AUTISMO EM MINHA VIDA

Sem um alinhamento de rumo a seguir mas com grandes potenciais, este é um entendimento do autismo em minha vida.

O autismo desde leve, moderado, grave ou gravíssimo, sempre me chamou muito a atenção, observando, estudando, analisando e convivendo diariamente, me apaixonei por este transtorno, pois faz parte de meu cotidiano.

Sim, professora, sim mãe, sim autista.

Sabe quando eu observava que não conseguia ser igual aos outros, odiava estar com pessoas, odiava abraços, e carinho, me sentia diferente, de outro mundo.

Observei minha infância inteira os amigos, colegas e conhecidos, para imitar: como sentar, como por os braços, como agir, que hora falar, como eles comem, mas ao mesmo tempo queria a minha liberdade de poder falar as coisas do meu jeito e sem rirem de mim.

Sabe a infância inteira apanhava porque não era um padrão, filha de professora, não consegui nunca ser um exemplo, mas não deixava de ser inteligente, ter meus objetivos.

Quando me falaram seu filho é autista, eu pensei, não eu não vou tratar ele diferente, porque ele é igual a mim, não gosto de pessoas, não gosto de nada que as pessoas fazem, mas sim daquilo que eu me sinto bem, assim: paz, lugar quieto, barulho de água, e mais e mais paz.

Mas lógico que não foi fácil para mim, crescer sem diagnóstico, sempre como a desinteressada, desligada e pouca vontade, reprovei 3 anos seguidos na mesma turma, e nunca na minha época fizeram diagnóstico nenhum, a não ser usar óculos, problemas de ouvido e sempre apanhando por falta de atenção, e estragar todos os materiais, e não cuidar de nada.

Sempre como qualquer autista sigo uma rotina, não consigo comer sem escovar os dentes, não consigo ficar acordada a noite, não gosto de músicas e nem de assistir, mas gosto mesmo de ficar quietinha, e pensar, colocar os pensamentos em dia.

Mas para as pessoas isso não é normal, alguém sempre abaixar o som, desligar e querer paz.

Mas como eu me conheço, e nunca precisei de ninguém para saber o que eu tinha, fiz psicopedagogia, estou fazendo pós em AEE e educação especial, e tudo para me auxiliar e auxiliar o meu filho.

O autismo me isola do mundo, porque tenho medo das pessoas, nunca sei como agir, e acredito que seja isso que faz meu filho ficar só no quarto e sair só as vezes para comer e falar mãe te amo.

No inicio de minha vida queria pelo menos ser aceita pelos meus pais, mas nunca fui, porque os exemplo de filha que queriam que eu fosse eu não consegui. Sempre a diferente, sempre, agora, sou professora, mestre em ciências da educação, mas nem por isso me sinto igual aos outros. Sou sim mãe, avó, esposa e autista leve. Estudei, mas estudei muito para estar aonde estou, trabalho com tecnologias, quero acreditar que um dia existira um remédio além da fluoxetina que tomo diariamente que fará a pessoa se sentir menos diferente das outras.

Mas sabe que na verdade o diferente é melhor em muitas situações, não estou naquele lugar e nunca estarei aonde acontecem as confusões, nunca me viram e nunca me verão por ai sem um porque, isso ocorre porque autista vive um proposito, e meu proposito na vida é ajudar as pessoas.

Minhas filhas me cobram a falta de carinho, de abraços e como foram criadas, que nunca fui em uma festa, em uma formatura, em um aniversário, mas agora elas já entendem que eu sou assim, e me sinto bem desta forma.