PARA FALAR BEM EM PÚBLICO ( Texto-roteiro para apresentação durante o II Congresso Sergipano de Ciências Jurídicas, realização da Revista Educação Superior Nordeste e Associação Aracajuana de Ensino e Pesquisa)
Para fazer qualquer coisa com qualidade um conjunto de inúmeros itens precisa ser considerado. Cada pessoa ou profissional solicitado a opinar terá direito a se manifestar e essa manifestação estará diretamente ligada ao seu mundo e à sua vivência particular ou coletiva. Naturalmente, há muitas respostas e todas têm sua importância e efeito. O mal dessa história é alguém fazer da opinião alheia uma espécie de cadeia, uma bandeira ou uma verdade absoluta.
A minha opinião particular é a de que a saúde física, espiritual, emocional e mental é indispensável para o desempenho de qualidade de cada um de nós. Alguém poderá se colocar contra este pensamento, apresentando casos de indivíduos portadores de moléstias e que conseguem impor nível satisfatório às suas atividades. Entretanto, não é exatamente a isto que este texto se refere. Imagine, por exemplo, pessoas que estejam padecendo de fortes dores de cabeça ou de dentes; vitimados por viroses ou pela dengue; portadores de depressão crônica ou síndrome do pânico; acometidos por crises asmáticas ou tantas outras doenças. Agora, pergunte-se: É possível alguém assim falar bem em público?
Mais umas perguntas: É possível falar bem em público se alguém está com a prótese dentária frouxa? Com a garganta totalmente inflamada? Tossindo sem parar? Com dor de ouvido? Preocupado com um familiar passando mal em uma UTI ?
Seria possível, por exemplo, ministrar uma aula sobre o Código Penal sem absolutamente conhecê-lo? Sobre os filósofos gregos sem nunca haver lido algo sobre eles? Seria possível proferir uma conferência sobre a Segunda Guerra Mundial sem jamais haver lido ou visto alguma coisa sobre tal evento?
Alguém que só comete crimes e atos antiéticos e amorais está preparado para discursar sobre bondade, humanidade, ética e moral? Poderia qualquer pessoa em visível estado de desequilíbrio emocional convencer o outro da necessidade da temperança, da calma, da paz?Dificilmente será possível responder SIM a tais perguntas. Então, realmente precisamos de vida saudável, de inteligência e informação, conhecimento de causa.
Além do conhecimento da área onde está situado, o profissional, seja um pedreiro ou um médico, um advogado ou um professor, necessita dominar parte satisfatória do seu campo de ação, além de cultivá-lo a vida inteira, como naquele dito popular: “Camões vivendo, Camões aprendendo”. Deverá o profissional estar ciente, convicto de suas limitações, de sua imperfeição humana, e aceitar aprender com os colegas, discípulos e outros.
Há, ainda, algo muito específico a se dizer sobre a figura social que o profissional transmite, especialmente quando se propõe a situações de exposição pública a exemplo de palestras e conferências. Um pequeno exemplo basta: Não é possível um padre celebrar missa vestido com o uniforme de um jogador de futebol, como o contrário também não acontece. Aqui cabe muito bem mais um dito popular: “O hábito é que faz o monge”.
Hoje, em plena era das novas tecnologias e seus desesperados avanços _ e mais com a supervalorização da imagem e do som _, quem fala em público passa por um duro test-drive. As exigências são cada vez maiores. Exagerando um pouco, talvez, aproveitaríamos as palavras de Vinícius de Morais que tão docemente soube e teve a coragem de dizer: “Os muito feios que me desculpem, mas beleza é fundamental”.
A famosa beleza interior, a saúde, a inteligência, o conhecimento, a paz de espírito e o domínio do emocional são indispensáveis para compor um belo quadro e se falar bem em público. Não esqueça também de detalhes importantíssimos, como a elegância, o tom de voz, o comedimento com as palavras, o bom gosto, o andar, o olhar. De certa forma, quem fala em público deve ter alguma coisa de hipnotizador, mas que mantenha a sua platéia atenta, vibrante, participativa, acordada e interagindo de forma inteligente e bem humorada.