AS PALAVRAS CONVENCEM, O EXEMPLO ARRASTA!

AS PALAVRAS CONVENCEM, O EXEMPLO ARRASTA!

GilsonMatos

Esperar tão somente na juventude para desencadear mudanças mais que necessárias na situação caótica da nossa realidade histórica é uma mentalidade unilateral que se estabelece no sofisma do proletariado. Utilizo aqui o termo proletarii, com uma apropriada contextualização, para designar as classes menos favorecidas que almejam para a sua prole (filhos) uma melhor condição de vida, além de uma sociedade mais digna e justa, haja vista serem eles mesmos, no mais das vezes, operários cuja força produtiva asseguram a mais-valia do mesquinho Sistema Capitalista, acomodados e sem expressão.

Daí a aposta na juventude, a cobrança e a inveja do seu potencial. Porém, quando se é jovem têm-se o entusiasmo e não experiência de vida, já na idade da razão têm se a experiência, mas o entusiasmo não é mais o mesmo. Essa transferência da responsabilidade para os jovens continuará sempre, quando o mais importante para nós é que os mais vividos nos sirvam de exemplo? E nós, jovens, deixaremos que continuem tentando nos manipular? Por isso essa mentalidade do proletariado é unilateral, pois os acontecimentos transformadores devem ser consquistas diárias e com a participação de todos.

Apenas para ilustrar, canto a música ALOHA, da Legião Urbana:

“Todo adulto tem inveja, todo adulto tem inveja dos mais jovens. A juventude está sozinha, não há ninguém para ajudar a explicar porque é que o mundo é este desastre que aí está.”

A quem interessar possa, sou da época dos caras-pintadas, quando segmentos políticos, a influência decisiva da mídia televisiva (leia-se Rede Globo), a revista Veja, entre outros meios não tão idôneos, manipularam os jovens para ajudar a depor um presidente corrupto, que eles mesmos elegeram, hoje Vossa Excelência, o senador . Talvez seja esta a maior demagogia brasileira de que temos notícia. Quanto a nós, jovens, tudo não passou de uma grande diversão, uma moda nova, estávamos alí na Esplanada dos Ministérios para curtir e ainda posarmos de politicamente engajados, pois só mais tarde pudemos avaliar a dimensão do momento político e social do nosso país. Éramos endossados, ainda, por segmentos Petistas dissimulados nas agremiações estudantis, o que culminou, mais tarde, em termos apostado e votado no presidente Lula, que contrariou nossas expectativas.

Com efeito, as manifestações populares são legítimos atos democráticos, a vontade e a representação da esperança de um país mais justo, orientadas à melhoraria das condições socioeconômicas e para reivindicar que os corruptos paguem pelos atos que cometem. Devem, de fato, ser apoiadas e motavidas para que aconteçam sempre, mas de forma ordeira e pacífica, contudo, elas representam apenas um dos caminhos para as correntes sociais.

Outra alternativa de expressão é o acompanhamento e a participação dos trabalhos do Congresso Nacional, das Câmaras Municipais e Estaduais, a despeito da imensa maioria acompanhá-los apenas pela televisão, esses órgãos são de fato e de direito “A Casa do Povo”, onde se definem as diretrizes norteadoras da vida em sociedade, sempre abertas às correntes sociais, muito além da mera ulitilização das Urnas Eletrônicas, pois o voto não é a única forma que o cidadão tem para fazer democracia. Ainda temos os recursos dos abaixo-assinados, as petições, as associassões das mais diversas categorias, as ONGs, os sindicatos, as audiências públicas, os plebicitos, os debates, a filiação partidária, o direito de se canditar, entre tantos outros.

Entretanto, os recursos supracitados constituem alternativas de Cidadania Plena, cujas consequências vemos à curto e médio prazos. A longo prazo, apenas os Fatos Sociais podem consolidar mudanças significativas. Émile Durkheim os conceitua da seguinte maneira:

“Todas as maneiras de ser, fazer, pensar, agir e sentir desde que compartilhadas coletivamente. Variam de cultura para cultura e tem como base a moral social, estabelecendo um conjunto de regras e determinando o que é certo ou errado, permitido ou proibido.”

A título de exemplo, consideremos o papel da educação na construção dos fatos sociais. A escola tem a nobre missão de criar o ser social, axiliando os jovens na construção do senso crítico, bem como atua na formação intelectual e no delineamento da cosmovisão. É neste momento em que os exemplos valem mais que as palvras, quando as teorias ministradas se unem com a influência dos demais elementos envolvidos na formação do jovem e entram em contato com a realidade viva, o que põe à prova todo o cabedal de valores e ideais apreendidos da escola, agora posto em prática seguindo os modelos e a experiência empírica dos professores, da família e da sociedade.

EPÍLOGO

Certa vez uma mãe preocupada procurou Gandhi para que este dissesse ao filho dela que parasse de comer açúcar, pois não fazia bem para a saúde.

Gandhi, com sua calma, disse à mãe que voltasse depois de duas semanas e que ele falaria com o garoto. A mulher obedeceu, mas achou estranho.

Após duas semanas, ela voltou com o garoto e Gandhi disse:

- Não coma açúcar, faz mal à saúde!

A muher ficou boquiaberta, pois ela havia esperado duas semanas para ele dizer apenas isso? Porque não disse isso duas semanas atrás?

Então, Gandhi, com toda paciência disse:

- Porque há duas semanas atrás “eu” comia açúcar!

G Matos
Enviado por G Matos em 16/07/2009
Reeditado em 08/04/2010
Código do texto: T1703495
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