Ecos - Carmem Regina e Sônia

Soneto 11

Ó vós, que me entregais pura essência,
cujos olhos não percebem as impurezas
que se dissimulam no abismo profundo
e incandescente das minhas correntezas...!

Lanço-me a vossos pés, rogo, suplico,
imploro, ó! não repousai vosso manso
olhar sobre nódoas e manchas de barro
impregnadas nas vestes de humanidade.

Sou vossa, enquanto houverem palavras
enquanto a poesia se fizer alma exaltada,
e, de mim restar apenas ela,mais nada.

Ó alma da natureza, me dei, sou vossa,
vestida de paixão, em orgulho e vaidade,
dei-me a vós e,agora, morro de saudade...
Carmen Regina Dias

Eco 11

Acalma o coração aflito e não te enganes
O olhar que tudo vê não te condena...ilumina!
Nada é fortuito em teu abismo, ele é finito
E cuido das correntezas; crescimento é tua sina.

Acatada vai tua súplica, mas levanta,
Deixa estes pés e te abriga nos meus braços
Que as manchas de barro foram marcas que entreguei
E as vestes de humanidade, necessidade...primeiros passos..

És minha desde sempre, ainda que não soubesses
E tua poesia levará meu brilho à outras caminhadas.
Tua luta e teu louvor também compõem tua humanidade.

Oh alma de minha alma, não te detenhas por nada;
Deixadas paixões, vaidades pisadas no barro das estradas,
Virás e dirás ainda: dei-me a vós e de nada tenho saudade.
Sônia Prazeres