AUTORRETRATO 2

AUTO-RETRATO

Eu não vou tecer nenhuma consideração sobre a vida

Afinal quem tece é aranha,

Com suas patinhas peludas.

Às vezes acabo escrevendo o que sinto

Mas não sou poeta de ninguém.

Nem rimas sabem fazer.

Não quero ser motivo de interpretação

Quero falar palavrão.

Rir de montão.

Sinto-me palhaço

Sinto-me Erê descalço

Não quero estudar interpretação.

Ator, atriz, casa e descasa

E vida nem mais dele ou dela

Ou será aquela?

Não é a minha área,

Não é minha praia

Só sei sentir,

Não sei tecer

Não sei rimar

Não sei alegrar

Nem interpretar

Apenas sei sentir

E como sinto!

Vejo olhinhos brilhantes

Pelos macios

Pelos embromados

Sorrisos no rabo

Sem fala na cara

Nunca mente.

Se gostar, gosta

Se não gosta te mordo.

Essa é a minha vida

É latido

É miado

Ronronado

E abano de rabo.

E entre outro fico perdido

Não sei rir por interesse

Quando gosto, gosto de fato

Gostaria ser político

Gostaria de ser poeta

Artista

Ator

Bailarino

Astronauta

Tudo queria ser

E manipular como sou manipulado

E nem resumo do meu eu

Sou um blefe que deu certo.

Arrisco nas áreas.

Truco a vida

Coloco mascara

E mesmo tendo pesadelos sei que tudo não passou de um sonho

André Zanarella 22/07/2008

Sonhas acordado

todo tempo, tempo todo

és aranha

enrolada em própria teia

és sentimentos misturados

muitas vezes apagados

noites congeladas

entre miados

embora mimado

seja ora de deixar ser amado

seguir em frente

como gente

não importa

o poeta, o ator

a vida é seu palco

e somente dela

se faz você não ser

mero coadjuvante.

Viva!

Henrique Cunha 22/07/2008