A Vingança da Colcha de Retalhos

Cenário- (Uma cama ao fundo; cadeiras ao redor)

(Presentes na cena: José Alvorada, Sinh’Ana e Avó)

Sinh’Ana: (em pé) Acho que vai chover... O tempo está esfriando... É melhor ir recolher as roupas.

José Alvorada: (sentado) Mas antes vê se faz um café.

Sinh’Ana: Você não tem mão? Vai lá e faz!

José Alvorada: Não, então não precisa!

Sinh’Ana: Mas é um folgado mesmo. (Voltando-se para Avó). Mãe, a senhora vai querer alguma coisa?

Avó: (Deitada na cama) Não, minha filha; só quero um pouco d’água.

Sinh’Ana: Já estou indo pegar para a senhora (sai).

José Alvorada: Mas aqueles meus filhos são um bando de irresponsáveis mesmo. Era para eles estarem aqui na hora do almoço. E vejam só (olha para o relógio) são quase três horas da tarde.

Avó: Acalme-se, logo eles chegam.

José Alvorada: (levanta-se) Chegam, chegam coisa nenhuma. Devem ter esquecido de que a senhora os havia chamado. Mas por que a senhora os chamou mesmo?

Avó: Quando eles chegarem, eu conto. (entra Sinh’Ana)

Sinh’Ana: Aqui está a água, mãe.

Avó: Obrigada, minha filha (bebe um pouco de água).

Sinh’Ana: Se a senhora não precisar de mais nada, eu vou lá recolher as roupas antes que chova, tudo bem?

Avó: Tudo bem, minha filha.

José Alvorada: E o café?

Sinh’Ana: Que o café o quê?! (sai).

José Alvorada: Eu não sei como ainda vivo com sua filha (senta-se). Ela é muito desaforada, volta e meia chora e depois cai na gargalhada. Acho que ela é bipolar.

Avó: Até hoje eu não entendo o porquê que fui deixá-la casar com você.

José Alvorada: Eu? Lógico que iria se casar comigo. Era o melhor pretendente que ela poderia arranjar. E a senhora estava de olho no dinheiro do meu pai.

Avó: (Senta-se) Aí é que você se engana. Eu e o meu velho não iríamos deixar vocês se juntarem... Mas foi só ver os olhos dela lacrimejarem que meu coração derreteu e eu não resisti e deixei-a viver a vida como ela queria.

José Alvorada: Não sei se era como ela queria... (entra Sinh’Ana).

Sinh’Ana: Os meninos chegaram!

José Alvorada: (levanta-se) Mas cadê eles?

Sinh’Ana: Estão subindo aí e no barraco de sempre.

(Entram, nesta ordem, João Nunes e Pedro Porunga, Regina Nunes e Maria Porunga, Sandra Porunga e Argentino).

(Discussões entre João Nunes e Pedro Porunga já na entrada).

João Nunes: E você vem me dizer que eu é que sou o errado?! Conta outra!

Pedro Porunga: Mas você é muito idiota! Fica dizendo coisa com coisa e pra piorar põe a culpa nas minhas vacas!

Sinh’Ana: Ei, meus filhos! O que está acontecendo?

João Nunes: É essa Porungada aí que não me dá sossego!

Pedro Porunga: Já disse que não quero que chame minha família assim!

João Nunes: Ah dó... Não gosta de ser chamado pelo nome, Pedro Porunga.

Pedro Porunga: Te avisei! (Dá um soco no rosto de João Nunes)

João Nunes: Desgraçado! Vou lhe partir a cara! (Sinh’Ana intercede, enquanto Regina Nunes segura João Nunes).

Sinh’Ana: Vamos parar com isso meninos! (João Nunes se desvencilha de Regina e vai em direção de Pedro Porunga. Sinh’Ana tenta intervir.) Acode José! Acode!

José Alvorada: (levanta-se) pode deixar comigo! (Dá um soco em João Nunes).

João Nunes: (cai) Mas que droga, pai! Por que o senhor me bateu?!

José Alvorada: É pra você aprender a ser homem! Homem não fica de conversinha! Homem faz!

Sinh’Ana: (Mãos na cintura) José Alvorada, eu disse pra acudir, não piorar!

José Alvorada: Dona Sinh’Ana... É melhor calar essa boca. Mulher não opina, mulher esquenta a barriga na cozinha! E eu vou dar umas voltas por aí!

