André Anlub e Rogério Camargo 31

Cavei no fundo da alma para tentar achar aquela paz esquecida.

Cavei com as unhas cansadas já de procurar na carne exausta a alegria que um dia encantou-se com a melancolia.

Encontrei sonhos antigos, sons que eu gostava, leituras empoeiradas, luas vazias e sóis apagados,

Recostei-me na montanha do desconsolo, olhando longamente o que desfilava lentamente

E ponderei: já foi feito o bastante, o possível... cumpri minha missão ou haverá novas batalhas?

As unhas quebradas me responderam que aquela muito era já uma nova batalha. Ergui então o torso curvado, não me senti ultrajado, arregacei as mangas, chupei umas mangas e encarei meu fardo.

Dele me veio a certeza de que não preciso ter certeza. Dele me veio a força de que só preciso ter força.

Então levantei do banquinho do pessimismo, sugeri que a forca da depressão fosse pular corda, pisquei um olho para o abismo e fui ao próximo capítulo – onde encontrei a mim mesmo, sempre a mim mesmo, nada mais que a mim mesmo.

Rogério Camargo e André Anlub

(11/1/15)

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