Mal secreto-Raimundo Correia e Enigmas-Giovânia Correia

Mal secreto

Raimundo Correia

Se a cólera que espuma, a dor que mora

N’alma, e destrói cada ilusão que nasce,

Tudo o que punge, tudo o que devora

O coração, no rosto se estampasse;

Se se pudesse o espírito que chora

Ver através da máscara da face,

Quanta gente, talvez, que inveja agora

Nos causa, então piedade nos causasse!

Quanta gente que ri, talvez, consigo

Guarda um atroz, recôndito inimigo,

Como invisível chaga cancerosa!

Quanta gente que ri, talvez existe,

Cuja a ventura única consiste

Em parecer aos outros venturosa!

Enigmas

Giovânia Correia

Tristeza pungente em meu ser.

Tenta muitas vezes me dilacerar.

Porém tento sempre esconder.

Pois não posso assim me entregar.

E algumas máscaras vou usando.

A cada dia que se apresenta.

Entre correntezas vou remando.

Pois a agrura me fragmenta.

Sim poeta,meu riso é camuflado.

Guardo em si,o não declarado.

Assim escondido,bem quietinho.

Mostro uma face não existente.

Desventura está sempre presente.

Para parecer feliz, dou um jeitinho.

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Raimundo Correia:

Juntamente com Olavo Bilac e Alberto de Oliveira formava a Tríade Parnasiana.

Advogado e escritor, Raimundo da Mota de Azevedo Correia nasceu no Maranhão em 13 de maio de 1859 e morreu em 13 de setembro de 1911, em Paris.

Começou sua carreira como escritor romântico com seu livro Primeiros Sonhos e recebeu influência de grandes escritores românticos como Gonçalves Dias, Castro Alves, Fagundes Varela e Casimiro de Abreu.

Foi um escritor que pertenceu ao estilo de época chamado Parnasianismo, mas somente a partir do livro Sinfonias é que o poeta se assume realmente parnasiano. Como curiosidade, este livro tem prefácio de Machado de Assis.

Características de sua obras

Exaltação à natureza

Perfeição formal

Cultura clássica

Pessimismo

Desilusão

Obs: esta visão pessimista do mundo deu às suas obras um certo tom filosófico.

Seus versos exaltando à natureza são muito belos:

“Raia sangüínea e fresca a madrugada” (As Pombas)

OU

“Esbraseia o Ocidente na agonia

O sol…Aves em bandos destacados,

Por céus de oiro e de púrpura raiados,

Fogem… Fecha-se a pálpebra do dia…” (Anoitecer)

AS POMBAS

Vai-se a primeira pomba despertada…

Vai-se outra mais… mais outra… enfim dezenas

De pombas vão-se dos pombais, apenas

Raia sangüínea e fresca a madrugada…

E à tarde, quando a rígida nortada

Sopra, aos pombais de novo elas, serenas,

Ruflando as asas, sacudindo as penas,

Voltam todas em bando e em revoada…

Também dos corações onde abotoam

Os sonhos, um por um, céleres voam,

Como voam as pombas dos pombais;

No azul da adolescência as asas soltam,

Fogem… Mas aos pombais as pombas voltam,

E eles aos corações não voltam mais…

Obras

Primeiros Sonhos (1879)

Sinfonias (1883)

Versos e Versões (1887)

Aleluias (1891)

Poesias (1898)

Poemas Famosos

Plenilúnio

Banzo

A Cavalgada

Plena Nudez

As Pombas

Raimundo Correia também foi sócio fundador da Academia Brasileira de Letras.

Fonte:http://www.infoescola.com/escritores/raimundo-correia/

Giovânia Correia e Raimundo Correia
Enviado por Giovânia Correia em 20/08/2013
Reeditado em 20/08/2013
Código do texto: T4443298
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