Amizade Mortal

Ah, Morte

Essa tua amizade não me faz tão bem

As sequelas são uma confusão intermitente

Que não sei se te prefiro longe ou perto

Ah, Dama do Coração Negro

Tua presença maculada de pessimismo me fascina

E foi tua própria mente já nada esperançosa que me invocou

Mesmo que me abomines, admita que nos trazemos consolo mútuo

Quem és tu para mendigar consolo?

Já não basta o sadismo diário

Agora queres bancar a hipócrita

E pedir que te salvem?

Em meu beijo frio há mais que sadismo

Há um mistério que te atrai para além da mediocridade

Meu carinho é incondicional, mas seu preço é cruel

E estou ciente há milênios que estou muito além de salvação ou bondade

Nunca procurei por teus beijos

De fato és fria e teus carinhos, incapazes de aquecer

Meu engano está em acreditar que, por me rodeares,

De alguma forma me queres e te importas comigo

Talvez nas obtusas fronteiras de nosso laço não caiba empatia

Mas, se te desgostasse, já estarias caída no chão, sem vida

Continua entretendo-me com teus enigmas

E talvez possas contemplar o nascer do sol por mais um dia

Desculpe, Morte

Mas tudo que podes fazer com minha vida é tirá-la de mim

E não farei de meus dias meras distrações

Para alguém que jamais entenderá a beleza do nascer do sol

E este já não me interessa mais

Estou pronta para partir, mas já não tenho medo de ficar

Poderíamos ter sido amigas

Mas usaste as sementes erradas

E tudo que tens a colher de mim é indiferença

Ingênua Dama do Coração Negro

O que sabes sobre o verdadeiro partir são meras conjecturas

Não posso te surpreender

Sou feita de negro, não conheço o branco

E estou certa que não saberia lidar com os tons de cinza

Você me fascinou em seu mundo, admito

Mas sua arrogância mortal me cansou

E quero agora descobrir o que pensarás do meu

Dancker e Louise
Enviado por Dancker em 06/03/2016
Reeditado em 06/03/2016
Código do texto: T5565541
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