Sinh’Ana: Vai pra onde?

José Alvorada: Não tenho que lhe dar satisfação! (sai).

( Silêncio)

Sinh’Ana: Me desculpem pelo comportamento de meu marido. É, e, é... Como é que vão todos? Regina, tudo bem? Cadê o Pernambi?

Regina Nunes: Está tudo bem, Sinh’Ana. O Pernambi deve de estar vindo por aí com a Marisol. Ele foi à casa de um amigo resolver uns assuntos e disse que logo vinha.

Sinh’Ana: Ótimo, então. E você, Maria, ainda está vendendo pamonhas? (risadas).

Maria Porunga: (Ri) Não. Valha-me Deus! Desde aquele acidente eu parei de mexer com isso. Foi um susto que nunca mais quero voltar a tê-lo. A coitada da Cidinha ainda chora pela mão queimada.

Sinh’Ana: Pena... (Ri). Mas a culpa foi dela mesmo... Não deveria ser tão intrometida... Tsc. E vejam só, Sandra, como você cresceu. E quem é esse moço bonito que está com você?

Sandra: Ah vovó, este aqui é o meu namorado. A gente o chama de Argentino.

Sinh’Ana: Argentino? Mas por quê?

Argentino: És que yo hablo um poco diferente. Compreendes?

Sinh’Ana: Um pouquinho... Que graça. E faz tempo que estão namorando?

Sandra: Uns quatro meses, né amor.

Argentino: Sí, si, creo que si.

Sinh’Ana: Espero que sejam sempre felizes... Ah, vamos, sentem. Vocês querem almoçar? (Todos se sentam)

Pedro Porunga: Não, obrigado mãe. Nós já comemos algumas coisas no caminho.

João Nunes: Nós também. Eu só queria gelo pra colocar no meu rosto.

Sinh’Ana: Ah, está bem. Eu vou buscar. Fiquem á vontade. (sai)

Maria Poruga: Mas que vergonha. A gente aqui na casa da sua mãe e você briga com seu irmão! Desculpa-me, João, me desculpa, Regina. É que esse acordou com a macaca.

Regina Nunes: Não, não tem o que se desculpar. Quem começou foi o João mesmo; deixa pra lá.

João Nunes: Eu é que comecei? Aquelas porcarias das vacas do Pedro arrebentaram a minha cerca e fui eu quem começou. Concordo... Não sabe cuidar de sítio, é isto que ocorre.

Pedro Porunga: E você sabe cuidar que é uma beleza, né? Nem monjolo você sabe fazer.

João Nunes: Você gosta de tocar neste assunto.

Pedro Porunga: Gosto, e daí?

Sandra: Papai!

Pedro Porunga: O quê que foi?

Sandra: Estamos na casa da vovó... (entra Sinh’Ana)

Sinh’Ana: Já estão brigando de novo? Mas vocês só têm tamanho mesmo. Está aqui o seu gelo. (entrega para João Nunes).

( Entram Pernambi e Marisol)

Pernambi: Oi, vó!

Sinh’Ana: Tudo bem, meus netinhos?

Marisol: Tudo ótimo, vó! Oi, bisa! (Avó acena) O quê que está acontecendo aqui? Que caras são essas? Parece que ouve um enterro aqui.

Pernambi: Deixa-me adivinhar, brigaram de novo?

Sinh’Ana: De novo ( cruza os braços)

Maria Porunga: É o básico do dia, né minha filha. Agora já estão até um pouco calmos.

Marisol: O senhor não toma jeito mesmo, em papai?

Pedro Porunga: Ah, minha filha... Não se preocupe com isto. É coisa entre eu e meu irmão.

João Nunes: Eu e meu irmão? (imitando) Só você é que fica caçando encrenca.

Pernambi: Papai.

João Nunes: O que foi agora?

Pedro Porunga: Deixa Pernambi.

Regina Nunes: Melhor deixar seu pai pra lá. Hoje ele está daquele jeito.

João Nunes: Que jeito que você está falando?!

Regina Nunes: Aí, não disse?

Sinh’Ana: Gente, vamos acalmar os nervos. Esqueçam deste assunto. (entra Pingo d’Água e Franscisquinho) Oi Pingo d’Água, até que enfim você chegou.

