O NOME NA CAPA (palestra pronunciada na Biblioteca Pública Epiphânio Dórea, quando da realização da II Feira do Livro_Nossa Escola e Academia Sergipana de Letras)

No contexto do mundo letrado, entre os indivíduos que utilizam as variantes padrão/oficial e a popular da linguagem, há um desejo pairando no ar. Pode-se até afirmar, grosso modo, que cerca de 90% desses indivíduos desejam ver seus nomes estampados em uma sugestiva capa de livro. A imaginação cria muitas cenas: noite de autógrafos, entrevistas em canais de TV, livros espalhados pelos stands das livrarias, livros se transformando em filmes e em mini-séries televisivas; sucesso no país e no exterior e, até Prêmio Nobel. Além da fama e do dinheiro, tornar-se um best-seller.

Há uma frase da sabedoria popular que afirma dever o homem realizar as três mais importantes coisas da vida: plantar uma árvore, ter um filho e escrever um livro.Ao que parece, o que está ganhando nesta história é ter um filho ,vez que as matas estão sendo dizimadas e leitura, mãe da escrita, precisa de muitas campanhas e eventos para ser ressuscitada.

Sonhar com o nome na capa de um livro é tão ou quase tão glamuroso quanto se sonhou ter o nome nos filmes da áurea época hollywoodiana. E como hoje se sonha ser artista, modelo. Este encanto, este fascínio é de difícil explicação. De qualquer forma, trata-se de uma maneira de sair do anonimato, marcar presença e, de como se diz entre os jovens, aparecer. A magia é tanta que, por qualquer motivo, logo se pensa em lançar um livro, considerando-se todos os temas válidos. Portanto, livro não é mais o mistério e a complicação que já foi. Eram inúmeros os critérios para que alguém fosse considerado escritor. Hoje há muita facilidade, coisa que incomoda aos mais exigentes com o que consideram ser cultura.

A modernidade traz situações as mais surpreendentes e, é bem mais fácil uma modelo fazer sucesso e se tornar uma best-seller lançando um livro do que o mais importante pesquisador do planeta. Um livro de auto-ajuda estar entre os mais vendidos da lista das mais importantes revistas, do que um estudo sobre a obra de Sílvio Romero.

Pesquisadores, cientistas, historiadores, beletristas sofrem muito com tais situações. Para se fazer pesquisa, história e arte com as palavras investe-se tempo e dinheiro e não se tem retorno. Sem o retorno não se pode produzir mais conhecimento.

Mas, devemos avançar com as transformações de valores e pensamentos, para nos ajustarmos ao tsunâmi da revolução da nossa era, desta era bonita que não pertence apenas às crianças e aos adolescentes, mas também a cada um de nós, seja qual for a idade, pois aqui estamos, vivendo e participando.

Mas, quem sabe, vocês agora me perguntem: E o que tem o livro virtual com tudo isto?

Estamos falando de mudança, de transformação e temos que incluir mais duas palavras obrigatórias em qualquer discurso atual: comunicação e globalização. Mesmo que não compreendamos exatamente o que significam, temos de usar determinadas palavras para que nos considerem em alta conta: transformação, tecnologia, comunicação e globalização.

A transformação e a tecnologia mudaram a face do livro. Temos uma outra realidade no mundo da comunicação globalizada.

A nova face do livro se chama e-livro (livro virtual ou livro digital). O mundo está repleto de e-livros, uma democratização da leitura e da escrita jamais imaginada. Escrevendo oficialmente bem ou mal, o livro tornou-se, no bom sentido, algo lúdico e fascinante – quase um brinquedo.

Os mares da Internet espalham o e-livro na poderosa www. Há milhares e milhares de sites de Literatura em cada ponto da Terra. Autores os mais renomados, sejam vivos ou não, encontram-se na imensidão da Internet. Os sites abrem generosa e democraticamente os braços e os espaços para qualquer pessoa que escreva o que escrever. O gosto e o mercado são os maiores critérios selecionadores de obras e autores, e todos se ajustam e são felizes vendo realizado o seu desejo: o nome na capa. Jorge Luís Borges, Gabriel Garcia Marques, Saramago, Mário Quintana, Machado de Assis, Zé Tumbica e Tânia Meneses, lá estão, irmanados nas letras e nas bem e mal traçadas linhas dos amantes das palavras.

