Com açúcar, sem afeto e a verdadeira opressão.
O machismo é um problema estrutural, o que significa que está em todos os lugares, nas instituições, nos relacionamentos, no inconsciente coletivo e individual, nas nossas atitudes, enfim... as músicas do Chico Buarque sempre tiveram a função de denunciar, entre outras tantas opressões, o machismo.
Ele está sendo coerente, como sempre foi, em escolher não mais cantar " Com açúcar, com afeto", já que está escutando as vítimas do machismo. E é isso o que devemos fazer: escutar profundamente quem sofre a opressão e nos tornarmos conscientes e mudar nosso comportamento. Porém, existem coisas a serem consideradas:
-Chico escreveu a música a pedido da Nara Leão, que também combatia as opressões.
-Naquele momento o contexto era brutalmente machista e quase não mudou. Só o questionamos mais.
-A música é cantada em primeira pessoa do singular. O que significa que é o eu-lirico de uma mulher, que denuncia o que sofre, reclama de sua submissão e acaba se submetendo ainda mais por que é assim mesmo que é a vida de quase todas as mulheres, já que todas estamos sob a opressão machista.
Qualquer poeta pode criar poesia na voz de uma pessoa de outro sexo, outra cor, outra condição. Por que poesia é isso. É colocar a voz de outras pessoas no texto. E nisso ele é genial.
Essa música NÃO é machista.
Machista é a sociedade como um todo.
Chico denuncia com o eu-lirico em primeira pessoa do singular, uma mulher, a nossa realidade.
Ele ter feito a escolha por não mais cantar foi um ato político de respeito às mulheres que se sentiram assim agredidas.
Mas vou denunciar aqui uma música machista de verdade. São músicas que veem a mulher como carne a ser consumida. E não me vem com essa que devem ser valorizadas por que vêm de comunidade. Por que a comunidade sabe fazer música muito boa. São sim.muutas misóginas. A mulher é comparada a tudo que existe de depreciativo no mundo nessas músicas.
#SalveChicoBuarque.
Detenham-se a entender o que é machismo e misoginia e parem de falar asneiras.