Pingo d’Água: Ah mãe, é que eu passei na casa do Franscisquinho e aí vai que vai, acabei o chamando pra vir comigo.

Sinh’Ana: Oi, Franscisquinho. Tudo bem?

Franscisquinho: Tudo ótimo, dona Sinh’Ana. E a senhora? Está tudo bem?

Sinh’Ana: Vou levando.

Frascisquinho: E cadê o senhor José Alvorada?

Sinh’Ana: Está por aí. Deve ter ido à casa do Teixeirinha Maneta. Sempre que ele fica nervoso vai à casa do compadre.

Franscisquinho: E está nervoso?

Sinh’Ana: Como todos os dias.

Pingo d’Água: O pai sempre foi assim... Marisol, por que vocês não nos esperaram?

Marisol: Ué, tia. Nem sabia que a senhora estava atrás da gente.

Pingo d’Água: Não me escutou gritando?

Marisol: Não.

Pingo d’Água: Nossa, a minha garganta está doendo até agora.

Sinh’Ana: Mas também, só sabe gritar. Isto você puxou pro seu pai. ( entra José Alvorada e Teixeirinha) Falando no diabo...

José Alvorada: Já vai começar de novo, mulher? Ó, eu trouxe o compadre pra almoçar com a gente, ou melhor, jantar.

Sinh’Ana: Boa tarde, compadre Teixeirinha.

Teixeirinha: Boa tarde, Sinh’Ana.

Sinh’Ana: Não se acanhe, compadre. Pode ficar à vontade.

Teixeirinha: (cumprimenta todos) Com sua licença (senta).

José Alvorada: Vejo que está todo mundo aqui. Pingo, você já chegou? Que ótimo! E o namorado também veio... Infelizmente.

Sinh’Ana: José Alvorada!

José Alvorada: O quê?

Sinh’Ana: Oh, você só me constrange. (sai)

José Alvorada: E aí, rapaz, quando é que vão se casar?

Pingo d’Água: (sorri) Pai!

José Alvorada: Que pai o quê! Você já tem quase trinta anos e ainda não se casou. Daí aparece esse Mané aproveitador, que fica aí de lero-lero sem nada pra prometer.

Franscisquinho: O senhor está certo.

Pingo d’Água: Você não precisa concordar com meu pai.

Franscisquinho: Não, ele está certo. E é por isso que eu trouxe isto (pega uma caixinha de jóias e ajoelha) Quer viver o resto de sua vida comigo?

Pingo d’Água: Ai meu Deus! É-é-é-é... (se abana)

José Alvorada: Virou machinho, é?

Pingo d’Água: Pai! Eu...

José Alvorada: Diz sim, ou vamos almoçar primeiro. (Entra Sinh’Ana)

Sinh’Ana: O que está acontecendo agora?

Maria Porunga: O Franscisquinho está pedindo a Pingo em casamento.

Sinh’Ana: Jura? Parabéns filha!

Maria Porunga: Ela ainda não aceitou.

Pingo d’Água: Eu, eu aceito. (Franscisquinho levanta-se e a beija).

(Palmas)

Sinh’Ana: Até que em fim, em? Parabéns, minha filha.

José Alvorada: Aperte minha mão, rapaz. Bem vindo à família.

(Todos parabenizam Pingo d’Água e Franscisquinho)Agora podemos almoçar?

Sinh’Ana: Bem, os meninos já disseram que comeram alguma coisa.

José Alvorada: Então eu com sozinho.

Sinh’Ana: É, mas falta lenha pro fogão.

José Alvorada: Que merda! Era só o que faltava! Eu vou lá buscar essa porcaria. E essa cambada de homem vão comigo! Anda bestaiada, vamos embora!

(Sai todos os homens)

Regina Nunes: (Para Pingo d’Água) É, cunhada, agora você tem seu macho; Vai fazer comida pra ele, aguentar os berros do futebol, a bebedeira e ainda uns caprichos a mais.

Maria Porunga: Mas vê o lado bom: é ele quem paga as suas contas.

Sandra: E sem falar naquilo, né tia?

Maria Porunga: Ei menina, que falta de respeito é esse?

Sandra: Só estou falando a verdade.

Maria Porunga: A verdade é uma boa surra, isso sim.

Sandra: Nossa mãe...

