música realmente diz
Que a boca, acostumada a calar, possa fazer algo mais que apenas beijar
E que as palavras façam sentido e tragam calma quando vindas da alma
Que a geração do tempo sem tempo possa aceitar e passar
E que venha a geração, que com o coração, da mais tempo ao tempo