André Anlub e Rogério Camargo 23

Lá na velha praça, os bancos de madeira têm histórias pra contar.

A paciência e a distensão que neles acomodarem o sonho têm histórias para ouvir.

Houve um velho sábio que jogava milho aos pombos, sorria muito e era viciado em ler.

Houve uma babá que levava um bebê e um beabá para ensinar-lhe sobre pássaros e árvores.

A monotonia, com sua quase lobotomia, mesmo com insistência, nunca fez residência por lá.

Nem os vagabundos fizeram residência por lá: sempre havia uma ocupação para o olhar de todos os vagabundos.

Houve um velho e belo lago que quase secou, mas hoje é casa de centenas de caranguejos e sapos

Convivendo com modorrentas tartarugas que a meninada sempre quer para si e os pais sempre explicam por que não é possível.

Sempre passa um lixeiro para catar as folhas com sua vassoura de ponta de prego... mas as folhas odeiam ser catadas

E sempre há mais e sempre há mais, em seu grito de liberdade. A ponta de prego também fisgou uma carta de amor, uma vez.

A carta falava eu amo você e você era a praça, com todas as suas coisas e todas as coisas suas.

Rogério Camargo e André Anlub

(3/1/15)

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