Pingo d’Água: Eu estou tão feliz... Estou flutuando nas nuvens...

Regina Nunes: Cuidado pra não cair (risadas).

Marisol: Ai, ai. Tia, a senhora tem sorte. Também quero me casar, assim, com o príncipe dos meus sonhos.

Sandra: Príncipe dos seus sonhos? Você não tem nem namorado, vai acabar virando freira.

Marisol: Cale a boca, Sandra.

Maria Porunga: Marisol, não precisa falar deste jeito com sua irmã! Ela só está brincando!

Marisol: Não gosto deste tipo de brincadeira. (para Sandra) E pra sua informação, está assim de garotos querendo ficar comigo.

Sinh’Ana: Ah, mas vejam só. Mal saiu das fraldas e já está querendo ser mulher (risadas).

Regina Nunes: Que graça... Quero ver quando ela tiver responsabilidades.

Maria Porunga: Aí ela vai ver o que é a vida. (Suspira) Mas é assim mesmo a vida: é difícil.

Sandra: Mas não é por isso que a gente tem que desistir, né mãe.

Sinh’Ana: É, Maria, a Sandra tem toda razão. Nós devemos lutar para obter alguma coisa. A dificuldade não é impossível de ser superada. E eu entendo disso. Vê como o José me trata. Mesmo assim eu gosto dele. A gente briga, briga, mas lutamos pra ficarmos juntos.

Maria Porunga: O Pedro também me deixe muito feliz. Vive brigando com o irmão, mas mesmo assim me trata bem.

Regina Nunes: É, o meu marido é assim também. Parece que gostam de brigar um com o outro. Sempre foi assim, Sinh’Ana?

Sinh’Ana: Sempre; desde que eram uns meninotes. Sei não... Eles são muito rivais em tudo. Eu lembro que disputavam até quem amarrava o cadarço mais rápido. (risadas)

Sandra: Ainda bem que nós somos bem unidas. Imagine se todo mundo brigasse.

Marisol: Mas nós duas sempre brigamos, e frequentemente.

Maria Porunga: É falta de um puxão de orelha! Essas aqui também gostam de se rivalizar em tudo.

Sandra: É que essa menina é muito ciumenta. Tem inveja de mim.

Marisol: Eu é que tenho inveja de você? Cria tipo garota!

Sinh’Ana: Acabou minhas netas. Chega! (Entram os homens. Franscisquinho está com um pouco de sangue na perna e mancando.) O que aconteceu?

José Alvorada: Esse meu futuro genro é muito mole. Consegui engarranchar um galho nessa perna de saracura e caiu no chão.

Pingo d’Água: Você se machucou?

Franscisquinho: Bem, não está doendo.

José Alvorada: Mas é lógico que não está doendo, foi só um cortezinho de nada.

Pernambi: Até que foi engraçado. A gente estava voltando com a lenha e de repente “durum”, já estava ele no chão.

Argentino: Yo também ri mucho.

Pedro Porunga: Mas até que nem foi tão grande coisa assim.

João Nunes: É que não foi com você.

Pedro Porunga: Ô, mas dá pra parar de encher o saco?

João Nunes: Ah, foi você quem começou a falar do menino.

José Alvorada: Dá pra vocês ficarem quietinhos. Sinh’Ana, a lenha já está lá. Vai fazer comida, anda!

Sinh’Ana: Já vou,Já vou! (Sai)

Teixeirinha Maneta: E eu já me vou indo.

José Alvorada: Não compadre. Vamos sentar e prosear um pouco mais.

Teixeirinha Maneta: É que eu tenho que chegar.

João Alvorada: Senta ai e vamos beber um pouco de café (senta e depois Teixeirinha também senta) (Para Marisol) Ô menina, vai buscar café pra gente.

Marisol: Está bem vovô, vou lá buscar. (Sai)

Sandra Porunga: Espera ai! (Sai)

Pingo d’Água: Pai.

José Alvorada: O que foi filha?

Pingo d’Água: Agora que vou me casar, o senhor poderia me dar um pedaço de terra pra começar a vida?

José Alvorada: Lógico, minha filha. Você é o que tenho de mais precioso!

João Nunes: Mas e nós, pai?

José Alvorada: Vocês? Só me dão desgosto! Casaram-se cm mulheres que eu não aprovei, suas terras não rendem nada! Não sei como ainda estão vivos.

