Mais do mesmo

Uma mente não tem fronteiras. Você pode identificar uma mente perturbada quando ela se vê limitada, quando ela se vê sem condições de controlar o que mais fere o coração.

E assim você terá sempre mais do mesmo.

É uma praia, com dunas, areia branca, poucas pessoas e boas pessoas, que lhe acenam com carinho. O mar, azul claro, manchado de verde em alguns pontos, onde golfinhos saltam despreocupados. Você vê as pessoas correrem, dançarem, sentarem em frente ao mar e olhar o infinito, lindo, só pensar leve ou não pensar em nada. Algumas dessas pessoas tropeçam, torcem o pé, escorregam ou batem em outra sem querer, mas tudo porque só querem estar ali, tranquilas, em paz, sabendo que na praia podem se machucar, sem que para isso devam parar de dançar, meditar, brincar...

Do outro lado é um pântano, de águas sujas e ensombrecido por árvores grandes e contorcidas, sofridas, arranhadas por animais de aspecto que faz doer, e sentir medo. Há areia movediça, mal cheiro. Tudo parece machucar neste lugar. As pessoas estão cobertas de lama, tentando se desprender, mas há lama até em seus olhos, ventos gelados que derrubam outras que tentam atingir o limite do pântano onde vêem uma réstia de luz...

E há um local, no exato limite entre os dois lugares, onde as pessoas estão amarradas. Elas vêem os dois lados, enxergam o que podem ter e o que não querem. Mas essa corda os está prendendo há séculos. Há medo em seus olhos e dor em seu coração. Ao mesmo tempo em que sabem que não querem voltar ao pântano, quando são soltas acabam levadas pelo vento, não suportam e não conseguem resistir ao arrastamento da dor. E quando voltam ao pântano, se esforçam de novo para chegar à praia, chegam ao limite entre os dois novamente e... as amarras os prendem de novo, as amarras seculares!! E essas amarras são bem mais difíceis de vencer do que o vento!! Ah como são.

E assim... assim é que as pessoas que não suportam as vicissitudes vivem: experimentado mais da mesma dor. Até quando?

VAHARA
Enviado por VAHARA em 14/10/2008
Reeditado em 14/10/2008
Código do texto: T1228482