Sobre mundos

Agora, quando consegui que meu estômago esteja repleto de café, assim como meu copo e a garrafa térmica, aparecem dispostos a me fazer sair. Ver o mundo, dizem eles. Falar aumenta o tom de arrogäncia, então eu só penso: O mundo de lá não tem nada pra me mostrar. O mundo está aqui dentro, amadurecendo, virando gente.

Nem tão gente assim, mas virando alguma coisa.

Será que estou vivendo um mundo para dentro?

Bebo café, leio, ouço música boa, bebo café, leio e estudo os problemas educacionais brasileiros - [ entenda-se por : decoro alguns elementos dos problemas educacionais brasileiros, pois estuda-los acontece de fato quando estou na sala de aula observando aqueles olhos esperançosos e desesperançados que não sabem pra onde vão. Só sabem de onde vêm. ]

Agora que meu estômago está repleto de café, como o copo está repleto, como a educação brasileira está repleta de problemas, alguém tenta me esvaziar de mim.

Será que são aquelas crianças que vivem um mundo para dentro? Por tanto caos que existe lá fora, elas acabam enjauladas num sistema de "beba, ouça, degluta". Não é isso que queremos, diriam elas se soubessem o que há por tras dos problemas educacionais brasileiros.

Problemas criados por gente que ouve música boa e lê.

Agora que o copo está cheio de problemas, eu lembro de que o meu mundo de fora é o mundo de dentro deles.

Cheia do café, o mundo de lá de fora parece ter algo a mostrar ao meu mundo de dentro. O mundo de dentro deles tem muito a ensinar.

Vou desviver, então, um pouco daquele mundo de lá fora. Onde tudo se olha, mas nada se vê.