Deserto 

E esta febre que não passa..
olho lá fora, a noite escureceu a vidraça;
quem me dará o milagroso remédio
que me curará a dor e o tédio ?

Ah essa garganta ainda me mata...
Doem os nós, aqueles que ninguém desata..
E a febre... esta que arde...queima,
me sinto o chão do Saara..

Resta calor e poema
Da garganta os nós empedernidos
Insistem proseando nesse tema
Noite profana na vidraça escurecida

Avilta, traz sede e delírio
E água é poço de miragem... é martírio.
O remédio se perde, escondido
nas encostas...nas costas...no passsado

No grito calado, no futuro ocasional
Ardor que nem aquece, nem repara
E o presente? A febre que não saara?
40 graus de ardência em meu quintal.

Carmem Regina Dias e Sônia Prazeres