Felicidade
 
Qual é o objetivo fundamental da vida? Acredito que frente a esta pergunta as pessoas responderiam, em sua maioria, que é ser Feliz.
 
Mas se o questionamento continuar e lhes for perguntado o que é essa tal de felicidade, tão almejada, as respostas seriam variadas.
 
Também um número bem grande de pessoas não seria capaz de definir se é feliz ou não.
 
Os cientistas em suas experiências muitas vezes inexplicáveis para os leigos garantem que a maioria da população mundial sente um nível aceitável de felicidade – ou seja, na maior parte do tempo somos mais felizes do que infelizes.
 
Dinheiro está no ápice da coluna que marca os altos níveis de felicidade – ter dinheiro é ser feliz, garantem muitas pessoas, principalmente as que lutam com a falta dele.
 
É claro que também penso que o dinheiro é importante para ajudar na felicidade. É muito difícil estar feliz estando ao mesmo tempo com frio e fome. Mas, se assim fosse não veríamos ricos infelizes. Nessa última semana tive uma prova disso – soube de um homem relativamente jovem, bonito, bem casado, bem amado, saudável e muito rico que se suicidou. E buscou a morte de forma inquestionável, enforcando-se e atirando em si mesmo simultâneamente.
 
Outras situações também são colocadas quando perguntam: o que lhe faria mais feliz? E assim vamos encontrar respostas como a fama, o poder, o prestígio pessoal, o sexo, os amigos, o casamento, a família e outros menos votados. Mas eu tenho certeza de que nenhum desses elementos sozinhos traria a felicidade para alguém.  Por que? Porque tudo é passageiro, transitório... Se alcançamos a fama e não sabemos lidar com ela, logo nos afundamos na mais completa infelicidade e isso só para falar do primeiro item citado como motivo para ser feliz. Qualquer um desses itens que podem nos fazer felizes podem ao mesmo tempo nos fazer tremendamente infelizes.
 
Penso, embora não saiba explicar didaticamente, que ser feliz é uma escolha. Tem gente que escolhe ser feliz, tem gente que escolhe não ser, mesmo que esta escolha não seja consciente.
 
Se a ciência não conseguiu definir o que realmente é a Felicidade, nem a Filosofia ou a Religião também o conseguiram. Muitas teorias podem ser encontradas tanto em livros como mais facilmente agora, na busca através de São Google.
 
Dentro do meu conceito, que também não consigo enquadrar em palavras, o que mais nos torna infelizes é o medo da morte, a ignorância frente ao que virá depois, a incerteza sobre o que é verdadeiro ou não. Talvez por isso as pessoas tentem se enganar seguindo credos em que no fundo não acreditam, mas só para se garantir. E sendo assim é preciso tratar a morte como uma realidade que vai nos atingir mais cedo ou mais tarde e contra a qual nada podemos fazer. Por isso tratar a morte como algo real e natural seria o primeiro passo a ser tomado por aqueles que escolhem ser felizes. Sabendo disso verdadeiramente talvez possamos dar maior valor ao que estamos vivendo agora e tirar dele o maior proveito, mesmo não tendo muito dinheiro, nem fama, nem poder, nem amor, porque teremos certeza de que essas situações são passageiras, só a morte não é passageira.
 
Um caminho para ser feliz também é, no meu entendimento, o auto conhecimento, mesmo que ele nunca seja alcançado em sua totalidade. Ao nos conhecermos melhor estaremos mais aptos para saber o que realmente precisamos para ser feliz e tocar a vida de acordo.
 
Outro ponto que acho interessante é não colocar no outro a responsabilidade por nossa felicidade. Só eu devo ser responsável por ela, nem pais, nem filhos, nem amores ou amigos. Eu. Devo buscá-la só no que depende de mim, não no que depende do outro. Porque isso é sábio.
 
Ser feliz é seguir os caminhos que a vida nos apresenta tirando dele aquilo que for melhor para nós. Não é ser Pollyana que só consegue ver o lado bom, mas não é também  ser egoísta, porque o retorno do egoísmo é a infelicidade.
 
A morte de pessoas amadas, rompimentos amorosos, baques financeiros, perda de prestígio pessoal e de amigos, todas estas situações certamente nos fazem sofrer e ser infelizes. Mas aquele que escolheu ser feliz, será infeliz por um tempo menor, porque logo será capaz de encontrar o equilíbrio. E saudade não é sinônimo de infelicidade, mas sim de ausência de algo que nos fazia bem.
 
Schopenhauer dizia que a vida oscila como um pêndulo, da direita para a esquerda, do sofrimento ao tédio. Penso que esse deve ser o pensamento daqueles que escolheram ser infelizes. Essas pessoas lutam para ter algo e quando o conseguem não lhes dão nenhum valor estão sempre querendo mais. Não acho que isso seja sábio, prefiro a vida, a esperar a vida acontecer. Quem tem essa idéia também é Comte –Sponville. Foi com ele que aprendi a gostar do que tenho em vez de gostar do que ainda não tenho e posso nunca vir a ter.  Para mim mais importante do que ser feliz é estar viva agora.