HAROLD PINTER
Harold Pinter Alias David Baron, nascido em Hackney, ao leste de Londres, no dia 10 de outubro de 1930, era autor, ator e diretor de peças teatrais e filmes, programas de rádio e de televisão; poeta e ativista político; Prêmio Nobel de Literatura em 2005, Guarda de Honra da Rainha da Inglaterra pelos serviços prestados à Literatura e prêmio Wilfred Owen, pela sua poesia de protesto contra o conflito no Iraque.
O genial inglês era filho de um alfaiate judeu, trabalhou como garçom, porteiro, lavador de pratos e vendedor de livros de porta em porta.
A relação completa de prêmios alcançados por Harold Pinter inclui:
CBE, 1966; Shakespeare Prize (Hamburg) 1970; European Prize for Literature (Vienna) 1973; Pirandello Prize (Palermo) 1980; Chilean Order of Merit, 1992; The David Cohen British Literature Prize 1995; Honorary fellow of Queen Mary College, London; Laurence Olivier Special Award 1996; Molière d'Honneur, Paris, 1997; Sunday Times Award for Literary Excellence 1997; BAFTA Fellowship 1997; Companion of Literature, RSL 1998; The Critics' Circle Award for Distinguished Service to the Arts 2000; Brianza Poetry Prize, Italy 2000; South Bank Show Award for Outstanding Achievement in the Arts, 2001; S.T. Dupont Golden Pen Award 2001 for a Lifetime's Distinguished Service to Literature; 'Premio Fiesole ai Maestri del Cinema, Italy, 2001; World Leaders Award, Toronto, Canada, 2001; Hermann Kesten Medallion, da German P.E.N., Berlin, Germany, 2001; Companion of Honour, 2002; Diploma “ad Honorem”, Teatro Filodrammatici, Milan , Italy 2004; Evening Standard Theatre Awards, 50th Anniversary - Special Award, 2004; Wilfred Owen Poetry Prize, 2005; Frank Kafka Prize, 2005; Nobel Prize for Literature, 2005; European Theatre Prize, 2006; Serbian Foundation Prize, 2006; St George Plaque of the City of Kragujevac, 2006; Légion d'Honneur, 2007.
No Brasil, Paulo Autran recebeu o Prêmio Molière (1982) de melhor ator por sua participação em Traições, trabalho de Harold, também encenado no Teatro Cultura Inglesa (São Paulo), em 2002, com Laerte Mello.
Em discurso proferido na House of Commons (Parlamento Inglês), o ativista político manifestou seu repúdio e finalizou seu pronunciamento sobre guerra no Iraque, em outubro de 2002, dizendo:
“It is insisting on immunity from the international criminal court, a stance which beggars belief but which is now supported by Great Britain.
The hypocrisy is breathtaking.
Tony Blair's contemptible subservience to this criminal American regime demeans and dishonours this country.”
No dia 21 de janeiro de 2003 começa um outro discurso contundente afirmando:
“One of the more nauseating images of the year 2002 is that of our Prime Minister kneeling in the church on Christmas Day praying for peace on earth and good will towards all men while simultaneously preparing to assist in the murder of thousands of totally innocent people in Iraq”.
Ainda do ano de 2003 é o indignado poema no qual faz menção ao deus americano. O título do poema é uma alusão à frase utilizada pelos ingleses para saudar a rainha: “God bless our King and Queen”:
God Bless America
Here they go again,
The Yanks in their armoured parade
Chanting their ballads of joy
As they gallop across the big world
Praising America's God.
Harold Pinter era um gênio e sua obra, vastíssima. Apenas para exemplificar, eis alguns títulos de ficção: Kullus (1949); The Dwarfs - novel 1952-(56); The Black and White (1954-55); The Examination (1955); Tea Party (1963); Voices in the
Tunnel (2001), etc; obras não-ficcionais: A Note On Shakespeare (1950); Arthur Wellard (1981) e outras.
Michael Billington, em seu estudo intitulado The Life and Work of Harold Pinter (1996), reportou-se a G.K. Chesterton que afirmou, por sua vez:
'There is at the back of every artist's mind something like a pattern or type of architecture. It is a thing like the landscape of his dreams; the sort of world he would wish to make or in which he would wish to wander; the strange flora and fauna of his own secret planet that makes it sound romantic-idealist, but Pinter's own secret planet turned out to be a cratered paradise destroyed by the serpent of sexuality and the desire for domination.”
O professor João Tomaz Parreira refere-se à poesia “pinteresque” colocando-a como portadora da “mensagem que reflecte um mundo ameaçador e violento, feito das contradições da nossa sociedade e da natureza humana”.
Entretanto, o poema To My Wife (junho de 2004) apresenta um Pinter lírico, apaixonado e eternamente unido ao amor da segunda esposa, a escritora Antonia Fraser. Nos versos do poeta a mulher encarna uma espécie de redentora
To My Wife
I was dead and now I live
You took my hand
I blindly died
You took my hand
You watched me die
And found my life
You were my life
When I was dead
You are my life
And so I live
O poeta inglês consegue o sublime e o paradoxal em seus versos (2002) sobre as células cancerígenas que o levaram embora neste Natal de 2008:
Cancer Cells
"Cancer cells are those which have forgotten how to die".
(Nurse, Royal Marsden Hospital).
They have forgotten how to die
And so extend their killing life.
I and my tumour dearly fight.
Let's hope a double death is out.
I need to see my tumour dead
A tumour which forgets to die
But plans to murder me instead.
But I remember how to die
Though all my witnesses are dead.
But I remember what they said
Of tumours which would render them
As blind and dumb as they had been
Before the birth of that disease
Which brought the tumour into play.
The black cells will dry up and die
Or sing with joy and have their way.
They breed so quietly night and day,
You never know, they never say.
Incluo a minha interpretação de CÉLULAS CANCEROSAS (inspirado no poema de Harold Pinter):
células cancerosas não sabem morrer
imortais inimigas
em mim entranhadas
sei como se morre
queria mesmo era olhar o teu cadáver
quisto cego
surdo
silencioso
até a inevitável explosão do inferno
em cujo palco
me derrota
cantando saciado
quietinho
proliferando
dia e noite
noite e dia
sem eu me aperceber
pois jamais se faz anunciar
Segundo Guilherme Comte, a justificativa da Academia Sueca para a escolha foi a de que
"(...) Pinter devolveu o teatro a seus elementos básicos: um espaço fechado e um diálogo imprevisível, onde as pessoas perdoam umas às outras e onde não há lugar para a ambição”.
Provavelmente seria assim o mundo arquitetado por Harold Pinter.
REFERÊNCIAS
http://www.haroldpinter.org/home/index.shtml
http://www.contemporarywriters.com/authors/?p=auth01G24K343812605467
http://pt.wikipedia.org/wiki/Harold_Pinter#Encena.C3.A7.C3.B5es_no_Brasil
http://www.digestivocultural.com/colunistas/coluna.asp?codigo=1742
http://www.google.com.br/search?hl=ptBR&q=harold+pinter&meta=&aq=f&oq=
http://www.abril.com.br/noticias/diversao/morre-dramaturgo-harold-pinter-nobel-literatura-222122.shtml
http://poetasalutor.blogspot.com/2006/12/poesia-de-pr-em-cena-de-harold-pinter.html