A sabedoria de Tex

1 - Eu considero o ateísmo um ótimo jogo de apostas. É divertido e vicia. A zona de conforto é extensa, quase infinita. O perigo está na militância — exatamente na direção a que você imaginou que eu calculei que você estivesse indo. Acho que não veio essa hipótese no meu imaginário. Posto que: um jogo divertido quando chega a ser viciante acaba sendo um bom exercício para o cérebro e um fertilizante para a imaginação (que é o maior agente comportamental à disposição do ser humano).

2 - Quanto às leis da Física e da Química, concordo que são os melhores parâmetros. Existe uma frase que (salvo engano de minha parte) é atribuída ao físico e inventor italiano Guglielmo Marconi (1874-1937) e que eu acho o máximo: “vejo em toda parte nada mais do que o triunfo dos princípios”. Claro que ele se referia às leis físicas e químicas. Quanto à moralidade (regras de conduta), isso é um terreno subjetivo e não se trata necessariamente de um motivo para alguém buscar alguma chave oculta para compreensão da misteriosa realidade chamada “vida” — e, por extensão óbvia, o funcionamento das realidades universais ligadas à existência das coisas. Pelo contrário, pessoas sem princípios tentam se apoiar em supostos ensinamentos e encantamentos para se livrarem de quem lhes atravesse o caminho. Em suma, o moralismo e o misticismo não são faces de uma mesma moeda. Sem falar que matemáticos do passado eram igualmente místicos. Nem por isso as considerações de um (por exemplo) "Pitágoras" são desprezadas como coisas de um louco ingênuo. A própria Física demorou a aceitar outros parâmetros matemáticos, recusando-se a sair do cartesianismo quase sectário.

3 - Quando eu mencionei Quevedo (padre “parapsicólogo”), esqueci de mencionar também James Randi. Mas, lembrei-me agora quando você mencionou o Uri Geller.

É necessário mencionar aqui que os dois primeiros levavam como questão de honra desmascarar esse último (o Uri Geller, que no Brasil tem um equivalente).

Um detalhe interessante é que o Quevedo se dizia cientista, mas confessava que a jornada dele começou quando decidiu contrariar uns tios (dele) que eram praticantes de ocultismo. E, apesar de eu ter sido admirador dessa cruzada “científica” que o bom padre abraçou, no final das contas, tratava-se apenas de um jesuíta fazendo seu “trabalho” com muito primor e zelo (assim como aqueles dois lá dos tempos de Cabral que rezaram as duas primeiras missas em terras tupiniquins, achando que os índios não passavam de seres primitivos que precisavam de cristianização).

4 - Outra coisa que eu noto é a ênfase que você dá à questão judaico-cristã.

Fico sem poder responder à pergunta que você fez ao final pelo simples fato de que fico encantado com todos as formas de mitologias. E isso se estende desde os greco-romanos, passando pelo hinduísmo, cristianismo, paganismo... só para mencionar algumas.

Eu me lembro daquelas brigas que o desequilibrado Dave Le Dave tinha com você no RL... e de como ele se referia a você pejorativamente por uma nacionalidade que no entender dele você não deveria reivindicar.

São parâmetros perigosos, esses referidos por ele (e eu vejo perigo nessas coisas de generalizar culturas confundindo-as com a questão individual genética, já que, por exemplo, Einstein era filho de judeus).