AMOR EM ESTAÇÕES
(Ana Joaquina e Mario Roberto Guimarães)

Percorri um jardim repleto de flores,
Com o toque primaveril, fonte do desejo,
Aspirando seu perfume no caminho,
Trilhado a pouco e pouco, em pura paz,
Cerquei-me de insensatos amores,
Surgidos como que num mágico lampejo,
Machuquei meu coração nos espinhos,
Desilusões que se aprofundam mais e mais...

Idílios iniciados na primavera,
Embalados pelo trinar da passarada,
Efêmeros romances de verão,
Que passam com a pressa do vento,
Se eternos fossem, quem dera,
Dar-me-iam a calma tão sonhada,
Libertariam da dor meu coração,
Tomando de um estranho sentimento...

Cores quentes, vibrantes,
Qual forjadas por mágica aquarela,
A pintar minha vida de ilusão,
Criando um mundo de sonho sem igual,
Tantas fantasias delirantes,
Fazendo parecer a vida bela,
A tecer as malhas da sedução,
Eu nunca imaginei encanto tal...

Ao final restou apenas o inverno,
A gelar-me a alma por inteiro,
Tempestade que assola minha vida,
Num misto de dor e agonia...
No outono vivi um inferno,
Sofrimento insano e derradeiro,
Chorando a dor da despedida,
Que me torna amargurada a poesia.

Este dueto tem versos alternados, sendo os ímpares de Ana e os pares de Mario.