O e-livro socializa o conhecimento, esta é a tese de Luiz Antônio Marchusi, da Universidade Federal de Pernambuco. Em sua conferência pronunciada na 50ª Reunião do Gel – Grupo dos Estudos Lingüísticos do Estado de São Paulo, USP, São Paulo (23 a 25 de maio de 2002).

Luiz Marchusi afirmou que o seu estudo “analisa as características de gêneros literários emergentes nessa nova tecnologia digital. Não são muitos os gêneros emergentes nessa nova tecnologia, nem totalmente inéditos. Contudo, sequer se consolidaram e já provocam polêmicas quanto à natureza e proporção de seu impacto na linguagem e na vida social. Isso porque o ambiente virtual é extremamente versátil e hoje compete, em importância, nas atividades comemorativas, ao lado do papel e do som”.

O fascínio do e-livro é, principalmente, o de reunir texto, som, imagem, além de estar na tela do micro, e facilmente acessado – unindo, assim, tecnologia e conteúdo de maneira prática, atrativa e contagiante.

Algumas fontes consultadas na Internet para a elaboração deste texto apontam as parcerias (e-livro partners). São clientes do e-livro: CEPEL (Centro de Pesquisa de Energia Elétrica); Ministério da Ciência e da Tecnologia; Ministério da Educação; Pontifícia Universidade Católica do Paraná; Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro; Programa Nacional de DST e AIDS – Ministério da Saúde; Secretaria de Estado da Educação de São Paulo/Brasil; Secretaria de Estado do Rio Grande do Sul; Universidade de Brasília (UNB); Universidade de São Paulo (USP); Universidade Federal de Santa Catarina.

São associados tecnológicos: Organizações dos Estados Americanos (OEA), Organização de Estados Iberamericanos para a Educação e Cultura, Universidad de Extremadura, España, Linex; Universidad Tecnológica de Argentina, Regional Santa Fé, e outros.

Entre as parcerias mundiais com editoras, estão licenciadas: Byron Hoyt, McGraw-Hill’s Primis Custom Publishing, Octavo. São mais de 155 bibliotecas em todo o mundo: Yale University Library, Princeton University Library, University of Southern California Libraries, University of Malaya Library.

A importância do chamado “letramento digital” é aproximar texto-sociedade-texto. São vários os estudiosos do fenômeno e-. Entre outros, podemos incluir os nomes de Orlikowski (1992), Erickson (1997), Eva Johnson (1997), Katie Hafner e Mathew Lyon (1996), Patrícia Wallace (1999) e Crystal (2001), Crystal ressalta o uso do prefixo e- como a “expressão do ano em 1998”, a exemplo de e-mail, e-book, e-therapy, e-manager, e-business. Em menor escala surgem os termos “eletrônicos”, “digital”, “virtual”. Para os estudiosos, o uso dos termos e do prefixo tem caráter histórico, representam um momento cultural histórico.

Qualquer um de nós pode ser um e-reader e/ou um e-writer. O http://site.ebrary.com/lib/elivro/agregalivros à sua estante virtual (ebraryReader), faz busca de texto completo e de lista de títulos, organiza sua estante de biblioteca personalizada com mais de 40.000 livros disponíveis. É só criar uma conta pessoal.

As editoras valorizam o e-livro porque pode ser produzido com baixos custos. Existe a possibilidade também de você lançar gratuitamente o seu e-livro.

Alguém pode perguntar: como vendo o meu e-livro? O seu e-livro mora numa vitrine visitada por milhões de internautas, inclusive editoras que “caçam” escritores como “olheiros” caçam moças e rapazes para as passarelas da moda.

Fontes eletrônicas consultadas

http://www.e-livro.com/partners/index.asp.

http://www.e-livro.com

http://www.cultvox.uol.com.br/faq.asp.

http://www.e-livro.com/empresa/press/asp.

http://www.octavo.com/editioas/index.html.

http://www.infonet.com.br/direitoepoesia/silvioromero/textopoeticos.asp.