Pedro Porunga: Não pai, minhas terras estão prosperando!

José Alvorada: Prosperando bosta nenhuma. Fica plantando batata naquele brejão e só! Não tem nenhum pé de café pra falar que tem.

João Nunes: Eu estou plantando milho!

José Alvorada: Sei. Aquelas espigas que só servem pra tratar de porcos? (Ri) (Entra Marisol e Sandra com o café)

Marisol: Aqui está o café, vovô. (serve João e Teixeirinha)

Maria Porunga: Ah, eu também quero, mas pode deixar que eu vou lá beber.

Regina Nunes: Eu também vou lá (Saem Maria e Regina)

Pingo d’Água: Sandra, eu me esqueci de te avisar que a Amanda quer falar com você sobre o serviço na venda, ou algo do tipo.

Sandra Porunga: Obrigada, ti. Eu tinha ido lá vê se eles me arranjavam algum emprego, então deve ser isso!

José Alvorada: Pedro, você vai deixar sua filha trabalhar?

Pedro Porunga: Ah pai, ela quer trabalhar e está difícil mesmo. Ai ela ajuda em casa e ainda tem um dinheirinho.

José Alvorada: Que vergonha hein? Não consegue nem sustentar a própria filha!

João Nunes: E é por isso que seu sítio é uma bosta!

Pedro Porunga: Você não se intrometa está bem?

João Nunes: Você está querendo mandar em mim, Porunga?

José Alvorada: Dá pra vocês pararem de discutir, agora?

Pedro Porunga: Eu só vou quebrar a cara desse infeliz.

João Nunes: Vem (Pega a faca no bolso) Vem agora!

José Alvorada: Larga desta faca moleque! Está doido?

João Nunes: Eu vou te matar Porunga! (Marisol, Sandra e Pingo d’Água gritam)

Pedro Porunga: Pode vir, eu não tenho medo de você! (Entram Sinh’Ana, Maria Porunga e Regina Nunes correndo)

Sinha’Ana: O que está acontecendo?

Pedro Porunga: Esse porcaria do seu filho quer me matar!

João Nunes: Porcaria?

Pedro Nunes: Porcaria sim! E solte essa faca antes que eu te tome-a e faça você a engolir!(João Nunes solta à faca) Hum, é um porcaria mesmo! (Vira as costas, e rapidamente, João pega a faca e vai pra cima de Pedro)

Regina Nunes: Não João!

Pernambi: (Intercede) Não pai! (É esfaqueado) Pai... (Morre) (Silêncio Trágico)

Regina Nunes: (Esbofeta o rosto de João Nunes) Você é louco?! Você matou nosso filho! (Ajoelha-se na frente de Pernambi) Filho! (Abraça o corpo de Pernambi e chora) Meu filho!

João Nunes: (Deixa a faca cair) Eu... Filho. Não. Morreu? (Aproxima-se de Pernambi)

Regina Nunes: Afaste-se daqui! Vá embora! Eu nunca mais quero te ver!

João Nunes: Eu... Eu... Não... (Sai) (Silêncio, apenas se ouve o choro de Regina Nunes)

Avó: (Levanta-se, se aproxima de Pernambi e afasta Regina dele. Depois joga uma colcha de retalhos por cima do bisneto) Por fim, uma desgraça aconteceu. Hoje eu iria dizer a vocês que estava muito feliz de ter todos como membros de minha família. Mas (Olha para Pernambi e depois se volta para a platéia) as coisas não são como queremos (Ri). Nos momentos distorcidos e impulsivos da vida, vislumbramos o véu negro da morte. O frio que se perfaz em nossas faces é só um resíduo enfadonho de sermos humanos. Quero dizer que isto é o fim, nada mais a declarar. (Abaixa a cabeça e sai. Silêncio).

Agradeço a dois grandes amigos:

Guilherme Cecílio, por saber que o altruísmo não é só uma palavra.

César Augusto, por saber que o egoísmo faz parte de nós, mas que devemos controla-lo.

E a todos que participaram deste teatro.

Baseado em dois contos de Monteiro Lobato: A vingança da peróba e A colcha de retalhos; ambos fazem parte da obra Urupês

Jhunnyor
Enviado por Jhunnyor em 02/07/2010
Código do texto: T2353896
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