Cisne Negro
Sobre o pântano insalubre
Paira a sombra do cisne negro.
Sua essência sobrepõe-se a tudo,
Somando-se ao estranho eclipse,
Que de forma vil e melancólica,
Ofusca a rara luz dos vagalumes,
Inteirando o estranho contexto.
Confabulando com o insólito,
Corvos grasnam agouros impensáveis
Das esqueléticas árvores obscuras.
A agressividade se expressa em fluxos
Do que parece um ritual lúgubre.
E viciado pelo contexto doentio,
O cisne se desvaira em espirais.
O cenário pasmoso incute calafrios,
E a ave assume formas vampirescas,
Entregando-se por completo as trevas.
Sob o mórbido sortilégio do eclipse,
Faz-se a instituição do mal do século,
Em blasfêmias sussurradas a esmo,
Por seres invisíveis aos olhos.
Há uma surreal força negativa
No eclipsado terreno pantanoso.
Um existir que não se concretiza
Leva elementos a se contraporem,
E a parirem uma arte mórbida,
Sem qualquer anal de referência,
Mas com perfeito sincretismo.
A angústia há muito cresce e reina
Na surreal zona limítrofe do medo.
Quanto horror!
Quanta alusão à ilusão,
Sem, no entanto, abastecer a certeza.
Perturbações além da compreensão
Abrem-se em crendices metafísicas,
Na fiúza de possuir dons proféticos.
Um silvo melodicamente sombrio
Evade-se das tendidas asas negras.
As trevas simplesmente conspiram,
E o fantasmagórico cisne noturno
Parte determinado do pântano,
Na execução da incumbência,
Que já pertencera às Walkirias.