Um passo dado: uma lágrima vencida
Um ambiente sem gritos
Ando numa escuridão
Com lampejos de brilho, como de vidro
Estou com uma agonia que não sai
Busco paz
Sei de minhas dores
Estou dentro de um fogo
Formado de ódio alheio
Um verde quase preto
É a escuridão de minha essência
Um abismo negro e profundo
Está agora a meus pés
Agonizante momento
Que se eterniza em meu pensamento
Sou toda tristeza, dor e lamento
Risco no chão uns versos tortos
Mas as chamas os consomem
Nem a poesia quer ser minha companhia
Sinto-me só, sem paz nem alegria
Há uma estrada atrás de mim
Mas não me volto para olhá-la
Apenas pressinto que, se seguir por ela
Não terei mais a chance de me encontrar
Toda minha vida é esse eterno meditar
Nunca sei ao certo que caminho escolher
Se ao abismo me lançar
Ou pela estrada da perdição seguir
As labaredas crescem à minha volta
O calor é infernal, parece que irei derreter
Em meio às chamas avisto alguém
Que me estende a mão e me chama
Reconheço meu amigo sombrio
Aquela ave feita de versos
Que sempre me auxilia
Em meus momentos de agonia
Então pego em sua mão
E juntos nos lançamos ao abismo
Fugindo do fogo da amargura
Avistamos, voando em nossa direção
Enquanto caímos, de mãos dadas
Um pássaro gigantesco
Que nos salva da terrível queda
Levando-nos agora em suas costas
Essa é a ave da esperança
Com suas penas coloridas e belas
Dando-nos mais uma chance de viver
E aliviando nosso agonizante sofrer...
FRANCIS E CISNE NEGRO