Supempo

Eu sou um pobre fiat 147

Ela uma ferrari envenenada,

Eu com pinta de chevette

Ela com motor de arrancada.

Eu só faço barulho e fumaça

Ela faz um ronco de arrepiar,

Eu vivo encostado nas calçadas

Ela pelas avenidas a passear.

Eu já perdi o esmalte e a cor

Ela anda polida e brilhando,

Tenho ferrugem até no capô

Ela anda impecável e cheirando.

Ele pode até estar velhinho

Eu não ligo para padrões de beleza,

Ele tem o seu próprio jeitinho

Eu a sonhar com tamanha proeza.

Ele é simples e isso me encanta

Eu passo por ele querendo parar,

Ele não sabe ou bem me engana

Arrodeio o quarteirão só para ele olhar.

Ele ainda acaba comigo

Eu não paro de imaginar,

Ele na minha garagem sorrindo

Eu só olhando e a suspirar.

Somos máquinas do nosso tempo

Eu já tive os meus dias de fera,

Este nosso encontro foi supempo

Mas hoje quem brilha mesmo é ela.

Sigam_meosbonss e Sérgio Batista
Enviado por Sigam_meosbonss em 29/11/2017
Código do texto: T6185383
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